Hoje, às 10:28 (horário de Lisboa, UT), deu-se o ponto do Equinócio da Primavera, o ingresso do Sol no signo de Carneiro. Neste dia, em que o tempo de luz e de trevas é igual, que marca o fim de um ciclo e o início de outro, recordemo-nos que foi o Inverno, no seu frio, chuvas e gelo, na sua morte, no fundo, que permitiu que, agora, as sementes, protegidas e alimentadas, rasguem a terra, se elevem aos céus, floresçam e nos tragam os seus frutos.
É a morte que gera a vida, é o fim de um ciclo que nos traz a aprendizagem que necessitamos para iniciar um caminho que, ainda que não seja novo, traz-nos uma energia de novas possibilidades, de nova consciência, de um novo despertar. Contudo, é preciso ter a percepção que, ainda que haja um dia e uma hora específicos deste momento, é na continuidade do tempo que vivemos e que não precisamos de esperar por este ou por outro minuto ou segundo para fazer uma afirmação, para definir um caminho, para tomar uma decisão, para formular desejos ou mudar algo.
Esperamos, muitas vezes, um tempo certo, um momento perfeito, para fazermos algo pelas nossas vidas, e esquecemo-nos que a Primavera não é um momento, um dia ou uns meses, mas sim uma tomada de consciência, um novo degrau, uma elevação da nossa energia, que só pode ser realmente aproveitada quando nos libertamos dos nossos medos e limitações, das crenças antigas e que a lado algum nos levaram. Se compreendermos que enquanto esperamos pelo tempo certo para mudar as nossas vidas, pelas condições perfeitas para dar um passo, vivemos numa eternidade de gelo e de sombra da nossa existência e não deixaremos de viver na fatalidade de um Inverno, nunca nos permitiremos ser Luz, nunca viveremos a beleza da Primavera.
É neste momento que, simbolicamente, as trevas são vencidas pela Luz e, mais uma vez, o Sol se dirige para o seu esplendor. Nos céus, os planetas se alinham e dão-nos o mote para este novo ciclo, para o novo ano astrológico que agora se inicia. Ainda que este ano nos possa trazer muitas bênçãos, a verdade é que ele nos colocará nas mãos o desafio de sairmos das nossas zonas de conforto, de abraçarmos os desafios que nos têm sido mostrados, de revelarmos a nossa Luz e deixarmos para trás os velhos hábitos e padrões, os medos e as crenças caducas e apodrecidas.
No entanto, não nos esqueçamos que é no outro que tomamos consciência de nós mesmos, e que foi a vivência cartesiana, egocêntrica e fechada na ambição desmedida, arrogante e descompensada, que nos levou ao ponto em que a nossa sociedade está, mas que é a mudança individual e interior que pode levar a outros caminhos, se assim pretendermos. Como as rosas não têm apenas a sua beleza e aroma, mas também os espinhos, e temos de amá-las como um todo, os desafios deste ano serão proporcionais a essas bênçãos, e temos de ter em atenção que Saturno, que no mapa deste novo ano astrológico está conjunto à Lua, em Sagitário, e que, ainda que no mesmo elemento, Fogo, fazem quadratura com o Sol, entrará, em Dezembro, pouco antes do Solstício de Inverno, no signo de Capricórnio, e isso significa que, se não soubermos valorizar as dádivas que nos estão a ser dadas, se não soubermos tomar as decisões e executá-las, aquelas que já nos foram mostradas e colocadas nas mãos, então teremos cravado em nós a responsabilidade, em definitivo, do nosso caminho, e não poderemos ser merecedores de algo melhor.
Para este novo ano astrológico, em especial para nós, em Portugal, o ano será regido por Mercúrio, que está no signo de Carneiro, conjunto a Vénus, que continua no seu movimento retrógrado, e, por isso, este é um ano em que é preciso saber direccionar o nosso pensamento, mas também as nossas acções, que é preciso compreender que as palavras são energia criativa e têm um poder imensurável, que o que na nossa mente criarmos, ser-nos-á trazido de forma exponencial. Em Carneiro, Mercúrio encontra o seu domicílio esotérico, uma dimensão maior, que o aproxima mais da sua oitava superior, Úrano, também ele em Carneiro, conjunto a Éris, trazendo-nos a consciência da mudança, do rasgar de padrões, da necessidade de ultrapassarmos os nossos limites e compreendermos que somos espíritos e não corpos, que somos centelhas divinas numa experiência corajosa de evolução na Terra.
Nesse sentido, também, é tempo de sair da ilusão, de compreendermos as mensagens que os passos antes dados, não dos últimos 4, 5 ou 6 anos, mas sim de toda a nossa vida, nos têm ensinado. Não é porque as coisas ficam um pouco mais leves, o ambiente um pouco mais animado, com maior esperança e motivação, que o caminho terminou e podemos viver felizes para sempre. Na verdade, esta é mais uma etapa do caminho, que devemos aproveitar e viver ao máximo, que devemos agarrar com mãos firmes, mas com a consciência que é também uma semente que está a ser plantada, que um dia dará flores. Por isso, o Nodo Norte em Virgem, onde tem estado nos últimos meses, mas onde está prestes a terminar a sua jornada, apela-nos a olharmos para dentro de nós, a cultivar em nós a humildade, mas a compreender que a realidade se constrói pelas nossas mãos e não por uma fé insustentável, seja num qualquer deus, entidade, governo ou sociedade.
A verdadeira fé é aquela que brota da alma como uma flor que vai crescendo até abrir e exalar o seu aroma. É essa a mensagem que Saturno e a Lua, conjuntos em Sagitário, alinhados com o centro da nossa galáxia, nos pedem neste momento, cultivar a Fé em nós, no ser humano, deixar essa vibração invadir-nos e saber libertá-la para todos os que nos rodeiam, responsabilizarmo-nos por quem somos, pela missão que nos trouxe aqui, ainda que não tenhamos total compreensão dela. É a vontade de compreender, que Sagitário nos traz, que nos recorda que somos mais do que nós mesmos, que nos permite ultrapassar todas as barreiras, mas que tal só é possível quando há um propósito e, honestamente, neste momento, no mundo em que vivemos, propósitos não nos faltam.
Olhar o outro como um reflexo de nós mesmos, como um irmão, que necessita de amor, de esperança, de cuidado, de uma palavra amiga (a tal palavra que tem o imensurável poder), de um prato de sopa ou dum pedaço de pão, de um abraço ou um simples olhar, de um sorriso ou de uma manta. Olhar o outro e compreender que, enquanto houver uma criança que sofre, um idoso que está sozinho, um homem ou uma mulher que dormem na rua, há ainda trabalho a fazer. Não que possamos salvar todos, nem pode nunca ser essa a premissa, mas, se cada um puder fazer um pouco, juntos poderemos ser muitos. Muitas vezes, também, aquele que mais precisa de ajuda não é o que está na rua ou sozinho, mas sim aquele que está bem do nosso lado, a sofrer silenciosamente, a quem podemos estender a mão, mas nunca caminhar os passos dele.
No fundo, este ano é uma colheita e uma sementeira, uma grelha que se pede que seja construída pelas mãos de cada um de nós, que se unem a outras mãos e, juntos, começam a caminhar em direcção a um propósito maior, a um propósito comum de crescimento, de evolução, de um Amor profundo e superior, ao ultrapassar de barreiras e o quebrar de padrões, curando, assim, passo a passo, as mais profundas feridas que a humanidade ainda carrega.