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O Alimento da Mente

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Em cada ano, por três momentos, Mercúrio, o planeta da comunicação e da mente concreta, entre tantas outras coisas, parece andar para trás, naquilo que chamamos de movimento Retrógrado. Este é um movimento virtual que advém da interacção entre o movimento do planeta Mercúrio à volta do Sol com o nosso próprio movimento em torno do astro-Rei, criando uma ilusão de óptica que, de forma simbólica, projecta sobre nós uma fantástica e profunda energia.

Neste dia 5 de Março, pelas 18:18 (hora de Lisboa, UT), Mercúrio entrou no seu primeiro movimento retrógrado deste ano (onde irá ficar durante três semanas, até ao dia 28) e, bem antes disso acontecer, como já é habitual, por todas as redes sociais, o planeta, provavelmente um dos que tem as “costas mais largas” da Astrologia, já se tornou culpado duma série de coisas. Sim, Mercúrio está novamente retrógrado, mas não, não é o fim do mundo nem sequer o maior mal que nos poderia acontecer, como muitos gostam de apregoar.

Mercúrio é o planeta que fica mais frequentemente em movimento retrógrado, por uma razão muito simples e importante, a de que ele é o representante da nossa mente concreta, do seu funcionamento e de como ela se manifesta através da comunicação. Ele é o primeiro planeta depois do Sol, e se o nosso astro maior é o representante simbólico da dimensão do Espírito, Mercúrio é o seu manifestador, trazido através da mente consciente, concreta e directa, capaz de expressar a imensa natureza do Todo que existe em cada um de nós através da comunicação, seja ela como for, tornando o ser humano num representante do divino na Terra. A mente é a primeira expressão da consciência, a forma como ela se dimensiona e se percepciona e, por isso, ela exige cuidados e um foco muito especial.

Após cada três meses, Mercúrio fica retrógrado, pedindo-nos para, depois dum período de movimento, de acção, de utilização da nossa mente, possamos fazer algum tipo de reflexão, de foco interior. Assim como a terra, após uma utilização, necessita de pousio, de forma a poder recuperar as suas capacidades férteis, também a nossa mente, após um período de intensidade de utilização, precisa de algum recolhimento, de algum descanso, para poder continuar a ser criativa e criadora, para poder ser o ponto de manifestação do nosso ser.

No entanto, nos tempos que vivemos, esse momento de descanso da mente torna-se difícil de ser encontrado, pois o ritmo em que nos encontramos, sempre exigente de mais, sempre absorvente de recursos, o que leva a que estes momentos de Mercúrio Retrógrado tragam aquelas questões mais tradicionais, como as dificuldades de comunicação, os atrasos, os problemas e atropelos, as avarias ou as perdas de informação, que acontecem porque não nos permitimos ouvir o nosso corpo, o nosso coração e, acima de tudo, a nossa própria mente, levando-nos a alguns limites que, invariavelmente, necessitam de ser travados.

Planeta Mercúrio © NASA - https://solarsystem.nasa.gov/planets/mercury/overview/

Mercúrio entrou no seu movimento retrógrado no signo de Peixes, onde ele não se sente, por natureza, muito confortável, o que lhe exige uma atitude diferente, uma postura menos convencional. Mercúrio é um planeta ligado à mente, mas Peixes é a vivência da sensibilidade e da emoção, o outro espectro da própria consciência, projectada numa dimensão do espírito. Nas próximas semanas, Mercúrio, no seu movimento retrógrado, vai atravessar cerca de metade do signo de Peixes, do seu final, aos 29º38’, até aos 16º05’, onde se irá encontrar, nos últimos dias desse percurso, com Neptuno.

Neste momento, ao ficar retrógrado, Mercúrio está em conjunção com Quíron, acabado de entrar em Carneiro, e faz também sextil com Úrano, que entra em Touro novamente, e em definitivo durante os próximos 7 anos, no dia 6 de Março, dia também em que viveremos uma Lua Nova, também no signo de Peixes. Esta dimensão energética, poderosa e intensa, impele-nos para o desafio que estas próximas semanas nos traz, um mergulhar profundo, cheio de perigos, mas também repleto de tesouros a descobrir, que só poderão ser revelados com muito olhar para dentro, não duma forma racional, mas sim através de algo que, muitas vezes, é difícil para a nossa mente, o sabermo-nos colocar como observadores de nós mesmos e aprendermos a conciliar a mente e o coração.

Este é o tempo de pararmos um pouco e percebermos algo importante, a forma como alimentamos os nossos pensamentos, a nossa mente. Não pensemos nós que a mente é algo dissociado do resto do nosso ser, pois, na verdade, ela é um dos nossos corpos, aquele que mais rapidamente nos coloca em ligação ao divino, que o manifesta e o dimensiona na Terra. Por isso, esse corpo mental é muito especial e vulnerável, precisando de ser constantemente alimentado, e tal será feito sempre, de forma consciente, mas também, e maior parte das vezes, mesmo de forma inconsciente.

Apenas quando paramos e olhamos para dentro de nós é que conseguimos entender a forma como alimentamos a nossa mente, os nossos pensamentos, as nossas ideias. Da mesma forma que o nosso corpo precisa de alimento e que, consoante o alimento que lhe damos, assim o nosso corpo se desenvolve, a nossa mente muda conforme o tipo de energia que lhe colocamos. A grande questão é que o alimento da mente tem, muitas vezes, origem emocional, e, da mesma forma, a mente irá ser alimento do nosso coração, numa integração perfeita que chamamos de Consciência.

Quando alimentamos a nossa mente com amor, com afecto, com muita tolerância e dádiva, os nossos pensamentos fluem e amplificam-se, tornando-se bênçãos, flores que nos presenteiam com os seus perfumes, um verdadeiro maná para a Alma. Contudo, se os nossos pensamentos são pautados por mágoa e raiva, por comparação com os outros, por um remoer constante de frustração, de culpa, expectativa, responsabilidade e exigência extremos, eles constituem bloqueios à fluidez do nosso espírito, inquinam a água do nosso ser, contaminam o nosso corpo emocional e travam o nosso fluxo de vida, levando-nos à dor e ao sofrimento, encaminhando-nos para a doença, não só psicológica, como também emocional e até física.

Se os nossos pensamentos nos constroem, então precisamos de os dimensionar com amor, pois é isso que, mais do que nunca, nos estará a ser solicitado, até porque, no final do seu percurso de movimento retrógrado, Mercúrio irá ficar conjunto a Neptuno, elevando a nossa mente para lá do véu, levando-nos às profundezas da compreensão de nós mesmos, mostrando-nos, não por um pensamento ou por uma consciência mental, mas sim pela repercussão directa, pela experiência e pela manifestação em nós, na nossa vida e no nosso corpo.

Então, é necessário observarmo-nos, naquela atitude tão dedicada que o Mestre nos referiu, de orarmos e vigiarmos, que na verdade não se refere com algo exterior, mas sim com o nosso interior, pois, acima de tudo, o maior e mais temido inimigo que podemos enfrentar somos nós mesmos. Observarmo-nos é estarmos focados em nós, atentos a quem somos e a quem estamos a ser, e é isso que este tempo de Mercúrio Retrógrado também nos solicita. Se os nossos pensamentos nos constroem, então precisamos de os dimensionar com amor, pois é isso que, mais do que nunca, nos estará a ser solicitado, até porque, no final do seu percurso de movimento retrógrado, Mercúrio irá ficar conjunto a Neptuno, elevando a nossa mente para lá do véu, levando-nos às profundezas da compreensão de nós mesmos, mostrando-nos, não por um pensamento ou por uma consciência mental, mas sim pela repercussão directa, pela experiência e pela manifestação em nós, na nossa vida e no nosso corpo.

Nos tempos em que vivemos, com tantos conflitos, tantas tensões, não só em termos mundiais, como também nas nossas próprias vidas, a nossa mente é bombardeada constantemente com informação que nos retira do nosso centro, que nos elimina a compaixão, o amor e a dádiva, que nos amplifica o medo, a dúvida e a revolta. Nesse sentido, é preciso voltarmos a nós, na tal vigia profunda, observando-nos de fora sobre o que se passa dentro de nós mesmos, entendendo como estamos a alimentar a nossa mente, que dimensão lhe damos e como isso nos está a influenciar nas nossas vidas.

Sim, o lógico é pensarmos que todas essas notícias de guerras, conflitos e problemas, o normal das notícias que todos os dias nos chegam, necessitam de ser retiradas do nosso dia-a-dia para nosso próprio bem. O mais fácil e lógico seria, claro, afastarmo-nos de tudo isso, mas essa fuga emocional, um risco da energia de Peixes, apenas nos colocaria numa bolha cor-de-rosa de ilusão. Na verdade, precisamos de encontrar um compromisso, um ponto de equilíbrio, que só pode ser atingido quando vivemos em consciência profunda, quando percebemos que a mente é a fonte criadora de tudo o que somos aqui na Terra e que o amor é a energia que a alimenta para que essa criação seja divina, única e especial.

Neste tempo de Mercúrio Retrógrado, em vez de nos deixarmos levar pela intensidade do mundo que nos rodeia, em vez de nos influenciarmos cegamente por tudo o que nos chega, é necessário ouvirmos com os ouvidos, mas filtrarmos com o coração e com a Alma, levando essa vibração e volta à nossa mente, de forma a que ela nos possa mostrar o que existe, para lá dos véus e do que é da matéria. No fundo, o que precisamos é de aprender, de alguma forma, a reconhecer que, se nós somos um espírito, os nossos pensamentos são também divinos e que a sua expressão, seja por palavras, escrita ou arte, são sementes colocadas nos nossos corações, levadas aos corações dos que nos rodeiam, capazes de mudar o mundo, não directamente aquele que nos rodeia por completo, mas o nosso próprio mundo.

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