
Hoje celebra-se o Dia Internacional da Felicidade, instituído pela ONU desde o ano passado sob a premissa de que a “busca pela felicidade é um elemento essencial do esforço humano”. Não deveria ser assim, não deveria ser preciso instituir um dia internacional para algo tão simples como a felicidade. Contudo, o problema não está na instituição de um dia, mas sim em vê-la como uma busca essencial do esforço humano.
A Felicidade não é uma procura nem sequer um destino, não é um tesouro guardado, acessível apenas para alguns, sortudos. A Felicidade, alguns podem dizer que é uma utopia, deveria ser um estilo de vida, um estado interior. Não quero dizer com isto que deveríamos estar todos a rir e a sorrir, sempre num constante frenesim. Não, nada disso, a Felicidade como estilo de vida é simplesmente o dar valor à vida, o ser grato pelas coisas mais simples que a vida nos oferece, começando pelo nosso próprio planeta, pela sua beleza, por tudo o que nos dá, todos os dias.
A gratidão é um dos mais sublimes e elevados sentimentos, que nos traz uma profunda paz interior, pois ela é o reflexo de algo tão essencial como o ar que respiramos. Se me perguntarem qual o segredo da Felicidade, responderei com toda a certeza: conhece-te a ti mesmo, ao teu percurso e encontrarás aí, sem dúvida nenhuma, motivos para seres feliz. É procurando-nos, ultrapassando os desafios pelas nossas próprias mãos, cumprindo o nosso propósito de vida, entregando-nos de corpo e alma a tudo o que nos rodeia e à nossa própria vida que podemos, realmente, encontrar a Felicidade.
Não, não significa com isto que não nos possamos sentir tristes, revoltados, que queiramos chorar ou gritar. Somos humanos! Mas assumir a Felicidade como estilo de vida é deixar todas essas coisas virem cá para fora, libertando-as, aceitando que elas fazem parte de um momento, de uma história, de um propósito, e, compreendendo-me e aceitando-me, conhecendo-me, perceber de onde tudo isso veio, porque me sinto dessa forma e, mais uma vez, ser grato. Parece estranho e até contraditório, mas não é, de todo.
Estranho e contraditório é assumir a Felicidade como uma busca que implica esforço, pois isso reflecte algo que cada um de nós, cada dia mais, precisa de analisar e ver profundamente: o que consideramos ser necessário termos na nossa vida para sermos felizes. Enquanto considerarmos que felicidade é ter um bom carro (para fazermos 3 kms por dia e mais uns poucos ao fim de semana), uma casa com não sei quantos quartos (mas que só usamos um) e uma sala gigante (onde pouco estamos) e uma cozinha (que não usamos), ter o relógio da marca de topo e outras tantas coisas que tais baseadas no material, dificilmente vamos ser felizes, pois é só a muito custo que conseguimos tais coisas. O que muitas vezes não compreendemos é que esse custo é a nossa verdadeira Felicidade. Reflicta sobre isso!