Ao longo dos últimos anos, um processo de consciência tem sido vivido na Terra, manifestado por diversos acontecimentos e situações, não só no mundo exterior, como também dentro de cada um de nós. A Mãe Terra, os animais, as plantas, numa ligação mais sublime ao divino, mostram-nos isso todos os dias, já nós, seres humanos, vivemos todo este processo a par da nossa própria evolução espiritual, sendo que as tomadas de consciência são diferentes de ser para ser. Contudo, acredito, nenhum de nós está imune a este momento, nem mesmo os menos conscientes, formados ou letrados; todos nós, desde o mais cosmopolita ao mais puro indígena, do mais rico ao mais pobre, homem ou mulher, o velho mais velho no leito da morte ou o bebé que acabou de nascer, estamos a viver este tempo e a ser elevados em toda a sua energia.
Hoje, dia 9 de Setembro de 2016, é um dia especial neste trabalho de consciência sobre o planeta Terra e sobre cada um de nós, pois contém em si dois grandes acontecimentos. Por um lado, estamos a viver um Portal cósmico importante, que se irá manifestar durante todo o mês, em três pontos, e, por outro lado, o planeta Júpiter termina o seu trabalho no signo de Virgem, voltando a Balança após doze anos, no dia em que Sol e Lua fazem quadratura exacta, marcando a fase quarto-crescente. Embora parecendo o contrário, estes dois factos, unidos sobre o mesmo dia, têm uma simbologia muito profunda e bela, nomeadamente pelo facto de acontecer numa sexta-feira.
Doze anos passaram-se desde que Júpiter esteve no signo da conexão, Balança, doze anos de grande transformação, de inúmeras mudanças, onde uma crise que se começou a anunciar amplificou-se, trazendo-nos ao ponto onde vivemos hoje, o de ruptura de sentido dos sistemas vigentes, em termos económicos, financeiros, políticos, mas, essencialmente, humanos. Muitas coisas mudaram nestes últimos anos, e ao voltar a Balança, Júpiter vem-nos pedir que, após 6 anos de mais um ciclo zodiacal (desde 2010, quando entrou em Carneiro), e com tudo o que temos vivido, possamos espelhar as aprendizagens feitas através de actos que, realmente, possam ser mais do que simples acções, mas sim verdadeiras dádivas a nós mesmos e ao mundo que nos rodeia. De facto, espelhar é a palavra mais correcta para este próximo ano, pois esse é o efeito que Balança nos traz em toda a sua energia. Júpiter apenas vai aumentar, em muito, o tamanho desse espelho.
Júpiter amplifica tudo por onde passa, mostrando-nos as suas várias faces. O rei dos deuses do panteão romano, de cada vez que vinha à Terra para novas conquistas, colecionando mais e mais amantes, transformava-se nas mais diversas formas, de pessoas a animais, nunca mostrando a sua verdadeira face, pois se o fizesse, como aconteceu certa vez, o seu brilho fulminaria quem o visse. Júpiter tinha sobre os seus domínios os céus, a infinidade do espaço celeste, tudo o que está para lá do visível e, por isso, na astrologia, ele tem o trabalho de expandir, de amplificar, de nos elevar. Por isso, também, é regente de Sagitário, o signo da fé, mostrando-nos que ela é, verdadeiramente, a capacidade de nos entregarmos a algo maior e de confiar em algo que ainda não aconteceu, largando os controlos e compreendendo que o nosso livre-arbítrio é maior consoante aceitamos melhor o que o Universo tem para nos dar. Assim, Júpiter, no Tarot, é representado pela energia da carta X – A Roda da Fortuna, a carta do destino.
Em Balança, Júpiter amplifica tudo o que em nós existe que está em conexão com os outros, levando-nos à percepção das máscaras que usamos e oferecendo-nos a possibilidade de as deitarmos abaixo. Esta ligação energética leva-nos até à compreensão que tudo o que eu sou está reflectido naqueles que me rodeiam, não me permitindo fugir dessa responsabilidade, obrigando-me a revelar-me, principalmente, a mim mesmo, pois se assim o fizer, conseguirei mudar o que tiver de ser mudando, no tempo certo. O outro é, na verdade, o meu professor, na devida distância que um professor tem de mim mesmo numa sala de aula. O outro não é um Mestre, apenas professor, pois ele ensina-me a ver-me através dele. O Mestre está nos domínios de Saturno, durante o próximo ano ainda em Sagitário, que é regido por Júpiter, o que significa que, durante este ano, se assim quisermos, o professor pode tornar-se o Mestre, desde que eu consiga eliminar a distância que existe entre mim e o outro e consiga ligar-me com o ensinamento que ele tem para me dar.
Aprender, ao estilo de Júpiter, é conhecer. Não podemos dizer que conhecemos uma cidade só por ver na televisão ou por ler livros sobre ela, temos de fazer a viagem, pisá-la, senti-la, cheirá-la. Da mesma forma, conhecermo-nos a nós mesmos é como conhecer alguém, não pode ser apenas pelo exterior, pela imagem, pelas roupas ou pelos gestos, temos de mergulhar no ser, no interior, trazendo para a consciência aquilo que está guardado. No signo do equilíbrio e da relação, aprender é sair da minha esfera, do meu conforto, e abraçar o outro, é ver-me nele, como o espelho que ele é. Por isso, nestes próximos meses, Júpiter, que também é regente de Peixes, vai-nos levar a conhecer o mundo à nossa volta, vai evidenciar o que existe bem ao nosso lado e exponenciar o que plantamos, em cada dia, nas nossas vidas. Podemos ter um jardim lindo, mas se ao lado há uma lixeira que continuamos a achar que não é nossa, que achamos que não nos atinge e, por isso, não nos precisamos de preocupar com ela, Júpiter vai trazer a brisa que nos vai presentear, no meio do nosso jardim, com o cheiro nauseabundo e putrefacto.
O mundo que nos rodeia vai chegar às nossas portas, não necessariamente pelo contacto directo, mas sim pela consciência, mostrando-nos o seu reflexo em nós. Se temos dado aos outros aquilo que queremos para nós, se temos dado amor, entrega, paz, aceitação, esse reflexo será de brilho e radiosa bênção, mas se continuamos a alimentar os velhos padrões de invejas, ciúmes, de alheamento, de desligamento e desresponsabilização, então iremos ficar verdadeiramente desconfortáveis com tudo o que vamos ver sobre nós. Júpiter em Balança traz-nos a consciência da solidariedade, traz-nos o retorno do nosso investimento e a percepção do nosso lugar no mundo. No fundo, o que iremos ver é a tomada de consciência e uma maior verdade sobre o que nos rodeia, trazendo-nos também o peso da justiça, seja ela de que natureza for, sobre cada um de nós. Os velhos padrões de poder, aqueles que alimentam as desigualdades, pois delas se aproveitam, vão aqui encontrar mais um ponto de ruptura, quando Júpiter e Plutão estiverem em quadratura, evidenciando ainda mais as falhas de sistemas corruptos. Recordemo-nos apenas que tudo o que existe no mundo é reflexo de quem nós somos, que tudo o que criticamos no mundo é também vivido por nós, em cada dia, e que está nas nossas mãos mudar o que tivermos de mudar, primeiro no nosso ser, para depois reflectir no mundo.
Por isso, também, este será um tempo de maior consciência de questões que impliquem diálogo, tornando-nos mais sensíveis a tudo o que implique tolerância e aceitação. Se em Virgem, Júpiter fez o trabalho minucioso e chato de evidenciar pormenores e mostrar-nos o que precisávamos de ver sobre as nossas atitudes e as dos outros, em clara separação do trigo, em Balança somos chamados a lidar com o joio, ao mesmo tempo que equilibramos e racionalizamos o trigo. É preciso compreender que o que nos tem retirado a capacidade de crescimento e de vivência é tudo o que nos afasta da nossa humanidade. Dessa forma, tantas vezes, vamos percebendo que a crise que tanto se fala e tanto se vive, no plano financeiro, económico e, mais recentemente, de poder, é, na verdade, uma crise de valores, de humanidade. O Universo leva-nos, todos os dias, ao limite para que possamos reajustar-nos, repensarmos o nosso caminho, nos recordarmos de que somos todos irmãos. Contudo, poderemos pensar e afirmar que há tantos neste planeta que não vêem isso, que nos atacam, que têm colhido inúmeras vidas em nome de religião, mas agora chegou o tempo do espelho, de vermos que, também nós o temos feito, de forma diferente, por outros motivos, por ganância, por arrogância, por poder. Se queremos mudar a atitude dos outros para connosco, talvez seja bom, em primeiro lugar, mudar a nossa atitude para com os que nos rodeiam. Aplica-se ao mundo, mas também se aplica a nós mesmos, nas coisas mais simples das nossas vidas. No fundo, Júpiter em Balança auxilia-nos também nesse aspecto, pois o diálogo se tornará mais fácil, a tolerância será mais vivida e sentida como uma dádiva que está nas mãos de cada um, transmutada pela aceitação, pelo respeito, pelo profundo amor.
Curioso e interessante é que, neste mesmo dia em que Júpiter sai de Virgem e entra no signo de Balança, a Terra viva uma energia cosmicamente poderosa, um Portal de alinhamento energético com um significado muito peculiar. Durante este mês de Setembro, o 9º mês do calendário, teremos três dias em que viveremos uma energia reflectida pelo número 9, hoje, dia 9, dia 18 (1+8=9) e dia 27 (2+7=9), num ano, também ele, de energia 9 (2+0+1+6=9). Então, vivemos neste mês três momentos de Portal de energia 9 (também conhecidos como 9-9-9), momentos de alinhamento energético forte e profundo, que nos ajudarão no trabalho de ligação à energia da Terra, nomeadamente através de mais uma fase de despertar profundo da humanidade. O número 9 é um número de fecho e conclusão, uma sabedoria adquirida através de um caminho, permitindo a abertura de um novo ciclo onde seremos chamados a usar esse mesmo conhecimento para podermos crescer e evoluir. Como um patamar no meio de uma escadaria, a energia manifestada pelo 9 é aquela que nos pede para vivermos cada momento com a aprendizagem do passado transformada em sabedoria, mas sem a ela estarmos presos, focando-nos no primeiro degrau que ali se coloca à nossa frente em mais uma parcela de escada que temos de subir.
Então, neste Portal de energia 9, o que o Universo nos pede através desta vibração que estamos a viver, é que saibamos fechar nas nossas vidas os processos que necessitam de conclusão, vivendo os devidos lutos, cortando os laços, desapegando-nos e transformando esses mesmos caminhos. Ao mesmo tempo, o número 9 é um número criativo, pois ele mostra-nos que quando nos libertamos de algo, quando nos desapegamos, é como quando temos apenas um copo, mas ele tem água e nós queremos beber vinho. Simplesmente, não podemos colocar o vinho por cima da água, estragaremos os dois, temos de nos libertar da água, bebê-la ou deitá-la fora, lavar o copo depois, para de seguida lhe colocarmos o vinho. Da mesma forma, sem desapego e purificação do que já não nos faz falta, não podemos viver nas nossas vidas aquilo que realmente pretendemos. Tudo isto também pede transmutação, pede que saibamos lidar com o que a vida nos deu e retirar disso as devidas conclusões. Não podemos simplesmente pegar no copo com água e atirá-la para o chão, pois iremos molhar-nos, pisá-la e continuar com ela em nós, temos de a beber ou deitá-la numa planta, na pia, ou onde for, ou seja, transformá-la.
Ao vivermos estas duas energias no dia de hoje, com os eclipses deste mês a orientar-nos para processos de integração e transformação, estamos perante uma janela de oportunidade tremenda, que nos coloca nas nossas mãos a chave para iniciarmos ou continuarmos mudanças nas nossas vidas. Nunca é tarde para abrir a consciência, e a verdade é que este momento é mais uma oportunidade para muitos de nós abrirem os seus olhos, os seus corações e sentirem o grito das suas próprias almas, mas que tal só pode ser possível quando deixamos de viver no nosso umbigo, em regime de competição atroz e destruidora, esquecendo-nos do mais primordial da nossa existência, que cada um de nós é verdadeiramente único e que ninguém ocupa um lugar de alguém, mas que ao respeitarmos a luz de cada um, as capacidades de cada um, ao quebrarmos velhos padrões de materialismo, egoísmo, inveja, ciúme e vitimização, permitimo-nos crescer, evoluir e ascender, pois baseamo-nos em amor, em respeito, em compaixão e aceitação. Nada mais do que isso, neste momento, nos é pedido, nada mais do que ter em nós as palavras do Mestre: “Amai-vos uns aos outros; assim como Eu vos amei.” Atrás referi que havia uma beleza por detrás deste acontecimento ser numa sexta-feira. Tal se manifesta pelo facto de sexta-feira ser dia de Vénus, que será, durante o tempo de Júpiter em Balança, o planeta que o irá influenciar e reger, mas também porque, na Umbanda, ser o dia do Orixá Oxalá, um dos Orixás regentes deste ano, que é sincretizado com Jesus Cristo.