Boa tarde!
Muitas vezes digo às pessoas que chegam até mim algo que constantemente faço, que a solução de maior parte dos seus problemas passa por olhar para dentro delas próprias. A esta orientação, quase todas fazem-me a pergunta clássica: “Mas como é que eu faço isso?”
Olhar para dentro não é uma ciência, mas muito menos é uma tarefa hercúlea. No entanto, ela implica a capacidade de querer e permitir-me ver quem sou, ainda que não goste ou que não fique satisfeito. Olhar para dentro é encarar todas as facetas de mim mesmo, é descobrir a minha essência, ainda que para isso tenha de passar por um túnel negro e escuro, o dos meus medos, dos meus receios, das minhas dúvidas e do meu ego. Olhar para dentro é assumir a responsabilidade de cada passo que dou, sem culpa ou vitimização, compreendendo cada escolha, cada caminho, cada momento.
Quando olhamos para dentro de nós, propomo-nos descobrir aquilo que nos trouxe a esta etapa aqui na Terra, qual o grande propósito desta etapa tão dolorosa mas tão transformadora. Assim como a lagarta que cria o seu casulo para, dentro dele, se transformar numa bela borboleta, passando por uma difícil e vulnerável metamorfose, também é mergulhando dentro de quem somos que poderemos encontrara nossa essência e transformarmo-nos naquilo que realmente nos propusemos a ser.
Este processo é tão importante quanto difícil, pois ele implica, tal como a lagarta fechada no casulo, estarmos vulneráveis, rendermo-nos, arriscarmos a nossa própria existência em prol de algo que nem sequer sabemos muito bem o que é, mas que sentimos no nosso coração ser o caminho. A vivência terrena é um processo de densidade material que tem como maior fundamento e maior dificuldade (mas também o maior potencial) o trabalho sobre a posse e o apego, onde o Ego é uma ferramenta essencial. Ele é uma espécie de veneno que permite a cura, que tem de ser trabalhado de forma única, doseado e equilibrado. É ele quem permite a sobrevivência e a preservação da existência, mas é ele também quem mais alimenta a necessidade de zonas de conforto e de apegos.
Quando me perguntam, então, como fazemos tal coisa de olhar para dentro de nós, respondo sempre que apenas caminhando dentro do nevoeiro, do túnel escuro nos é colocado à frente, atirando-nos de corpo e alma, com Fé e trazendo a Luz de dentro de nós, é que podemos, efectivamente, conhecermo-nos a nós mesmos. É caminhando, como um peregrino, dentro de nós mesmos, que podemos compreender cada traço do nosso Eu. Não é parados, sem qualquer acção, que conseguiremos ultrapassarmo-nos a nós mesmos e subir os degraus da escadaria que nos leva à nossa essência, não é fechados dentro de casa, com medo da viagem, que vamos conhecer o mundo. É agindo, é escolhendo, é assumindo a responsabilidade de cada passo, é caindo e levantando-nos de novo que aprendemos como fazer melhor, como aperfeiçoar e modificar, é apenas dessa forma que, verdadeiramente, conseguiremos olhar para dentro de nós, quando nos propomos a dar cada passo no nosso verdadeiro Eu.
Boa semana!