
Boa tarde!
Ontem, na final do programa “Achas Que Sabes Dançar”, um programa de talentos de dança, na televisão, a um determinado momento, a apresentadora pergunta a um dos concorrentes, após o último solo que este efectuou no programa, o que faria com o dinheiro que receberia, caso ganhasse o programa. Nesse momento, a minha expressão, que tinha sido de êxtase ao ver alguém entregar-se a um número de dança, fazendo aquilo que, na sua face era visível, é apenas e unicamente aquilo que quer fazer da sua vida, mudou radicalmente, demonstrando a tristeza que senti ao ouvir a pergunta. O concorrente, de tão cansado, creio que nem sequer conseguiu responder, mas recordo-me perfeitamente de olhar para a cara dele e perceber que nem sequer queria, naquele momento, saber da questão do dinheiro.
O mundo em que vivemos desenvolveu-se baseado numa ideia de acumulação de riqueza, de crescimento ininterrupto, de posse e de consumo desenfreado, algo que, nos últimos anos, começou a ser difícil de atingir. Muitas vezes, as pessoas colocam como grande problema e obstáculo para cumprirem o seu caminho, e dedicarem-se ao que realmente gostam e querem fazer, a questão do dinheiro. Sim, o dinheiro faz parte deste mundo e é uma energia muito forte e poderosa. Precisamos dele, pois ainda não somos capazes, por colocarmos o Ego à frente do nosso Eu, de sermos justos e nos darmos em pleno à sociedade, não precisando mais de usar o dinheiro como moeda de troca, pois se estamos a dar o que somos, receberemos também tudo o que necessitamos. O poder do dinheiro na nossa sociedade é, precisamente, fruto do Ego que quer possuir, que quer controlar, que acha que precisa de mais e mais. O dinheiro é uma energia importante e necessária, mas enquanto vivermos em função dele, dificilmente conseguiremos sentir-nos plenos.
Voltando ao início desta reflexão, o que mais mexeu comigo foi estarmos num programa de televisão onde pessoas exprimem um maravilhoso dom, o da dança, que anseiam, mais que tudo, fazer desse seu dom o seu estilo de vida, a sua profissão, aquilo que querem e sabem dar ao mundo. Cada ser humano nasceu com dons, com capacidades, algo que pode e deve desenvolver ao longo da sua vida, algo de único que tem para dar à humanidade. Quando nos dedicamos a dar quem somos ao mundo que nos rodeia, também o mundo nos dá de volta tudo o que necessitamos, dinheiro incluído. O Universo dá-nos sempre o que precisamos para poder crescer, o que merecemos, também, face ao esforço e à entrega. Nem sempre, quase nunca, na verdade, o Universo dá-nos o que achamos que precisamos, o que queremos, nomeadamente quando se trata de dinheiro. Quando usamos os nossos dons com o propósito de ganhar dinheiro, então nunca iremos receber o que realmente nos irá fazer felizes, mesmo que tenhamos todo o dinheiro do mundo. Contudo, quando usamos os nossos dons com o propósito de trazer ao mundo quem somos e de cumprir o nosso propósito, garanto, nada nos falta nem faltará.
Podem dizer que é demagogia, que é muito bonito de falar, que a realidade não é bem assim. Quanto a isso, apenas posso dizer que a realidade das nossas vidas é aquela que, a cada momento, nós mesmos criamos, com a nossa vontade e determinação. Se vivermos reféns de algo que praticamente não existe (sim, já percebemos todos que bem mais de metade do dinheiro que é movimentado nem sequer existe fisicamente), então somos nós que acabamos por deixar de existir (não parece algo familiar?). O mundo está a mudar, porque os velhos moldes deixaram de servir, porque as velhas estruturas revelam-se, a cada dia, podres e a cair. Então, porque manter os mesmos hábitos, os mesmos padrões e as mesmas dependências? É tempo de mudar, é tempo de criar uma nova realidade.
Boa semana!