Boa noite!
Há dias fortes e intensos, que mexem connosco e nos fazem pensar e, acima de tudo, sentir a vida que está dentro de nós e que nos rodeia. Hoje foi, sem dúvida nenhuma, um desses, com muitas coisas a acontecerem e muitos sinais do Universo. Confesso que, hoje de manhã, quando peguei nesta reflexão para a escrever, o tema que tinha pensado nada tinha a ver com o que agora estou a escrever e, talvez por não ser o tema certo para o dia de hoje, nem um parágrafo consegui escrever.
Hoje, a passar a ponte 25 de Abril, envolto nos meus pensamentos e numa espécie de angústia que tinha no meu coração desde que me levantei, decidi por a música alta e cantar. Nesse momento, os carros à minha frente começam a parar e eu, obviamente, também parei. Ao olhar para a fila mais à direita, vejo um carro parado, de onde sai uma mulher, na casa dos seus trinta e tais, quarenta e poucos, que se dirige para a lateral da ponte, pronta a atirar-se. Apesar de termos abrandado, os carros estavam a seguir e eu, na faixa mais à esquerda, também tinha de o fazer. Creio que, nesse momento em que ela saiu, um carro de assistência já lá estava parado, até porque a faixa já estava desde trás sinalizada como fechada.
Não sei o que aconteceu depois, mas a minha boca abriu-se nesse momento apenas para poder proferir algumas palavras de oração, dirigidas àquela alma em sofrimento, pedindo que o seu espírito fosse liberto e ela pudesse ver o acto que estava prestes a praticar. Não sei se ela consumou o seu acto, espero que não, quero acreditar que não. Não sei o que aconteceu depois, mas até praticamente ao final do meu trajecto, o meu pensamento e as minhas palavras não deixaram de se dirigir às forças superiores, àquelas que, sei, nos ajudam quando podem, mas que não podem, de forma alguma, intervir no nosso livre-arbítrio. Por isso mesmo, o meu pedido foi que aquela mulher, aquela irmã de todos nós, pudesse, simplesmente, ver. Espero humildemente que, de alguma forma, possa ter feito diferença.
Nos últimos dias, tenho visto diversas situações em que me apercebo do quão perdidos e em sofrimento, tantos seres neste planeta estão. Basta olhar para as suas caras, para os seus semblantes pesados e sofridos, para o desespero de algo que, muitos deles, nem sabem bem de onde provém. Nestes dias, mais e mais, tem-se reforçado em mim o sentimento de fazer cumprir aquilo que tem sido transmitido, vezes sem conta, através de mim e de tantos outros que, como eu, procuram que a Luz vença e que cada ser neste planeta possa descobrir o divino que existe dentro de si. Cada dia mais, sinto que é o tempo de acordarmos, de despertarmos, de colocarmos mãos à obra e trazermos de dentro de nós a força do Amor Divino, que sempre tem estado disponível para cada um de nós.
Muitos, ainda envoltos nas malhas do ego, do materialismo, esquecendo a sua natureza divina, poderão achar todas estas palavras ridículas e utópicas, mas sei que todos aqueles que delas necessitarem, hoje ou em qualquer outro momento, irão encontrar nelas a Luz que, humildemente, quero transmitir. Não pretendo evangelizar ninguém, só quero, hoje, que possam partilhar do que eu senti e tirarem, cada um, as vossas próprias conclusões.
Não somos nada, nem ninguém, para criticar ou julgar seja quem for, e muito menos quem chega a um limite tal que se predispõe a tirar de si o mais valioso que existe na Terra, a sua própria vida. Devemos pensar, sim, que não somos ilhas isoladas e que cada um de nós está ligado a cada ser que habita este planeta, nem que seja pelo simples facto de que somos parte de um Todo, que partilha a Terra como forma de evolução e crescimento. Somos todos irmãos, filhos de um mesmo Pai, que se esqueceram que provêm de outras esferas, de outros caminhos, e que acharam, num qualquer momento, que na Terra poderiam obter um poder qualquer, que lhes alimenta o ego e lhes retira a verdadeira humanidade.
Cada dia mais, precisamos compreender, tomar consciência e guardar no nosso coração esse sentimento de partilha e fraternidade, de que somos todos irmãos, que somos todos composto da mesma matéria que este e todos os outros planetas, que todos os sóis, todas as estrelas, todas as galáxias. Que somos da mesma matéria que todos os que desencarnaram, pois, no fim, o corpo nada é, os planetas nada são, mas as almas e os espíritos sempre permanecerão e, infelizmente, ainda há muitos espíritos que sofrem em diversas esferas, por tudo o que viveram na Terra, por vivências de egocentrismo, materialismo, poder, inveja, ódio, mágoa e sofrimento.
Por isso, e ainda que esta reflexão, ao contrário do habitual, seja mais pessoal e emotiva, gostaria que, neste momento, cada um de nós olhasse um pouco mais para dentro de si e sentisse estas mesmas palavras dentro do seu coração. Se cada um de nós dedicar um pouco do seu tempo à oração, se cada um de nós dedicar uns minutos dos seus pensamentos para falar com os nossos amigos lá de cima, mas também com o seu próprio eu, olhando para si mesmo e também ouvindo-se, em vez de pensar no que vai comprar ou no que o outro tem, talvez, lentamente, a consciência colectiva comece a mudar um pouco e a transformar-se, tão simplesmente porque, na verdade, cada um, verdadeiramente, mudou.