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O Elixir

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O Universo, como o conhecemos, nomeadamente na sua manifestação enquanto vida, é composto de dualidade. É essa dualidade que, em integração constante, que nos possibilita a transformação constante e permite-nos crescer e evoluir. Na verdade, nada do que existe, nada do que conhecemos enquanto existência, na Terra e em todo o mundo material que nos rodeia, está isenta desta simples condição. A mais, primordial, simples e directa que temos é a que coloca em interacção Sol e Lua, que não só é a que permite a vida na Terra, como também é a que simboliza a nossa própria identidade, a nossa própria vida, o nosso consciente (o Sol) e o nosso inconsciente (a Lua). Por isso, os Eclipses são fenómenos tão importantes e determinantes na vida terrena, tão temidos em tantas culturas e em tantas épocas da nossa existência e, a pouco menos de um dia de termos mais um eclipse, desta vez lunar, é tempo de o compreendermos e ao que ele nos traz.

Amanhã, dia 16 de Setembro, às 20:05 (hora de Lisboa UT-1), dá-se o segundo Eclipse deste mês. Após o Eclipse Solar do dia 1, agora teremos o Eclipse Lunar Penumbral, com a Lua em Peixes e o Sol em Virgem, manifestando a Lua Cheia deste mês, tão forte e importante, devido ao alinhamento que permite o eclipse. Se a Lua Nova é o tempo de semear, na Lua Cheia temos de colher, percepcionar, separar, guardar e preparar o novo plantio, pois a cada momento é este ritmo que nos é solicitado e ao qual respondemos, voluntária ou involuntariamente. Há algum tempo, não muito, nas nossas vidas, mais precisamente no Eclipse Solar de 9 de Março passado, fomos chamados a plantar novas sementes, novas escolhas, novos caminhos, fomos chamados a compreender mais sobre nós, a mergulharmos no nosso eu mais profundo, nas nossas emoções, a confrontarmo-nos com o vazio do nosso Ser e a embrenharmo-nos nele, de forma a podermos descobrir partes de nós que não conhecíamos.

Agora, neste Eclipse Lunar, é tempo de colher os frutos desse trabalho que temos feito, e adubar as novas sementes que temos vindo a plantar, nomeadamente no último Eclipse, do dia 1 de Setembro. Parece confuso, e até é, mas a verdade é que este é um ciclo perpétuo e integrado, muito associado aos próprios ritmos da Terra, marcados pelos Solstícios, que nos mostram que sem passarmos pelas Trevas não podemos chegar à Luz, e que cada Luz leva-nos ao caminho de novas Trevas, para que possamos erguer-nos novamente, na mais magnífica vida. Por isso a semente é plantada dentro da terra, mergulhada no seu íntimo, escondida da Luz, rebentando primeiro em raízes que a ligam ainda mais às profundezas, pois só ligada a essa mesma natureza visceral, profunda, terrena, ela tem bases para poder erguer-se nos céus como uma planta e suportar todas as provações da vida neste planeta. Da mesma forma, esse é o caminho que todos fazemos neste campo de treino e evolução que é o planeta Terra, a nossa primeira Mãe nesta dimensão. Então, continuamente, plantamos e semeamos, para de seguida colhermos, e dessa colheita surgem alimentos que vamos logo saborear, mas também surgem novas sementes, assim como alimento para as sementes já plantadas, perpetuando um ciclo de crescimento e aprendizagem. Temos em nós a liberdade de o travar, mas a verdade é que isso seria estagnar, seria morrer.

O que este eclipse tem de especial é o que ele vem-nos solicitar, numa altura em que nos céus há tanta coisa extraordinária a acontecer, reflectindo-se para as nossas vidas na Terra. Júpiter já entrou em Balança e já lá está perfeitamente instalado, trazendo-nos a expansão das nossas relações e da nossa ligação com o outro (aconselho a leitura do meu artigo O Espelho do Eu sobre este tema), mas há um conjunto muito especial de planetas em movimento retrógrado, nomeadamente os transpessoais Úrano, Neptuno e Plutão (embora este último esteja em forte desaceleração para voltar ao seu movimento directo), Quíron e Mercúrio, sendo que estes dois são fulcrais neste processo de eclipse, pois Quíron estará conjunto à Lua no momento do Eclipse e Mercúrio é o dispositor da energia do Sol em Virgem, e estará também em conjunção com o eixo do eclipse. Todos estes planetas em movimento retrógrado elevam as nossas energias até uma tomada de consciência colectiva mais profunda, a um mergulhar sobre quem somos, sobre as nossas vidas, levando-nos a questionar, a sentir, a partilhar entre nós esses mesmos sentimentos. Júpiter, por sua vez, permite que tudo isso seja levado de forma simples, fácil e directa a todos os que nos rodeiam, amplificando a rede que a todos nos une, que nestes tempos está mais sensível e a ressoar, como uma teia de aranha apuradíssima, que ao mínimo toque dá um sinal de alerta.

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Mapa do Eclipse – dia 16 de Setembro, 20:05, Lisboa (UT-1)

Com todas estas condicionantes, este Eclipse tem um efeito muito profundo, não ao nível da consciência mental, mas sim ao nível da emocional e sensorial. Com Quíron em conjunção à Lua do Eclipse, este é um tempo de cura das nossas memórias kármicas, representadas pelo eixo dos nodos, que nestes tempos caminha de Peixes para Virgem, que vai receber em pleno as energias libertadas e vai transportar-nos para a necessidade de trazermos as nossas emoções ao de cima e com elas transformarmos as nossas vidas, diluirmos os nossos padrões, zonas de conforto, bloqueios e medos, e reconhecermos a nossa existência, a nossa vida, a nossa Centelha. Essa foi a semente plantada no Eclipse de Março, reforçada no Eclipse do dia 1 de Setembro, esta é a semente cujo fruto iremos ter de colher agora, quando as sombras são iluminadas, quando o nosso Eu interior se torna visível e cabe a cada um de nós recolher o que é nosso por direito e dever.

No fundo, um Eclipse Lunar é uma oposição em perfeito alinhamento entre o Sol e a Lua, em que a Lua, representante do nosso lado mais profundo, recôndito e interior, do nosso inconsciente, da nossa sensibilidade e das nossas carências, medos e bloqueios, é iluminada pelo Sol, representante do que é mais visível em nós, do nosso consciente, do nosso brilho, do nosso Eu. Alinhados, Sol ilumina a Lua, mas dado o seu posicionamento em relação à Terra, esta última oculta total, parcial ou penumbralmente, como é o caso, esta iluminação. Então, simbólica e fisicamente, nós estamos no centro do alinhamento, tocados pelas energias do Eu consciente e do Eu inconsciente, e, nesse momento, temos a capacidade de tocar num pouco do que está para lá do nosso próprio espelho, ver o que existe em nós duma forma única e especial. O que está em causa é o ponto onde, no nosso mapa, os graus 24º de Peixes e Virgem, o eixo deste Eclipse irá tocar. As casas onde eles estiverem, no nosso mapa, serão as áreas de vida onde este trabalho de cura emocional, de resgate da nossa essência emocional, será feito, e os planetas onde eles tocarem serão os agentes da nossa identidade que serão por eles transformados.

Então, este Eclipse vem-nos pedir que olhemos para dentro de nós, para o que mais íntimo, mais profundo, e mais vazio existe em nós, que, sem medo, receio ou bloqueio, possamos entrar nessa caverna escura e permitirmo-nos conhecer o nosso Mestre Interior, pois é ele quem nos saberá dar todas as respostas que necessitamos neste momento. Este é um tempo de fé, sem dúvida, pois não nos podemos esquecer que há um terceiro factor neste Eclipse, o verdadeiro desbloqueador deste jogo entre inconsciente e consciente, entre o vazio da nossa alma e a prática do nosso Ser, que é Marte, em Sagitário, que forma com o Eclipse um perfeito T-Square, ou seja, faz quadratura com ambas as partes, tornando-se ele o ponto de libertação energética deste evento. Assim, o que ele nos mostra, é que de nada serve procurar o Mestre Interior se nele não acreditar, assim como não serve de nada fazer grandes obras em nome de algo que também não acredito. Não adianta ser algo que não sou, como também não adianta tentar não ser aquilo que realmente vim ser aqui na Terra. Marte vem-nos recordar que o trabalho de cura e consciência kármica só tem efeito se for efectivamente feito, sentido, vivido, impulsionado, que às vezes implica dor, implica rasgar as entranhas, reabrir as feridas para purgar o veneno que nelas ficou. As feridas e as memórias que aqui estão em causa são aquelas que estão registadas, guardadas e, muitas delas, cristalizadas, de sofrimento, mágoa, ódio, rancor, inveja, injustiça, de falta de amor, de falta de merecimento, que só com acção pura e verdadeiramente sentida é que podem ser limpas, curadas e transformadas, trazidas do mais profundo e interior que Peixes nos permite atingir, recebidas com a maior humildade que Virgem carrega em si, sentidas com a maior compaixão que só Peixes consegue revelar, vividas com a maior aceitação que só Virgem sabe ter, mas sempre elevadas em sabedoria como só Sagitário nos permite.

Então, o que nos será oferecido é assim como um elixir de cura, depurado até à mais ínfima porção pelo Mestre Quíron, o Curador, que, recebendo as instruções de Neptuno, Mestre das Emoções Divinas, aliadas ao conhecimento de Mercúrio e à bênção de Júpiter, o deitou num frasco especial e o colocou directamente nas nossas mãos. Podemos não o beber, é certo, mas, ao estar nas nossas mãos, há algo que teremos de com ele fazer. Se o decidirmos beber, é provável que ao princípio nos amargue a boca, nos aperte o coração, nos doa a alma e o corpo, nos faça agonizar, quase como se experimentássemos a morte, pois não há nova vida sem a morte daquilo que nos impede de a viver e, na verdade, a morte nada mais é do que uma profunda transformação. No entanto, com toda a certeza, depois dessa experiência, que nada mais é do que o desapego, a libertação e a purificação, voltaremos à vida, recuperando o nosso livre-arbítrio, pois quando vivemos tais sentimentos, tais situações, tornamo-nos delas reféns, não vivemos, sobrevivemos arduamente, agonizando até ao golpe final. Por isso, aquilo que, em última instância, este Eclipse tem para nos oferecer é a mais profunda libertação dos nossos apegos, das prisões de alma que ainda persistimos em manter, por medo da separação, do esquecimento, da falha, da dor ou por outra razão qualquer, esquecendo que apenas quando somos livres em nós mesmos, poderemos ser livres no mundo que nos rodeia.

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