Boa tarde!
Um dos temas que mais me tem chegado, seja em reflexões, meditações ou simples leituras, é o tema do tempo e da sua vivência. Habituámo-nos a ver o tempo como uma linha recta, onde o passado dá origem ao futuro e onde passámos a viver numa oscilação entre esses dois lados, esquecendo-nos que o momento mais importante das nossas vidas é sempre o que estamos a viver, a construir, agora.
O Tempo e a sua estrutura é, provavelmente, uma das mais importantes transformações energéticas que estamos a viver neste momento. Tudo o que temos desenvolvido, enquanto humanidade, em termos sociais, económicos e, principalmente, tecnológicos, criou uma maior ligação e interdependência entre todos os habitantes do planeta, uma maior consciência global, mas também uma menor distância concreta. É o tempo e o espaço que se moldam e se reconfiguram com a nossa própria evolução.
No entanto, nós, seres humanos, vivemos ainda condicionados pela matéria, a terceira dimensão, que exige estrutura, que alimenta a memória, a história, que guarda informação. Então, o agora é uma base energética difícil de assimilar e integrar, pois pede-nos o total e mais profundo desapego, a libertação total da prisão do tempo que tanto insistimos em alimentar. Contudo, que prisão do tempo é essa?
Maior parte de nós vive em uma de duas condicionantes, podendo oscilar entre ambas ao longo da sua vida terrena. Ou vivemos presos ao passado, limitados a tudo o que vivemos, ao que correu mal, às falhas, às derrotas, aos medos ali criados e cristalizados, às imposições do ego, ou então, pelo contrário, vivemos presos ao futuro, às expectativas, acabando por alimentar mais dependências, mais medos, mais limitações e frustrações. Enquanto oscilamos entre estas duas vivências temporais, esquecemo-nos que o mais importante é o poder que temos, em cada momento, no agora, de criar o nosso caminho e, dessa forma, sermos também criadores do nosso próprio destino.
A grande questão que sempre se coloca é a de que, para vivermos no agora, precisamos de, em cada momento, assumir a responsabilidade por todas as vivências e experiências da nossa vida, sem culpas, sem medos ou receios, simplesmente compreendendo que todas elas são reflexo de escolhas e de momentos anteriores, de sementes plantadas por cada um de nós e que, apesar de todas as influências que possam existir, é a mim que cabe o cuidar da minha planta, da minha vida, que cada geada é um obstáculo a superar, que cada vento torna o tronco de uma árvore mais forte e sólido, quando as raízes são profundas e estão bem assentes.
As raízes da árvore do Agora não são o passado, assim como a copa não é o futuro, não venho de um lado e vou para outro, eu sou a construção de um passado, de um tempo de decisões tomadas e desafios superados, que me conferiram a capacidade de assumir hoje a decisão do que pretendo, agora, construir para a continuação do caminho da minha vida. Não significa isto que me despreocupo ou que deixo de ter propósitos ou objectivos, pelo contrário! Significa que sou capaz de defini-los sem expectativas erradas, sem prisões do ego, mas sim com a consciência do trabalho efectivo sobre o meu Eu.
Boa semana!