Bom dia!
Temos enraizado na nossa sociedade o hábito de ver o mundo sobre uma forte tonalidade de sombras. Tudo o que acontece, e que foge do nosso controlo, é visto com uma dose de pessimismo e dramatismo, que é clássico da nossa condição humana, sem dúvida, mas que, na realidade, é a expressão de um desligamento profundo da nossa essência divina, que cada povo, cada sociedade, manifesta com maior ou menor intensidade.
A vida na Terra é de uma densidade extraordinária, que nos solicita constantemente a criação de estruturas e raízes. Como humanos, há em nós uma vivência de ego que nos mantém vivos nesta experiência evolutiva, mas coloca-nos também vulneráveis às mais duras provações que temos aqui nesta dimensão, que se manifestam pelos apegos, pelas necessidades de controlo, de posse, de poder. No entanto, todas elas são expressões do medo, a antítese do Amor que nos dá a vida divina.
Quando algo acontece que nos escapa ao controlo, que mexe com as nossas estruturas, que nos “tira o chão”, o nosso primeiro impulso é revoltarmo-nos, sentirmos mágoas, carregar esse mesmo acontecimento com as tais tonalidades de sombra, negativas e dramáticas. Sem nos apercebermos, ao mesmo tempo carregamos o nosso próprio coração, e também o dos que nos rodeiam, com medo. Rapidamente, a nossa cabeça invade-se de pensamentos, como um sistema informático que, face a um problema, desencadeia um conjunto de rotinas de emergência que consomem os recursos da máquina e impedem-na de funcionar. A nossa mente amplifica-se em energia de um ego que assume uma ameaça à sua sobrevivência e o nosso coração é bloqueado e fechado, as nossas emoções são sobrepostas por processos mentais e congelamos o nosso Eu.
No entanto, quando em nós fomentamos o Amor e a Fé, a Esperança começa a fazer parte do nosso ADN em tudo o que fazemos. Sim, para quem lê os meus textos, estas três palavras são uma constante, mas isso acontece tão simplesmente porque são elas os construtores de toda a vida, de todo o Universo, e tentar fazer o nosso percurso sem estas energias é o mesmo que tentar andar de carro sem ter o combustível necessário. Quando alimentamos o nosso Eu com a energia do divino, em vez de sombras trazemos Luz e vivemos em plena aceitação de tudo o que nos rodeia. Aceitação não é, contudo, resignação passiva, é sim a compreensão de que há um encadeamento superior, divino e perfeito que, ao nos ser colocado no nosso caminho, tem um propósito único que precisamos de aproveitar.
Se em vez de vermos a vida com pessimismo e dramatismo, sempre cravejada pela sombra do medo, trouxermos a Luz necessária às nossas vidas, aos nossos processos, para iluminar os recantos onde as chaves da nossa evolução estão, compreenderemos o que nos está a ser transmitido e o que temos e podemos fazer em relação a isso. Tal só é possível quando focamos o nosso olhar sobre nós mesmos, quando tomamos consciência de quem somos, dos nossos processos, dos nossos desafios, quando assumimos o nosso Eu na sua plenitude, enfrentamos as nossas sombras e os nossos medos. É esse processo que revela, liberta e amplifica a nossa centelha divina, a verdadeira Luz que irá iluminar o que for necessário.
A maior armadilha do medo em que caímos é a de nos tornar, com maior facilidade do mundo e pelas nossas próprias mãos, agentes dessa mesma sombra que tantas vezes apregoamos que é necessária colmatar com Luz. Os tempos que vivemos são reflexo desta tão dura, mas tão profunda realidade, e cabe a cada um de nós olhar mas para si para poder mudar, não o mundo que o rodeia, mas primeiro e acima de tudo, a si mesmo, pois só dessa forma o mundo se manifestará de forma diferente. Pode demorar, mas também, em nós mesmos, nos nossos processos, não mudamos o que construído foi em tantos anos, em meros minutos ou dias.
Boa semana!