
Hoje, às 15:21 (hora de Lisboa – UTC-1), vivemos o Equinócio de Outono no hemisfério Norte, o momento em que o tempo de dia e de noite é igual, onde luz e sombra se equilibram, pedindo, em cada um de nós, também uma reflexão. O Verão termina e o Outono começa a abrir o caminho até ao Inverno, que, por sua vez, nos levará a uma nova Primavera, mantendo o ciclo perpétuo das estações que nos rege aqui na Terra. Tal como na Natureza, também há um tempo em nós, em cada ciclo, para nos reequilibrarmos, libertarmo-nos do que já não nos faz falta, limparmos a nossa alma de tudo o que nos pesa, transformando essa energia em conhecimento, integrando-a em sabedoria, elevando o nosso espírito e tocando o divino através da fé, essa mesma fé que nos move em direcção a um tempo de morte e nos faz acreditar num novo renascimento.
Duas vezes em cada ciclo, em cada ano, os pratos da balança se equilibram. O primeiro momento é marcado pelo Equinócio da Primavera, a entrada do Sol no signo de Carneiro, o início do ano astrológico, o início do ciclo; o segundo é o que vivemos agora, o Equinócio de Outono, o ponto central do ano, o momento em que o Sol entra no signo de Balança e onde tudo se reequilibra, onde tudo se reflecte, pois esse reajustar nada mais é do que a percepção do que Eu sou perante o outro, do que eu tenho a dar e do que eu me permito receber. Se no primeiro momento, o novo ciclo se impulsiona, neste segundo momento somos levados a olhar para o caminho percorrido e a ajustar o que sentirmos necessário. Mente e coração unem-se agora para amplificar a visão da nossa vida e permitir-nos, olhando para trás, assimilar as vivências e, dessa forma, também, podermos olhar o futuro com uma nova perspectiva. O segredo, mais uma vez, é o momento, o agora, libertando-nos desses extremos que são prisões e alinhando-nos com o fiel da balança, o presente. Assim, nas nossas mãos, o nosso livre-arbítrio amplifica-se, exactamente na mesma proporção em que respeitamos o outro, pois na verdade não existe um outro, ele é um espelho de mim mesmo.
Nos céus, este Equinócio eleva-nos a consciência duma forma extraordinária, solicitando-nos uma atenção redobrada, um foco especial, preparando-nos para as atitudes que os tempos que se atravessam à nossa frente pedirão. Mercúrio, em Virgem, terminou o seu percurso retrógrado e, agora, estacionário, vai começar a retomar a sua velocidade no movimento directo, trazendo-nos tudo o que, nestas últimas semanas, foi pensado, reflectido, sentido e percepcionado até à Luz do momento presente, pedindo-nos que, agora, cada acção seja tomada em consonância com essas mesmas conclusões. Ao mesmo tempo, Plutão, em Capricórnio, desacelera e estaciona, preparando-se para voltar ao seu movimento directo nos próximos dias, impulsionando transformações, colocando nas nossas mãos a responsabilidade por trazer para a superfície tudo o que no nosso submundo, nos últimos meses, foi visto, sentido e gravado em nós.
A beleza de tudo isto está em que estes dois planetas, por estes dias, fazem um trígono perfeito, alinhando e partilhando as suas energias, funcionando como um super adubo para as sementes de transformação plantadas dentro de nós, já alimentadas pelos eclipses deste mês, mas que agora começam a rasgar a terra, a crescer e a florir. Num momento com tantas crispações, com tantos conflitos pelo mundo, mas também em nós mesmos, com tanta intolerância, medo, falta de entendimento, de aceitação e compreensão, esta junção de energias é poderosa, mas, se mal gerida, poderá ser muito perigosa. A chave está em olharmos para nós, para o nosso caminho, para o nosso propósito de vida, e reconhecermo-nos como únicos, mas olhando e reconhecendo também, para cada um dos que nos rodeia, neste mundo inteiro, essa mesma condição, essa mesma verdade. O Sol, ao entrar em Balança, caminha para a perfeita conjunção com Júpiter, trazendo-nos a consciência da beleza da vida, relembrando-nos que ela é uma dádiva divina, ao mesmo tempo que é uma escolha que está, em cada momento, em cada um de nós, que devemos cultivar, preservar e respeitar, em nós e nos outros, pois é dessa forma que chegamos ao nosso Eu Superior.
Se soubermos aproveitar estas energias, ou seja, se abrirmos o nosso coração, se formos honestos e verdadeiros connosco, se nos libertarmos de todas aquelas coisas que repetidamente temos sido avisados que nos consomem e destroem, se vivermos em aceitação, amor, fé e perdão, então, de certeza, iremos colher algumas das mais belas flores nas nossas vidas, pois não importa o tempo, a estação do ano ou o mês, a Mãe Natureza sempre nos presenteia com a sua singularidade, recordando-nos que cada momento tem a sua beleza certa, em pleno equilíbrio, que se a Primavera nos traz as Camélias, o Outono traz-nos os Amores-Perfeitos.