
Hoje apercebi-me, graças a uma conversa com um amigo, que umas sementes que tinha plantado há pouco tempo estão a germinar. Ao observar o vaso, reparei que plantinhas com caule tão fininho, vindas de sementes tão minúsculas, foram capazes de rebentar e rasgar a terra, em busca do sol. Demoraram semanas a fazê-lo, mas conseguiram. Em alguns dias em que olhei para o vaso e para a terra ainda intacta, duvidei que aquelas sementes fossem brotar, mas depois sabia, sentia dentro do meu coração, que iriam conseguir.
Nas nossas vidas tudo funciona da mesma forma, pois a mesma energia que faz brotar uma semente da terra também nos faz levantar de manhã e viver, e é a mesma que nos faz arrancar com um projecto ou construir algo. É também a mesma que nos permite ultrapassar-nos a nós mesmos e deitar abaixo todos os obstáculos. Essa energia é a energia do Amor. Não o amor terreno, mas sim aquele que sustenta todo o Universo, aquele que permitiu a criação de tudo o que nos rodeia.
Uma das minhas parábolas favoritas do Mestre é, precisamente, a parábola do semeador. Nela, o Mestre diz-nos que é preciso saber onde plantar as nossas sementes, pois onde as plantamos é onde elas irão crescer e dar fruto, e esse fruto depende exactamente da forma como as semeámos. Quando queremos algo na nossa vida, temos de o plantar em solo preparado, cuidar e alimentar em cada dia e investir na nossa sementeira. Isso significa que quando queremos algo, é com Amor que devemos cuidar e alimentar, e é a Fé que nos mantém firmes e fortes no propósito. De nada serve revirarmos a terra e verificar se a semente está a crescer. Isso só faria com que a semente não fosse devidamente alimentada e, conseguindo crescer, levasse muito mais tempo a brotar. Revirar a terra é termos pressa, não confiarmos no ritmo próprio da vida e de cada processo, não acreditarmos em nós, não termos fé.
É preciso compreender que em cada um de nós existe um microcosmos, um universo em tamanho pequeno que funciona exactamente da mesma maneira que o sistema das galáxias, das estrelas e dos planetas. Como um sistema perpétuo e perfeito, tudo tem uma cadência própria que não necessita de controlo nem de corda, que funciona apenas com a energia do Amor. Ninguém dá instruções à semente para ela crescer. Eu tinha as minhas sementes num frasco de vidro e nenhuma brotou. Apenas quando elas encontram um solo e as condições necessárias para esse arranque, então elas começam a transformar-se, naturalmente, seguindo o seu propósito. Por isso é tão importante trabalharmos o nosso Eu, o nosso coração, mas também a nossa mente, pois eles são o solo onde as sementes dos nossos projectos e do nosso crescimento poderão ser plantadas. É neles que a nossa essência será o substracto e o Amor o alimento. Por isso precisamos tanto de olhar para dentro de nós e nos encontrarmos, pois dentro de nós existe um universo que necessita de ser descoberto e explorado.
Boa semana!