Bom dia!
Ser criança é um estágio obrigatório no nosso caminho de vida em busca da sabedoria. São os primeiros anos de vida, aqueles onde a inocência nos permite aceder a um mundo fantástico de sonhos, de ideais, de conceptualizações, mas também a um mundo que está para além do mundo visível, tridimensional, o mundo dos espíritos, das fadas, dos dragões, dos duendes e dos animais que falam.
À medida que vamos crescendo, o véu que nos separa desse mundo invisível vai-se tornando mais denso e vamos esquecendo um pouco do que fomos, do maravilhoso mundo a que tínhamos acesso, seja ele, ou não real, pouco importa. Quando somos crianças, podemos ser o que quisermos e sonharmos, viajamos por mundos que nem sequer sabemos se existem ou não, acreditamos em magia e em fantasia, vivemos em amor e alegria.
Quando somos adultos, as obrigações, os medos, as zonas de conforto, as dúvidas, as críticas e as responsabilidades, tantas vezes, fazem-nos esquecer de que, ainda que sejamos crescidos, ainda que tenhamos tantas coisas diferentes que nos colocam um caminho onde já não podemos brincar tanto, pois trabalhamos e temos de responder perante todas as questões que a vida adulta nos coloca, é apenas quando voltamos a essa essência, à nossa criança interior, que nos permitimos relembrar que a vida é, desde o primeiro minuto, até ao último, verdadeiramente mágica, e que, tantas vezes, é com a humildade, a irreverência, a curiosidade e a alegria que é característica das crianças que, sem dúvida, encontraremos soluções, arriscaremos ser felizes e saberemos contornar os problemas que a vida nos traz.
Quando olhamos para o Tarot, para os Arcanos Maiores, o caminho de crescimento e evolução que a ordem destas cartas transporta leva-nos, já mesmo no seu final, a um estágio muito importante, o do Sol, a carta XIX, que nos relembra aquilo que o Mestre nos ensinou, que apenas se voltarmos a ser crianças poderemos alcançar o Reino de Deus. A verdade é que depois de ultrapassarmos os nossos medos, o nosso lado mais escuro, poderemos voltar à Luz da nossa essência, como uma criança. Só dessa forma, efectivamente, poderemos reaprender a sermos verdadeiramente humanos. Há poucas horas via um vídeo sobre uma daquelas experiências em que mexemos com os conceitos que ficam guardados na nossa mente, neste caso mudando o sistema de direcção de uma bicicleta. Para reaprender a andar naquela bicicleta, um adulto levou oito meses e o seu filho, de cerca de 5 ou 6 anos, precisou apenas de duas semanas. Dá que pensar!
Permitirmo-nos ser crianças é reencontrar a essência mágica da vida, aquela que nos permite trazer a fé e a esperança em cada momento das nossas vidas, aquela que, perante uma situação de dor e de transformação, é grata e oferece uma flor, dá um beijinho para passar ou esboça um sorriso porque sabe, sabemos sempre, que vai tudo ficar bem.
Hoje, quando se celebra o Dia Mundial da Criança e pensamos nas crianças à nossa volta, nas crianças pelo mundo inteiro, pensemos também na nossa criança interior, pois só quando a soubermos olhar, respeitar, amar e abraçar é que conseguiremos, todos nós, sentir o mais profundo amor por cada ser humano, por cada animal, por cada planta, por cada mais pequena partícula deste Universo, pois amamo-nos a nós mesmos. Quando o fizermos, de coração, olharemos para todas as crianças deste mundo e saberemos encontrar as verdadeiras resoluções para a fome, para a violência, para a guerra, para o abandono, para os maus tratos que, todos os dias, milhões de crianças vivem. Dessa forma também, saberemos encontrar a solução para o nosso futuro enquanto humanidade, pois saberemos estar em uníssono, saberemos ultrapassar os diferendos, saberemos construir pontes de diálogo e de entendimento, respeitando o outro, as suas diferenças e a sua individualidade. Até lá, cuidemos de nós, das nossas crianças interiores, das crianças que nos rodeiam, sabendo dar, quer a umas, quer a outras, aquilo que elas mais necessitam, verdadeiro, genuíno e belíssimo Amor.
Boa semana!