Bom dia!
Costuma-se dizer que Deus escreve certo por linhas tortas, mas a verdade é que, quando olhamos bem, a vida mostra-nos que a segunda parte, a das linhas tortas, nada tem a ver com Ele, com o Universo ou qualquer Entidade, mas sim, unicamente, connosco.
Nós, seres humanos, somos verdadeiros especialistas na “arte” da projecção e das expectativas. Perante qualquer situação, somos fortemente tentados a fazer planos, idealizar os seus contornos e, mentalmente, tantas vezes, já estamos a viver tudo antes ainda de haver a possibilidade de acontecer. Sem percebermos, desgastamos a nossa mente com hipóteses, criando um mundo paralelo na nossa mente que, quando existe algo que realmente acontece, muitas vezes nos leva a frustrações, revoltas, mágoas e sentimentos de injustiça.
No entanto, quando somos capazes de ver, não só de forma racional, mas também com o coração, o que a vida nos coloca à frente, percebemos que tudo o que nos é dado tem um sentido e um propósito superior e magnífico, que todos os sinais nos são dados, no momento certo, para podermos tomar as nossas decisões. Da mesma maneira, compreendemos que todos os caminhos são reflexos das nossas escolhas e servem para que possamos crescer e evoluir.
Perante uma situação que não tomou os contornos que esperávamos, podemos escolher viver a frustração e a revolta pela suposta injustiça de que fomos alvo, algo que maior parte de nós faz e que é perfeitamente normal e humano. Essa escolha, na verdade, vai-nos levar à cristalização, à apatia e ao bloqueio, pois viveremos apenas focados no quão injusto o Universo é para connosco, logo nós que temos feito tudo tão direitinho! Contudo, podemos também escolher aceitar os vários contornos do nosso caminho, as situações vividas e tentar compreender o que o Universo nos quer transmitir. Dessa maneira, desbloqueamos a energia que estávamos a viver e fazemos com que o caminho se abra à nossa frente, repleto de Luz, permitindo-nos ver tudo como realmente é.
Somos humanos, é verdade, e sentirmo-nos injustiçados é perfeitamente normal. O que é incorrecto é viver nessa vibração, focando-nos apenas e unicamente no que nos aconteceu, pois isso impede-nos de compreender que o Universo apenas nos dá o que precisamos e o que merecemos, mas coloca-nos, quando tomamos uma decisão importante para o decorrer das nossas vidas e da nossa evolução, pequenas (ou grandes) provas que precisamos de superar.
Podemos perguntar-nos, mas afinal porque estamos sempre a ser postos à prova? Quanto a isso, apenas digo que o melhor, quando fazemos esta mesma pergunta, é observarmos a nossa reacção e as nossas atitudes perante essas mesmas provas e compreender que, tantas vezes, ainda não aprendemos verdadeiramente algumas lições do nosso caminho nesta vida. Viemos à Terra com um propósito, com um conjunto de objectivos e de tarefas que nos irão permitir crescer enquanto almas e libertar o nosso espírito para vôos maiores. Tudo o que aqui vivemos nada mais são do que os degraus necessários a subir em termos de consciência e cumprirmos o caminho de evolução a que nos propusemos.
Hoje, cerca de um dia depois de Saturno, o Mestre do Tempo, ter voltado ao seu movimento directo, vivemos a sua quadratura exacta com Júpiter, um processo que estamos a sentir desde há cerca de uma semana para cá e que ainda sentiremos durante mais alguns dias. A chave é exactamente Saturno ter voltado ao movimento directo, desbloqueando esse choque cego, essa fricção entre a nossa vontade de expandir o nosso Eu e a necessidade de aprendermos com a nossa caminhada a sermos não o que o Ego nos pede, mas sim o que o esse mesmo Eu realmente quis vir ser. Com Saturno ainda em Escorpião, as linhas tortas onde Deus, supostamente, escreve, podem agora ser vistas de forma única e compreendidas pela nossa Essência.
Apenas quando nos permitimos transformar por dentro, podemos mudar o nosso caminho por fora. Apenas quando aprendemos a acreditar no nosso caminho, podemos também compreender que todos os caminhos têm etapas e propósitos, que tudo tem um sentido. O segredo é o mesmo que nos tem sido mostrado e pedido nos últimos tempos, o de revelar a nossa Essência e descobrir as partes perdidas do nosso Eu, ligando-as pela Luz da Fé, do Amor, da Aceitação, da Entrega. Não é, sem dúvida, fácil, fazê-lo, pois isso implica mergulhar naquelas zonas escuras e nebulosas do nosso ser, encarar e trabalhar aquelas coisas que estão fechadas e guardadas mas que, certamente, nestas últimas semanas, vieram ao de cima, voltaram à nossa memória e pediram-nos resolução. Implica, na verdade, permitirmo-nos curar as feridas que carregamos desta e de todas as nossas vidas.
Como uma cicatriz que fica para sempre presente na nossa vida, lembrando-nos de um processo, de uma cura e de uma libertação, também essas mesmas linhas tortas parecem inicialmente um mau trabalho, mal feitas, mal conseguidas, para depois, mais tarde, se revelarem as maiores bênçãos das nossas vidas.
Boa semana!