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Uma Lição Maior

20151223

Bom dia!

O Natal já está mesmo a chegar. Estamos cada vez mais próximos da consoada da noite de Natal e a loucura está instalada um pouco por todo o lado, com muita gente à procura dos presentes, enchendo os centros comerciais e as lojas, levando depois essa azáfama para a sua casa, para a sua família, correndo para ter tudo pronto. Árvore montada, presentes lá debaixo, casa decorada, mensagens enviadas, respirar fundo para aturar a sogra, o primo e a tia chata que todos os anos oferece meias, mas, no meio de tudo isto esquecemo-nos daquilo que é mais importante, o verdadeiro significado do Natal.

Nos últimos dias vi muitas mensagens e posts pelas redes sociais a trazer-nos “factos” sobre a origem do Natal, dizendo que Jesus não nasceu nesta data, que o Natal tem outros fundamentos, entre muitas outras coisas. Sim, creio que poucos acreditarão verdadeiramente que Jesus nasceu na madrugada do dia 25 de Dezembro, e também sabemos que aquilo que hoje fazemos pelo Natal, como a árvore, o Pai Natal, o tronco, e outras coisas, são tradições assimiladas, não só pelo cristianismo, como também pela sociedade moderna. Contudo, será que é isso o importante, ou apenas uma forma de colocarmos uma peneira para tapar um sol muito maior?

É tempo de nos recordarmos do verdadeiro significado do Natal e, para tal, temos de nos recordar também que o Solstício de Inverno é vivido pouco tempo antes. Na madrugada do dia 22 tivemos o momento exacto do Solstício no hemisfério norte e é por isso essencial recordar que, para além do início do Inverno, este é o momento em que o tempo de luz nos dias começa a crescer, curiosamente no mesmo momento em que começamos a caminhar pela estação mais dura e fria do ano. Embora seja um tempo de aridez, é também um tempo de recolhimento e reflexão, onde precisamos de encontrar dentro de nós o Sol que nos irá levar ao romper das sementes plantadas, às flores da Primavera e aos frutos do Verão, ou seja, é o tempo de olhar para dentro de nós e compreender que é reconhecendo a nossa centelha divina que podemos enfrentar e iluminar os caminhos escuros da dor que a vivência terrena nos traz e que nos levam à aprendizagem e ao nosso próprio crescimento.

O Natal é a celebração do nascimento de Jesus, o Messias, Luz divina na Terra, Deus tornado homem na figura do Filho, aquele que veio ao mundo para sacrificar aquilo que na Terra é mais valioso, a vida, para tomar em si os pecados do mundo. Embora possamos, como escrevi atrás, pensar que há um enorme folclore em tudo o que se sabe, deixo um simples desafio, o de fecharmos os nossos olhos por um instante e pensarmos na história que conhecemos do Mestre. Vermos e sentirmos esta maravilhosa história dentro do nosso coração e, dentro dele, encontrar a resposta para essa questão, a da sua veracidade, a do seu propósito. Provavelmente vamos sentir que há coisas que são apenas ficção, mas há um fundo que ressoa nos nossos corações, como uma antiga memória que é recuperada e nos traz uma sensação à nossa alma, um calor, uma confirmação de que somos parte de um todo e que, nesse qualquer momento, tornado mito, história ou evangelho, algo aconteceu de maravilhoso, que trouxe uma nova esperança a um mundo dominado por guerras, conquistas e dor. Parece algo que conhecemos hoje, não é? Talvez por isso os últimos anos (assim como, creio, os próximos) nos trouxeram tantos falsos profetas.

O nascimento de Jesus é um sinal de esperança, uma dádiva do Universo à Terra para que ela possa cumprir o seu propósito de evolução. A mensagem que o Cristo nos trouxe foi a do Amor que tudo cura, que tudo cria, que tudo transforma, mensagem tão necessária há dois mil anos como nos dias de hoje, mensagem tão importante no coração do homem naquele momento no Médio Oriente, como hoje no mundo inteiro. Jesus, o Cristo feito homem, não desceu à Terra como um ser iluminado, surgido do nada. Pelo contrário, nasceu como humano, do ventre da sua mãe, bebé indefeso, criança que cresceu, mas que sempre manteve em si a sua essência, a inocência e a humildade de quem conhecia o seu propósito e o aceitava, com todas as dores e todo o sofrimento que lhe estava associado, o maior de todos, o sacrifício da sua própria vida.

É preciso compreendermos que o Natal e toda esta época são, precisamente, o ecoar do Universo na Terra, que nos recorda que para sermos adultos temos de primeiro ser crianças e que todos fomos crianças, que essa criança continua dentro do nosso ser, com tudo o que ela viveu, que todos somos vulneráveis, que todos passamos por coisas que nos magoam e nos transtornam, mas que quando estamos conscientes do nosso propósito, quando reconhecemos a divina missão que escolhemos e que nos trouxe à Terra, essa criança traz-nos a beleza da nossa essência, a inocência, a humildade e a compreensão dessa maravilhosa aprendizagem que é o Amor.

Por isso, neste Natal, no momento de trocar as prendas, troquemos também sorrisos, abraços e partilhas. No momento da consoada ou do almoço do dia de Natal, alimentemos também o nosso espírito e a nossa alma com a partilha de Amor. Nesse momento também, sintamos no nosso coração a alegria da dádiva do Universo para connosco, sintamos a energia Crística dentro do nosso coração, o seu infinito amor, sem dogmas de qualquer espécie, sem julgamentos e apontares de dedo, sem culpas, simplesmente com aceitação e respeito, com amor pelo nosso semelhante e pelo nosso irmão, mesmo aquele que não conhecemos, mesmo aquele que nos fez mal, pois não pode haver amor no nosso coração sem primeiro haver perdão, e também foi essa a lição maior que o Mestre nos deixou.

A todos, um muito Feliz Natal!

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