Boa tarde!
Ao olhar para o mapa dos céus, neste preciso momento, apercebemo-nos que o único planeta em movimento retrógrado é Saturno, o grande Mestre. Tal situação é curiosa e até engraçada, na medida em que apenas o grande maléfico, aquele que tradicionalmente nos corta as pernas e nos puxa à razão, parece estar, de certa forma, desprovido do seu poder total, fazendo com que todos os restantes planetas possam expandir-se sem encontrar grandes travões, nomeadamente porque Júpiter saiu do movimento retrógrado há poucos dias, trazendo-nos de volta um certo bem-estar e um aliviar de um peso que andávamos a sentir. Porque é que isto até é engraçado? Porque o Universo, na sua perfeição, está-nos a por, de certa forma, à prova.
Olhemos para o nosso mundo. Os tempos que vivemos, de conturbação social despoletada pela falha do sistema financeiro e económico, encontram agora um caminho aberto para um crescendo de contestação, de reivindicação, mas, no fundo, de pouca acção. Vemos isso através da subida de tom no debate político e económico, vemos isso também nas inúmeras manifestações que, um pouco por todo o mundo, começam a surgir. Contudo, com Saturno retrógrado, provavelmente, o resultado será pouco ou nenhum, até porque tudo o que pedimos tem de ter um princípio, e esse princípio é, precisamente, dentro de cada um de nós.
Digo muitas vezes que a mudança que queremos ver no mundo que nos rodeia tem de começar, primeiro que tudo, dentro de nós. Contudo, embora muitos queiram mudar, poucos estão dispostos a assumir a responsabilidade de tal atitude nas suas próprias vidas. Então, se o mundo exterior é um reflexo de nós mesmos, estaremos muito prontos a gritar e a respingar, mas muito pouco dispostos a, efectivamente, dar impulso a um processo de mudança. Mudar implica reconhecer o que já não nos faz bem, o que não nos está a fazer ir ao encontro do nosso propósito de vida e permitirmo-nos libertar, desapegar e quebrar padrões. O que temos estado a viver, com todo o processo dos últimos anos, nada mais é do que uma necessidade de libertação dos velhos padrões do nosso Ego, assumindo o caminho do nosso Eu, a nossa Essência e criarmos a verdadeira mudança onde ela tem de nascer, em nós, em quem somos e em quem temos de ser.
Então, porque continuar a manter os mesmos esquemas e a protelar o que sabemos que temos de fazer? Porque continuar a alimentar os medos e as dúvidas? Porque mantermo-nos reféns de nós mesmos, quando, na realidade, tanto ansiamos ser livres? Com Saturno retrógrado, e dentro de pouco menos de quatro dias, com Plutão também no mesmo movimento, é preciso reconhecer e assumir que a mudança está apenas nas nossas mãos e que precisamos de a fazer despoletar no mais interior de nós mesmos, como uma semente que é plantada e que começa a crescer, primeiro as raízes, para sedimentar e ganhar estrutura, depois o caule que vai rasgar a terra, crescer, dar folhas, flores e, por fim, os frutos. A força de impulsão das mudanças, nestas próximas semanas, e como sempre, não poderá ter como fundamento a projecção exterior mas sim um despertar interior, por vezes duro, por vezes doloroso, mas que, se não for feito desta forma, pouco ou nenhum resultado prático, com toda a certeza, irá ter.
Boa semana!