Boa tarde!
Ao longo da nossa caminhada, nomeadamente quando ganhamos mais consciência do nosso caminho e do nosso propósito, somos colocados perante provas e testes à nossa crença em nós mesmos, à nossa fé, às decisões que tomamos para nós. Quanto mais consciência temos, mais duras e difíceis são essas provas, mas também mais fortes, intensos e maravilhosos são os resultados quando as superamos.
Uma das maiores dificuldades que sempre tive na minha vida foi em dizer um simples “não”. Por medo ou receio de perder algo ou alguém, de magoar ou de ser magoado, de ser rejeitado ou recusado, sempre me foi difícil criar um limite a algo e dizer que daquela linha não passo nem permito que alguém passe em relação a mim. No entanto, com o passar dos tempos, com as aprendizagens que a vida me colocou, compreendi que o “não” é um poderoso degrau de crescimento, quando bem utilizado, quando bem direccionado, sem ser baseado em raiva, em mágoa ou ódio, mas sim fundamentado no mais profundo e belo Amor.
Dizer “não” é tão importante como dar um passo em frente, como compreender grandes verdades da vida e do Universo. É ele quem nos liberta de amarras, que nos alivia fardos e que nos mostra que há mais caminhos para além daqueles que nos mostraram ou dos que vieram ter connosco. Quando o fazemos na mais intensa vibração de Amor, emitimos ao Universo a nossa escolha por nós mesmos, definindo assim uma espécie de armadura energética que nos impede de ser atingidos. Nada disto é automático, claro está, pois tudo na vida é composto por processos, por etapas, por aprendizagens, mas à medida que aprendemos esta lição, reforçamos o nosso propósito e ficamos mais fortes.
Para quem, como eu, sempre teve dificuldade em dizer “não”, fazê-lo é, tantas vezes, sentir uma pressão no coração, uma tristeza, uma dor. Ao início, sem dúvida, é reflexo do nosso medo, das nossas dúvidas, dos nossos apegos em desconstrução, mas ao fim de algum tempo, compreendemos que essa pressão também é o amor que faz doer, o amor por nós mesmos, que nos faz saber reconhecer que só podemos estar bem connosco quando não permitimos aceitar em nós energias que não nos pertencem. Esta também é uma dor de crescimento, que nos liberta, que nos abre caminhos em direcção ao que realmente sempre quisemos para nós.
Acima de tudo, esta simples, mas muito poderosa, palavra é uma escolha pelo nosso superior bem, que nos faz ultrapassar as barreiras que nos separam das coisas maravilhosas que pretendemos para as nossas vidas. Sem sabermos dizer um “não”, sem colocarmos os nossos limites e fazê-los prevalecer, sem assumirmos o nosso Eu através da demonstração da certeza de que sabemos o que é melhor para nós, não conseguimos colher os frutos do nosso trabalho. Podemos fazer orações, meditação diária, rituais e rituais ou ajudar o próximo, mas se não soubermos quem somos e impedirmos o que não é para nós de minar o nosso caminho, não poderemos obter o que pretendemos. O Mestre ensinou-nos, na sua parábola do semeador exactamente isto. Não saber dizer esta simples palavra é dar força às silvas e permiti-las abraçar e destruir as mais belas flores que poderíamos colher.
Escrevi, no início, que a vida nos traz provas e testes. O maior deles é sabermos dizer um “não”, não aos outros, mas sim a nós mesmos. Quando temos a coragem de saber escolher o melhor para nós, de conhecermos os nossos padrões, hábitos, processos, medos e zonas de conforto e, consequentemente, nos momentos certos, dizer essa simples palavra a nós mesmos, começamos a afastar toda a energia densa e negativa, todas as dúvidas e medos. Ao início dói, muito, o coração aperta, sofre, mas o amor que logo sentimos compensa e mostra-nos que o caminho certo é aquele em que conseguimos ser verdadeiramente nós mesmos!
Boa semana!