Há alguns anos encontrei o Tarot, não sei precisar como nem quando exactamente, mas sei que algo me impeliu a comprar um baralho e um livro e começar, de forma autodidacta, a estudar Tarot. Senti-me automaticamente fascinado pelo seu mundo de símbolos e os seus significados, pelas maravilhosas mensagens que começava a perceber quando mexia naqueles simples pedaços de cartão. Com o passar do tempo, os símbolos começaram a trabalhar mais fortemente no meu inconsciente e uma espécie de revelação começava a desenhar-se.
Após algum tempo de estudo, de pesquisa e de muitas tiragens, senti que tinha chegado a altura de dar um passo em frente. Foi nessa altura que apareceu-me, assim duma forma quase casual (rapidamente deixei de acreditar em coincidências) um Curso de Tarot com uma pessoa que, já na altura, seguia e admirava, a Vera Xavier. Agarrei essa oportunidade com as mãos e os pés e entreguei-me a um caminho que, sentia, era realmente o meu.
Embora já fosse com alguns conhecimentos sobre as cartas e os seus significados, abracei este curso com a humildade de quem iria ouvir algo pela primeira vez. Isso permitiu-me aproveitar o melhor de dois mundos! Por um lado, sedimentar os conhecimentos e clarificar algumas dúvidas e, por outro, fazer aquilo que, realmente, eu acredito que um curso numa área ligada ao esoterismo e ao desenvolvimento pessoal e espiritual nos permite, uma verdadeira iniciação!
Uma das primeiras coisas que explico quando dou um Curso de Tarot é que existem conhecimentos esotéricos, que contrapõem-se aos conhecimentos exotéricos. Estes últimos são conhecimentos que, hoje em dia, encontramos nos livros e na internet. São conhecimentos gerais que ajudam-nos a dar os primeiros passos. Contudo, nas áreas de desenvolvimento espiritual, o conhecimento esotérico é fulcral, pois é dele que vem a energia que vai permitir transformar o conhecimento em sabedoria, se assim quisermos. O conhecimento esotérico é uma chave que provém não só de ensinamentos que passam apenas de forma verbal como, também, são adquiridos pela experiência, contacto com os nossos guias e, acima de tudo, um trabalho profundo sobre nós mesmos.
Quando a energia de cada uma das lâminas, quando cada símbolo, começa a ser parte de nós, então abrem-se canais de conhecimento e compreensão, portais extraordinários de elevação pessoal e espiritual.
Aprender Tarot é muito mais do que apenas aprender os conceitos das cartas, fazer tiragens e adivinhar o futuro. Na realidade, aprender Tarot é iniciar uma jornada de profundo autoconhecimento e enfrentar barreiras, conhecer um outro lado de nós que precisa de ser trabalhado, vivido e sentido, é tomar consciência de que estamos a contactar com uma energia que, sim, pode ajudar outros a clarificar os seus caminhos, a encontrar soluções e respostas, mas que isso pouco ou nada serve se não formos capazes de, em cada momento, fazer um percurso pelas nossas próprias sombras, pelos nossos próprios desafios, explorar, aceitar e compreender o nosso propósito de vida!
Muitos poderão dizer que estamos apenas a falar de cartas, mas não é bem assim, nem nunca poderia ser. Quando trabalhamos com a energia do Tarot, estamos a ligar o nosso Eu a uma consciência universal, ao que Jung chamou o Inconsciente Colectivo, a uma enorme biblioteca energética que contém tudo o que é conhecido e desconhecido, toda a existência. É lá que está a fonte da energia do Tarot e é a ela que acedemos quando, de forma consciente, nos colocamos ao serviço para auxiliar quem vem ter connosco.
Por isso, um Curso de Tarot, na minha compreensão, deve-nos preparar para acedermos a essa energia. Como é que isso se faz? Não só pela aprendizagem dos conceitos, mas também com a tomada de consciência de cada carta em nós. Apenas quando nos conectamos com cada uma das 78 cartas, quando encontramos nelas uma parte de nós, estamos capazes de trabalhar de forma séria o Tarot. Esta conexão existe quando nos propomos a trabalhar em nós mesmos, nos nossos desafios e características, quando aceitamos quem somos, em todas as linhas da nossa existência e, em cada dia, nos conhecemos melhor.
Quando a energia de cada uma das lâminas, quando cada símbolo, começa a ser parte de nós, então abrem-se canais de conhecimento e compreensão, portais extraordinários de elevação pessoal e espiritual. Quebramos a barreira do Ego e entramos no Eu mais profundo. Nem sempre é fácil, pois cada um vai-se confrontar com o caminho que, nos mais diversos momentos, escolheu, com os seus fantasmas, com assuntos que estão guardados e encerrados, bloqueios e segredos. Contudo, o que se ganha é infinitamente superior às dores que vivemos.
Considero que ainda hoje aprendo Tarot, todos os dias, em todas as consultas que dou, em todas as aulas. Acredito que um Tarólogo é isso mesmo, alguém que todos os dias aprende mais e mais, em cada momento da sua vida, em cada situação, só dessa forma pode cumprir o seu propósito. Acredito que todos somos peregrinos, e um peregrino caminha, acima de tudo, em si mesmo.