
Estas últimas horas trouxeram-nos um conjunto de movimentos astrológicos fortíssimos e que, claramente, nos trazem um novo ciclo. Por isso, quis trazer um olhar sobre este momento e o que eles nos estão a solicitar. Perdoem-me a linguagem mais técnica em termos astrológicos, mas há coisas que não se conseguem explicar de forma diferente.
Ontem, às 23:03, hora de Lisboa, vivemos o Solstício de Inverno (no hemisfério norte), a noite mais longa do ano e o final de ano em muitas culturas ancestrais. Nestas horas, vivemos por isso o primeiro dia de um novo ciclo, um verdadeiro portal de consciência que está aberto para que possamos transformar as nossas vidas. Dúvidas houvesse e bastar-nos-ia olhar para os eventos astrológicos à volta deste facto. Cerca de 19 minutos antes, Úrano terminou o seu movimento retrógrado, trazendo um novo impulso e dando arranque a tudo o que nestes últimos dias estava parado. Em nós surge a consciência do movimento e da mudança, a total percepção de tudo o que precisa de ser revisto e reajustado.
Ao Úrano entrar em movimento directo, Júpiter torna-se o único planeta retrógrado nos nossos céus, e assim irá ficar até final de Janeiro, com o primeiro período de Mercúrio retrógrado do ano. Júpiter fica assim muito isolado nos céus, com o seu foco no Eu, a “contrariar” a energia de grande parte dos outros planetas, focados no assumir e projecção de um propósito. Ao ser o único planeta retrógrado, Júpiter pede mais fortemente que saibamos limpar do nosso Ego tudo o que o impede de exercer a sua verdadeira função, a mágoa, a inveja, o medo, a culpa, e dar força ao nosso Eu.
Um Solstício é sempre um momento importante, um momento de transformação. Neste, o de Inverno, a noite mais longa acontece para que o Sol possa voltar a crescer e a trazer mais força e vida a cada um de nós. A partir deste momento, os dias começam a crescer, até ao Solstício de Verão, libertando-nos da noite e trazendo mais Luz. É preciso compreender que nos tempos mais duros, durante o Inverno, é quando a Luz mais cresce, quando os dias aumentam. É o mesmo que dizer que é na provação e na dificuldade que, aqui na Terra, encontramos os maiores progressos e subimos os maiores lances de degraus de evolução. É aceitando o desafio, a dor do crescimento, que podemos vivenciar a experiência da verdadeira entrega ao Divino. Assim como Jesus teve de morrer para renascer o Cristo, assim também nós temos de nos transformar, morrer em nós e renascer constantemente para podermos evoluir e ascender.
Este Solstício de Inverno é especial, pois conta com um Sol muito isolado, a poucas horas de uma Lua Nova em Capricórnio, com muito poucos aspectos mas a ser o ponto inicial de um stellium nesse mesmo signo, e disposto por um Saturno pronto a entrar em Sagitário (é já amanhã). Nesse conjunto de planetas, destaque especial para uma Vénus conjunta com Plutão, regente do Nodo Norte, o mergulhar no mais profundo e visceral nas emoções, quebrando o seu gelo e fazendo-nos compreender que é abrindo o nosso coração que iremos viver esse renascimento neste momento. O próprio Nodo Norte em Balança, orientador do propósito deste Solstício, pede-nos que olhemos para o outro, para cada um de todos os outros que estão nas nossas vidas, e que saibamos abrir o coração para cada um deles, mostrando a nossa verdadeira essência, vivendo a honestidade, a clareza e o profundo amor que são, na realidade, os nossos únicos escudos. Largar o Ego e viver a entrega e a partilha são, sem dúvida, o propósito de um novo ciclo, de um novo mundo.
Para dar um importante passo na abertura deste verdadeiro portal, a Lua Nova de Capricórnio, vivida poucas horas depois, já hoje, dia 22, à 1:35, hora de Lisboa, vem trazer a simbólica abertura da sementeira de um novo ciclo, reforçando ainda mais a necessidade de uma individualidade com propósito, pois sem ele é apenas vivido o ego e a soberba, aquilo que nos permite reconhecer a nossa centelha divina e a vivência de um propósito de alma único e especial.
Esta individualidade é-nos trazida, principalmente, pela falta de aspectos maiores à Lua Nova, para além de uma conjunção muito alargada com Mercúrio, o que faz com que Sol e Lua, em Capricórnio, no grau 0º, um dos mais potentes e impulsionadores da energia de um signo, estejam, basicamente, por sua conta, elevando-se em nós a sua energia e levando-nos à tomada de consciência de que não podemos continuar a viver sob as mesmas regras, sob os mesmos vícios, sob as mesmas prisões, e que é preciso libertar a nossa essência, resgatando-nos da sombra e assumindo o nosso poder pessoal.
Tudo isto é absolutamente necessário e este portal está aberto durante este dia, pois este processo tem de ser vivido interiormente, ou não estivessem a ocorrer em horários nocturnos e, portanto, trazendo-nos temas do nosso Eu, para que quando Saturno entrar em Sagitário possamos ser capaz de elevar a nossa Fé e sairmos definitivamente da sobrevivência.
O propósito de tudo isto é precisamente libertarmo-nos destes processos de sobrevivência, de estarmos basicamente ligados às máquinas do apego, do dinheiro, do vício, do medo, do ego, da falta de amor, da falta de amor-próprio, das dependências emocionais e tantas outras que tão bem conhecemos e vivemos no nosso dia-a-dia. Basta também olhar o mundo à nossa volta e iremos encontrar isso em muitos dos que nos rodeiam. Só dessa forma poderemos acreditar que dentro de cada um de nós está Deus, na verdadeira dimensão daquilo que é a Fonte, o Universo, o Todo. Só dessa forma poderemos deixar de sobreviver e passar a viver, plenos de quem somos, plenos da nossa individualidade e do propósito de sermos unos e únicos, com um propósito individual, mas também com um propósito colectivo.
Se soubermos fazer este processo, que basicamente passa por nos amarmos tão fortemente que arrancaremos com a maior das naturalidades todas as amarras que tentam não nos permitir avançar, então iremos abrir um novo ciclo em Amor, em Fé, em Entrega e em Esperança. Não há mais tempo para dúvidas, medos ou indecisões, agora é o tempo de avançar e criar, realmente, uma nova realidade.