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Compreender a Mente

CompreenderaMente

Escrever sobre Mercúrio Retrógrado, no seu próprio período, com o mesmo a transitar na Casa 5 do meu mapa, casa da criatividade e da expressão pessoal, pode ser uma tarefa algo interessante.

Quando estudamos mapas deste tipo de acontecimentos começamos a entender a beleza da sincronicidade do nosso Universo, neste cantinho chamado Sistema Solar, e entendemos como existem pormenores que marcam toda a diferença. Há dois dias Mercúrio entrou no seu segundo momento de retrogradação do ano, mais uma vez num signo de Ar, desta vez Gémeos, onde também, tal como no anterior momento, irá ficar até voltar ao movimento directo. Mais uma vez também, Mercúrio entra no seu momento de retrogradação algumas horas depois da Lua Nova, recebendo, desta forma, a sua energia.

Durante três semanas, até ao dia 11 de Junho, e mais uns dias para retomar o ritmo normal, vamos viver o clássico destes momentos, com os contratempos ligados a transportes, comunicação e tecnologia que já são o normal. No entanto, Mercúrio Retrógrado tem sempre uma projecção muito mais importante nas nossas vidas do que estas simples questões do dia-a-dia. Ao dar-se em Gémeos, seu signo de domicílio, o tema a ser trabalhado é, sem dúvida, o da comunicação, o do nosso pensamento, da forma como estamos a gerir e a trabalhar a nossa energia mental.

Na verdade, quando entrou no movimento retrógrado, Mercúrio estava em conjunção não só com a Lua mas também com Marte, planeta que estava em oposição a Saturno, em Sagitário. Neste momento de retrogradação, com esta configuração nos céus, e aliando-se a outros aspectos interessantes, Mercúrio recorda-nos que a mente não é apenas o conjunto dos nossos pensamentos, registados nas células cinzentas, como dizia Poirot, mas sim um verdadeiro corpo, mais subtil que o corpo físico, tanto ou mais importante, que precisa de ser compreendido, respeitado e cuidado.

O corpo mental é, provavelmente, aquele de que menos temos consciência, não só da sua existência mas, principalmente, do seu funcionamento. A humanidade, pela fomentação do pensamento cartesiano desde há alguns séculos para cá, transformou a mente num incessante motor que está sempre em funcionamento, sempre em utilização. Dessa forma, diminuímos o equilíbrio entre a razão e a emoção, achando que poderíamos controlar o nosso lado emocional através da mente, da racionalidade e da lógica, potenciando, assim, o nosso sucesso. Mais errados não poderíamos estar, pois apenas criámos barragens sem escoamento, esquecendo que a força da água, das emoções, não é uma força bruta mas sim subtil, lenta e calma, que consegue o que precisa, no tempo que for necessário.

No auge do mundo da informação, o verdadeiro paraíso de Gémeos, a mente é bombardeada todos os dias com mais e mais dados, muitos deles verdadeiramente negativos. As notícias sobre o mundo, os acontecimentos que em segundos chegam até nós, sempre catastróficos e negativos, a manipulação da opinião pública, cada vez mais do resumo e menos da obra completa, cada vez mais do título e menos da notícia, mas ao mesmo tempo mais julgadora, mais crítica, mais impulsiva. O mundo é tão negativo que o Ego, verdadeiro apreciador da mente, está em constante alerta, não desperdiçando um único segundo para poder trazer cá para fora toda a negatividade que absorve, transformando-a em raiva, desespero e ódio.

Há poucas semanas, os jornais informavam que os portugueses compraram em 2014, em média, 23 mil caixas de antidepressivos por dia para tratar, nomeadamente, depressão e ansiedade. Este é o país (e o mundo) em que o corpo mental é maltratado, caminhando para a autodestruição, pois deixa de cumprir a sua função, a de ser o clarificador, orientador, a “máquina” que nos eleva perante toda a criação e nos permite trazer até à Terra a conceptualização de tudo o que em outras esferas é criado. Pelo contrário, o corpo mental passa a ser o construtor de barreiras, de armadilhas, tornando-nos num autêntico personagem do filme “O Cubo”, pronto a cair. O resultado está à vista, com a frustração, os medos, os pânicos e todo um conjunto de coisas com que todos os dias lidamos.

Neste momento de Mercúrio Retrógrado somos chamados a debruçar-nos sobre o funcionamento da nossa mente, sobre a forma como a temos alimentado e como a queremos direccionar nos próximos tempos. Se sabemos que somos centelhas divinas, se temos (ou estamos a ganhar) a noção do conjunto de potencialidades que temos, se estamos a trabalhar as nossas questões, é tempo de perceber que a mente é um perfeito motor que tem uma rotação correcta, singular, única, que precisa de ser respeitada. Quando puxamos em excesso, o seu potencial de desmultiplicação perde-se e consome mais recursos do que os necessários.

É preciso agora parar um pouco e olharmos para dentro de nós, deixarmos as ilusões de parte, confrontarmo-nos com a mais pura e simples realidade, a de que somos muito mais do que aquilo que achamos, simplesmente porque vivemos presos aos nossos próprios conceitos, às autolimitações, às paredes grossas de muralhas que construímos, onde não há espaço para portas ou janelas. Por isso, Mercúrio fazia uma quadratura com Neptuno em Peixes, mas ao mesmo tempo criava um sextil com Júpiter em Leão e um trígono com o Nodo Norte em Balança. As ilusões precisam de ser deitadas abaixo e temos de nos ver, mais uma vez, de fora para dentro, compreendendo aquele Universo interior que descobrimos no período anterior de retrogradação. Se não o fizermos, corremos o risco de criar algumas coisas que se destruirão por si mesmas, de tomar decisões precipitadas que depois teremos de corrigir, de forma mais difícil.

Embora sempre muito temido, o Mercúrio Retrógrado pode, na realidade, ser o grande potenciador de transformações interiores que são como sementes que se plantam e que, no seu devido tempo, rompem a terra, crescem e dão fruto. Assim como a terra tem de ser cuidada para receber as sementes, também a nossa mente tem de ser devidamente alimentada para que as suas criações sejam o reflexo da nossa verdadeira essência. É tempo de nos alimentarmos de pensamentos positivos, de Fé, de Crença e de Amor, de Luz, de resiliência, de dádiva ao próximo, de palavras bonitas e sinceras, de arte, de aprendizagens reflectoras da beleza da vida, pois é tudo isto que vai fazer com que a seara da nossa mente seja produtora de conceitos, projectos, orientações e tantas outras coisas verdadeiramente maravilhosas.

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