Bom dia!
A reflexão desta semana chega um pouco mais tarde, mas não podia deixar de trazer este pensamento que me tem assolado a mente nos últimos dias. Vivemos num mundo onde ainda predomina a comparação e a inveja. É triste ter de aceitar este facto, mas, infelizmente, estamos todos os dias rodeados destas energias negativas que, muitos, ainda insistem em alimentar e fazer crescer nas suas vidas.
Quando, em cada dia, preferimos olhar para quem está ao nosso lado e ver o que ele tem e eu não tenho, desejar o que ele tem e eu não tenho, ainda que isto seja mascarado por processos mentais que tentam não parecer-se com inveja, estamos apenas a fugir de olhar para nós mesmos e revelar a nossa verdadeira essência única e singular.
O mundo em que vivemos tem vindo a alimentar, por séculos, uma forma de pensar e de nos vermos muito pouco humana. Passámos a ser números, somos categorizados, fazemos as mesmas tarefas e, com isso, perdemos a nossa individualidade. Ao perdermos essa característica maravilhosa da unicidade, que justifica e potencia o cumprimento do nosso caminho aqui na Terra, o ego ganha poder negativo, poder autodestrutivo, pois a nossa individualidade está colocada para segundo plano, a nossa personalidade perdeu-se, e cabe-lhe a ele preservar a nossa sobrevivência.
Quando perdemos a nossa personalidade, ou quando não a reconhecemos, quando não a evidenciamos ou alimentamos, há uma parte de nós que fica vazia e, por isso, precisa de ser ocupada. O que fazemos é simples, absorvemos as energias que estão à nossa volta. Passamos a ter o mesmo tipo de hábitos e comportamentos dos nossos amigos, dos nossos namorados, das nossas namoradas, dos nossos pais, etc., fazemos o que achamos que eles querem que nós façamos, porque não queremos que eles nos abandonem. Habituamo-nos a ter uma vida que, na verdade, não é a nossa, pois crescemos a achar que não somos bons, que nunca é suficiente o que fazemos e, por isso, passamos a viver a vida de outros em vez da nossa.
Deste ponto à vivência da inveja e da comparação, é apenas um pequeno passo, pois a inveja é, entre outras coisas, o resultado de uma anulação do Eu, que faz com que passemos a olhar para os outros desejando o que eles têm, porque achamos que, por nós mesmos, pela nossa entrega, pela nossa fé, não o conseguiremos obter. O que não nos apercebemos é da energia negativa e pesada que libertamos com estes pensamentos e com estas atitudes, atirando para cima das pessoas que invejamos as nossas próprias frustrações e os nossos próprios fantasmas, prejudicando-as, ainda que não tenhamos essa intenção directa.
A inveja acontece quando não somos capazes de assumir o nosso Eu, com humildade e entrega, com fé e dedicação, quando não somos capazes de olhar para nós e permitirmo-nos ver a verdade das nossas vidas, dos nossos caminhos, de quem nos propusemos a ser, ao vir à Terra. Quando temos a coragem de olhar para nós e nos dispomos a ver tudo o que somos, a Luz e a sombra, a beleza e o horror, as capacidades e os bloqueios, os dons e os medos, então estamos verdadeiramente a trabalhar em nós e deixa de fazer parte da nossa vida sentimentos tais como a inveja. Já não nos comparamos, pois já sabemos que o grande propósito é sermos únicos.
O que não sabemos, ou não temos consciência, é que a inveja é uma verdadeira magia negra, que fazemos sem precisarmos de qualquer tipo de artefactos, velas ou rituais, e que, por isso, tem também um efeito muito mais esguio, mas nefasto. Se formos capazes de viver em Amor, em Amor por nós mesmos, acima de tudo, não há lugar a este tipo de pensamento ou intenção, não há espaço para olhar para o outro, a não ser para lhe estender a mão, dar-lhe um sorriso ou um abraço, nunca para querer o mesmo que ele tem, ainda que não faça parte do meu caminho ou do meu propósito. Observemos a natureza, não há inveja, pois cada um está totalmente ciente do seu lugar, do seu caminho, da sua função, e sabe, principalmente, que é único e que, sem ele, nada seria igual.
Boa semana!