Quando falamos em Tarot pensamos rapidamente em cartas, lançamentos, previsões e compreensão de desafios. Quando começamos a aprender este ancestral conhecimento, compreendemos também que o Tarot vai além disso, trazendo-nos também a capacidade de nos conhecermos profundamente, que a previsão não é exactamente isso, pois na verdade nada se prevê, pois tudo está em aberto, sendo, na verdade, uma definição de tendência, uma simples compreensão de que, se eu seguir um determinado caminho, vou ter a um determinado ponto.
No entanto, quando começamos, verdadeiramente, a trabalhar com o Tarot, compreendemos também que a sua verdadeira natureza é multidimensional e muito mais profunda do que o que inicialmente tínhamos percepção. Há chaves e portas que nos dão acesso a mundos muito mais vastos e ricos, a dimensões que contêm muitas mais possibilidades do que aquelas que, inicialmente, conseguíamos chegar.
Digo muitas vezes que o Tarot funciona como uma espécie de computador, ao qual fazemos upgrades ao longo do tempo, instalamos programas novos e diferentes, consoante as nossas necessidades. Com o passar do tempo, o computador está adaptado a nós, e nós a ele, com as pastas nos sítios que nós pretendemos e os ficheiros acessíveis da forma que mais nos convém.
O Tarot é uma energia viva, que também “cresce” connosco, pois à medida que descobrimos e revelamos o nosso Eu, que tomamos consciência da nossa vivência energética e espiritual, à medida em que estamos abertos a um conhecimento mais profundo do nosso Ser, do Universo e das leis divinas, então também estamos disponíveis para mais conhecimento. Assim, na mesma proporção do nosso desenvolvimento real, não daquele que achamos que temos, o Tarot vai-nos revelando a sua sabedoria, permitindo-nos aceder a informações mais vastas e profundas, ao mesmo tempo que, ele próprio, faz um trabalho diferente.
Uma das mais interessantes (e importantes) facetas do Tarot é o trabalho energético e espiritual que ele faz. É muito errado e falacioso pensarmos que o Tarot só serve para responder a questões ou dar orientações sobre o caminho que estamos a fazer, pois ele permite-nos, através duma tiragem, ou mesmo sem ela, trabalhar a energia da questão e elevar esse trabalho até ao Eu superior da pessoa que nos consulta. Dessa forma, o trabalho de consciência é muito mais direccionado e, na verdade, estamos a curar a questão na sua origem, o espírito.
O Tarot é uma energia viva, que também “cresce” connosco, pois à medida que descobrimos e revelamos o nosso Eu, que tomamos consciência da nossa vivência energética e espiritual, à medida em que estamos abertos a um conhecimento mais profundo do nosso Ser, do Universo e das leis divinas, então também estamos disponíveis para mais conhecimento.
As cartas de Tarot não são simples pedaços de papel, cartão ou outro qualquer material, onde estão inscritas imagens bonitas. Cada carta é uma chave energética, representativa de um arquétipo vivo, reflexo da construção da humanidade, condensando informações da grande biblioteca do inconsciente colectivo, o Mental Superior. Aceder a essa informação é evoluir em nós mesmos, sendo que, de início, temos acesso a informações mais simples, mas com o nosso compromisso no trabalho com o Tarot, assim como, e principalmente, no trabalho em nós mesmos, vamos acedendo a pisos mais e mais elevados, vamos compreendendo melhor o que está para lá dos conceitos e das imagens, vamos revelando os enigmas que, na verdade, uma tiragem de Tarot nos traz.
Se o Tarot, assim como nós e tudo o que nos rodeia, é energia, então, ao trabalharmos uma questão, vamos levar até ela a sua vibração, a sua vivência, milénios de conhecimento integrado no etéreo, e tocar, se assim pretendermos e soubermos, na verdadeira origem da situação. Não trabalhamos apenas a reflexão no plano material, mas sim na fonte, no plano dimensional onde a ferida precisa de ser curada, compreendendo que uma situação vivida é o reflexo de algo superior, de algo que, na verdade, provém do nosso desafio pessoal, da integração com o nosso propósito de vida.
Numa tiragem de Tarot, acedemos à energia profunda da questão e, à medida que vamos trazendo as mensagens que as cartas nos trazem, vamos trabalhando a consciência de quem nos consulta. Da mesma forma, na proporção que essa consciência se abre para a verdade sobre si mesmo, não a nossa, de intérpretes, a da sociedade ou de outro alguém, mas sim a sua própria, a que o seu coração lhe diz à medida que a energia das nossas palavras vai fazendo ressonância, também a energia das cartas, em sintonia com a nossa, enquanto canal, vai transformando o que pode, necessita e é permitido (e merecido) ser transformado, elevando a vibração até ao nível da cura espiritual, que só é possível quando quem está à nossa frente está disponível e quando nós, enquanto terapeutas, fazemos aquilo que chamo de “trabalho de casa”, o trabalho interior, de consciência, de revelação, de autocura.
Quando acedemos a esta subtileza do Universo, estamos também a atingir o lado mais divino do Tarot, a sua dimensão energética, um dos mais fascinantes trabalhos que poderemos desenvolver com estas simples cartas. À medida que vamos trabalhando com ele, a sua energia enquadra-se na nossa e ajusta-se ao trabalho que vimos fazer aqui na Terra, se por acaso o Tarot fizer parte desse mesmo trabalho. No entanto, acredito, nada disto é possível se não houver um trabalho efectivo em nós mesmos, uma dedicação, primeiro que tudo, à descoberta do nosso Eu profundo, à libertação das nossas questões de ego.
Não podemos, nunca, dar aos outros o que não fazemos em nós, indicar caminhos aos outros se não trabalhamos nos nossos próprios caminhos, revelar bússolas se nem com as nossas sabemos trabalhar. Nunca nos podemos esquecer que o que plantamos é o que colhemos e que o Tarot pertence à subtil orgânica do Universo, respeitando todas as suas divinas leis, trazendo-nos também, quer queiramos ou não, a vivência e a consciência delas mesmas.