Não sou nenhum estudioso de astrologia chinesa e, confesso, até sei muito pouco sobre ela. Por isso, este é um artigo que, na sua maior parte, será intuído e muito pouco racionalizado, praticamente uma novidade para mim!
É curioso o fascínio que nos últimos anos tem sido demonstrado pelo zodíaco chinês, nomeadamente nos simbolismos da mudança de ano. Não me vou debruçar muito sobre os fundamentos do ano novo chinês, até porque não sei grande coisa, mas uma das coisas mais interessantes que o ano chinês tem é o facto de ser um ano lunar, o que leva a que o seu início seja sempre numa lua nova. A Lua Nova é o início de tudo, é o princípio, é a semente plantada que irá germinar e dar os seus frutos. Por alguma razão o ano novo chinês é marcado por grandes celebrações e rituais de dias e dias, para que se possa não só plantar a semente como também dar-lhe as primeiras gotas de água e os primeiros raios de luz, ajudá-la a germinar e crescer.
Ocidentalmente falando, esta Lua Nova é a de Aquário e traz com ela algumas especificidades muito interessantes, nomeadamente pelo facto da Lua estar em ligação muito positiva com Úrano, seu dispositor nesta ocasião, que está no signo de Carneiro, dando um ímpeto de energia e ruptura para um novo ciclo. Curioso (ou não), e é apenas um aparte, todas as semanas faço a minha conexão para o blog da Sopro d’Alma e a última trouxe muito esta energia de novo ciclo, quase como se houvesse uma segunda passagem de ano.
O facto também é que, desde há alguns anos que olho para os inícios de ano orientais e sempre se revela um certo paralelismo entre um oriente e ocidente. Note-se, por exemplo, que o ano que, neste momento, já se iniciou é o ano 4712, cujos algarismos somados dão 14, o mesmo 14 de 2014. Somando os algarismos de 2014 vamos obter o número 7, e 7 e 14 são dois números de fim de ciclo no Tarot, em áreas e energias diferentes. É quase como se houvesse uma espécie de oitava de diferença, e antes que se perguntem, não importa quem está à frente, não é isso que se procura, as oitavas de diferença são simplesmente clivagens espirituais que deveriam funcionar como auxílio mútuo e nunca como comparação. Pensando um pouco nisto, não é muito difícil compreender que pontos de viragem muito intensos estão a ser trazidos até nós, com energias muito fortes que necessitarão, durante todo este período que começou no nosso início de ano (e até antes) e terminará no final do ano chinês, em Fevereiro de 2015, de profundas reflexões e escolhas, com vista à transformação, à mudança e à cura.
Adiantando-me no meu raciocínio, estas mudanças estão já muito palpáveis e apenas os autómatos que ainda proliferam na superfície deste planeta resistem a ela. Recordam-se dum anúncio do AXN que decorria numa cidade onde parte do X saía do chão e à medida que tocava nas coisas inanimadas, que pareciam cerâmica, e elas tornavam-se reais? Pois bem, não há coisas a sair do chão, mas o mundo está a agitar de tal forma que há muitas pessoas a quebrarem as suas prisões e a despertarem; quase uma espécie de Matrix mas cujo despertar é muito mais belo e intenso do que a guerra das máquinas e de realidade virtual que nos é tão extraordinariamente apresentada no filme.
Voltando ao ano novo chinês, este é o ano do Cavalo, o elemento é Madeira e a cor é a Verde. O cavalo é um animal nobre, inteligente e gracioso, mas ao mesmo tempo livre. Um cavalo à solta é arisco e rápido, mas ao mesmo tempo sublime. Talvez por isso o elemento natural do signo de Cavalo seja o fogo, que lhe traz intensidade, resistência e perseverança. O ano do Cavalo terá tendência para ser um ano forte, com acontecimentos rápidos e intensos, até um pouco tumultuosos. Mas o grande objectivo é abanar estruturas, trazer ao de cima o que resta duma certa podridão que existe nas sociedades. Tudo isto será reforçado pelo facto do elemento ser Madeira, que é um elemento de combustão e que concentra em si a energia do fogo, balizando-a e transformando-a de forma a que ela possa sobreviver, prolongar-se e multiplicar-se. O Cavalo de Madeira é uma energia intensa, de persistência, que vai aguentar o impacto do que tiver de surgir. Adivinha-se por isso um ano de impactos, daqueles que vão testar e colocar-nos à prova. Não me admirarei se for um ano com alguns acontecimentos naturais fortes, tipo catástrofes, que vão servir, mais uma vez, para abrir os olhos à Humanidade que nós somos apenas uns maus inquilinos, não somos os proprietários. A energia da Mãe Terra está cada vez mais intensa, a necessitar de libertar excesso e de limpar a porcaria que se foi acumulando no curto espaço de tempo em que os humanos aqui habitam. Por isso, vamos continuar a assistir a uma auto-regulação dos níveis energéticos da Terra que, claro, afectam-nos também a nós como parte da matéria. Mas já aqui voltamos. O último ponto é o facto de que a cor deste ano ser a Verde, cor da Natureza, mas também cor ligada ao coração e à cura. Os acontecimentos deste ano, intenso e brilhante, têm um objectivo, abrir os corações e permitir a cura emocional e espiritual profunda. Não nos podemos esquecer também que, em termos ocidentais, o nosso ano é regido pelo planeta Júpiter, planeta da expansão, do poder e da fé, profundamente ligado a Sagitário, metade homem, metade cavalo.
Quando reflito neste ano que já se iniciou, o que sinto é que, se assim o soubermos aproveitar, será um ano extraordinariamente positivo. Como? Uma pequena alegoria talvez possa ajudar a compreender. Imaginemos uma fogueira à nossa frente. Se não lhe dermos atenção, ela pode apagar-se ou transformar-se num enorme incêndio. Se quisermos aquecer-nos nela e até cozinhar e alimentarmo-nos, teremos que cuidar dela, com madeira, colocando os tocos nos locais e das formas certas, com muita dedicação e amor. O mesmo vai-nos ser solicitado durante este ano, que cuidemos da nossa fogueira interior (e até que nos apercebamos que ela existe) com a madeira que simboliza tudo aquilo que já nos foi dado pelas experiências anteriores. É dessa forma que vamos poder mudar o nosso mundo.
Falei acima que estamos a viver tempos de mudança e que a Terra está a alterar os seus padrões energéticos. Pois bem, apenas um pequeno esclarecimento do meu ponto de vista, algo que, aparentemente não tem nada a ver com a temática do artigo mas que preciso de transmitir. O ser humano é a materialização de um projecto divino que permite a cada ser viver um percurso de aprendizagem que tem como fim a evolução para outras dimensões, para outros patamares. A Terra, em si mesma, é também um enorme organismo vivo, ela também em plena evolução. Por alguma razão os antigos atribuíram, nos seus sistemas espirituais/religiosos, deusas à Terra, como é o caso de Gaia, entre outras. A Terra é um centro de vida, um enorme útero que recebe a semente (ser que escolhe um propósito de vida terreno de evolução), gera-o, alimenta-o e que tem como grande objectivo a evolução desses mesmos seres. Com uma evolução colectiva, no ideal de 7 biliões de pessoas, a grelha energética que se geraria no planeta seria tão elevada, tão maravilhosa, tão forte, que faria com que todo o planeta evoluísse e fizesse aquilo que se chama de ascensão, neste caso uma ascensão muito rápida, transformando totalmente todos os seres, vivos e não vivos, e o próprio panorama terrestre. Aconteceria aquilo que, creio, outros planetas no Universo tridimensional já vivenciaram. É o nosso propósito evolutivo, enquanto seres, que nos leva à escolha pela vida terrena, num plano mais denso, como forma de trabalhar energias que noutras dimensões não são possíveis (nem sequer fariam sentido), mas que são essenciais para poder compreender e vivenviar essas mesmas outras dimensões. Da mesma forma que para aprender a tocar um instrumento musical temos, primeiro que tudo, de aprender as notas, os seus símbolos, depois a própria estrutura e dinâmicas do instrumento para, por fim, podermo-nos dedicar à sua execução.
Aparentemente nada disto tem a ver com o ano novo chinês, mas o facto é que este ano do Cavalo de Madeira é também um ano de despertar e, como tal, num âmbito em que muitos à nossa volta vão começar a olhar mais para dentro de si e a olhar o seu mundo exterior de forma diferente, esta pequena visão pode auxiliar a encaixar mais uma ou outra peça. Muitos de nós são ainda lagartas, outros já estão a construir o casulo, outros ainda já o estão a romper, mas o objectivo é que cada um de nós possa ser uma bela borboleta. Até lá, possamos também ser a pura energia do cavalo, forte, intensa, resistente, de lealdade e amizade, mas acima de tudo, livres.
Apenas para terminar, que já vai longo, resta-me dizer que durante todo o tempo de escrita deste artigo (várias horas divididas por 3 dias), esteve em mim presente uma imagem característica dos nossos tempos de infância, um cavalo de baloiço feito em madeira. Não estava a conseguir perceber (o lado racional quando insiste em funcionar demais é tramado…) o porquê de tal imagem, o que levou a que só agora, mesmo prestes a publicar o texto, consiga compreender o que esta imagem me quis sempre transmitir. Neste novo ano, entre o nosso ano ocidental e o novo ano chinês, temos de trazer até nós a nossa criança interior, a nossa essência divina, aquela que se colocava no cavalinho de madeira e começava a balançar, dando asas à imaginação e seguindo para a frente e para trás, confiando que aquele animal imaginário nos levaria a mundos mágicos e a aventuras extraordinárias, puxando aquela simples estrutura de madeira até ao seu limite, às vezes quase virando o cavalo, mas sempre com a pura sensação de liberdade interior, aquela que apenas os nossos sonhos nos podem dar!