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Capricórnio – O Caminho do Mestre

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O ciclo da existência terrena mostra-nos que a vida dá sempre lugar à morte, pois só assim a nova vida pode existir. Da mesma forma, neste mesmo ciclo, a luz dá lugar às sombras, pois sem ela a luz é estéril e sem um sentido nesta dimensão. Na realidade, um dos grandes propósitos do percurso na Terra é precisamente a integração entre a Luz e a Sombra, no sentido da revelação da força do nosso Espírito face à profunda sombra que é a densidade terrena. É neste percurso de integração que compreendemos e activamos de forma intensa a nossa Centelha Divina, a fagulha de Deus em nós, que nos eleva para além de quem somos e nos projecta naquilo que nos propusemos a ser. Este é o grande desígnio do Zodíaco, que encontra em Capricórnio a concretização de um muito importante estágio.

O ciclo zodiacal começou com o Equinócio da Primavera, a activação do Signo de Carneiro, em que a semente que estava na terra quebra a sua casca, deixa o simples estágio de potencial e ergue-se para rasgar as sombras e dirigir-se para a luz. Rasgar a terra e despontar é existir, mas tal é apenas o reflexo da noção e da compreensão dum propósito que urge em ser cumprido. A morte gerou a vida e um novo ciclo se encaminha. Então, nesse momento, o tempo de Luz cresce e atinge o seu pico máximo no Solstício de Verão, a activação do Signo de Caranguejo, onde a pequena árvore ganhou raízes na vasta floresta e conectou-se com as outras, encontrando um sentido de pertença, elevando-se então para o Sol, magnificado na sua força e energia. Contudo, após este momento, o tempo de Luz começa a diminuir, encontrando em Balança, o signo activado no Equinócio do Outono, o grande sentido da dádiva. A árvore dá os seus frutos, oferece-os à floresta, partilha das suas sementes e permite-se morrer em si para, no próximo Equinócio, ter nova vida, acompanhada de todas as novas vidas geradas através de si.

No entanto, todo esse caminho até aqui percorrido é um caminho de vida e morte que coexistem. A vida que se manifesta encontra-se com a morte que progride, num equilíbrio sempre belo e constante, que nos leva ao Solstício de Inverno, o momento de activação do signo de Capricórnio, o momento em que a noite atinge o seu momento mais elevado, em que o tempo de sombra sobrepõe-se ao de luz, em que, ao contrário do que se poderia pensar, na verdade, é a luz que se torna victoriosa. É nesse momento, em que tudo é escuro e profundo, a tal noite silenciosa e mágica levada para o grande mito messiânico, que a luz renasce, num eclodir de todo o seu potencial, no elevar de tudo o que ela representa.

Este é o momento que chamamos, em termos do nosso Universo, de Big Bang, o momento em que o Tempo, como o conhecemos, ganha forma, em que esse grande Mestre se manifesta na dimensão que nos acolhe. Simbolicamente, nove meses solares se passaram desde o início do ciclo zodiacal, com a energia de Carneiro a ser activada, os nove meses da gestação humana, que levam a que a Mãe, a Terra, dê à Luz um Espírito feito carne, que traz como grande função a manifestação do seu potencial e a sua elevação, de forma a poder deixar um pouco de si neste percurso para todos os que lhe seguirem. Este é um dos grandes propósitos de Capricórnio.

É na matéria que vivemos e é nela que temos a capacidade de manifestar todo o nosso potencial, cumprindo um propósito delineado e definido de evolução, mas tal só pode ser feito quando aprendemos uma das grandes lições de Capricórnio, a resignação ao que não podemos modificar, a aceitação do que está fora do nosso poder e a superação de tudo o que somos nesta mesma condição.

Capricórnio é o Signo Cardinal do Elemento Terra, o Inverno que se inicia, recordando-nos que tudo tem o seu tempo certo e o seu momento exacto, que a terra não se pode renovar sem a protecção que o tempo gélido desta época lhe dá, que a preparará para receber as águas mais fortes, as chuvas mais profundas, as que irão activar a vida nas sementes plantadas. Capricórnio é a força da materialização, o impulso fulcral e determinante da vitória sobre todos os obstáculos, a compreensão e a integração da matéria e do Espírito numa só existência. A matéria deixa de ser apenas isso, corpo, quando recebe o sopro do Espírito através da Alma que se encarna. O corpo é o veículo do Espírito, seu manifestador, mas também protector, ainda que nem sempre tal seja evidente, pois para percebermos tal dimensão de vivência precisamos de reconhecer a importância e o valor da matéria em nós, algo que Capricórnio nos auxilia a fazer.

O corpo submete o Espírito, dimensionando-o para a concretização do seu propósito. Ainda que tenhamos o potencial infinito de um Deus encarnado, é preciso aprender a viver nesta dimensão e a respeitar as limitações que ela nos impõe. É na matéria que vivemos e é nela que temos a capacidade de manifestar todo o nosso potencial, cumprindo um propósito delineado e definido de evolução, mas tal só pode ser feito quando aprendemos uma das grandes lições de Capricórnio, a resignação ao que não podemos modificar, a aceitação do que está fora do nosso poder e a superação de tudo o que somos nesta mesma condição.

Poder é, sem dúvida, um dos grandes temas deste signo, mas o seu objectivo não é a vivência desta energia de forma egocêntrica e isolada. Pelo contrário, em Capricórnio não estamos a falar de poder pessoal ou do poder dos outros, neste Signo, o poder é-nos dado pela activação do nosso Espírito na sua magnitude, ele ultrapassa o nosso círculo pessoal e individual, pelo que, sem dúvida alguma, ele exige uma enorme e profunda responsabilidade. Quando não o sabemos dimensionar, a responsabilidade torna-se culpa e obrigação, desvirtuando toda a sua dimensão, pois a vivência deixa de estar focada em nós, no nosso Eu, e passa a estar no outro, no que ele espera de nós, no que tentamos provar-lhe, no que ele nos impõe ou nos colocou sobre os ombros. O poder não é um peso que carregamos, nem sequer algo ilimitado que reside nas nossas mãos, ele é-nos entregue, mas sobre o qual temos uma constante, intrínseca e intensa responsabilidade.

Quando vimos à Luz, quando nos propomos a ser Espíritos encarnados, aceitamos a responsabilidade de cumprir um propósito e, nesse percurso, somos levados a recordar o ensinamento maior que Balança nos deu, o da eterna lei da Justiça Divina, a de que o que plantamos é o que colhemos, ou, na dimensão Capricorniana, a de que o nosso poder, as nossas acções, têm consequências, que devem ser constantemente pesadas pela nossa consciência, aquela que adquirimos ao nos elevarmos em nós mesmos, algo que só pode ser feito com o sair da nossa própria esfera, a do indivíduo, e ao aprendermos a vivenciar a ligação na relação com o outro, o percurso que foi feito até aqui. Em Capricórnio, a nossa consciência toma a proporção do que podemos chamar de social, que se projecta sobre a nossa existência individual, íntegra e completa, mas inserida num todo que se relaciona em comunidade, em prol dum bem maior.

Capricórnio é, assim, o representante duma realidade multidimensional, que nos mostra que temos uma missão para com a sociedade, o mundo em que existimos, tal como todos os que a habitam. Sem a sociedade a nossa existência não tem sentido, não tem fundamento, mas isso implica a vivência de uma responsabilidade profunda, primeiro que tudo sobre nós, até porque, sem a integrarmos primeiro em nós, de nada serve sermos os grandes advogadores de tal energia sobre os que nos rodeiam. Então, desta forma, Capricórnio representa a grande escalada em nós mesmos, o subir da nossa própria montanha, a manifestação da nossa grande dimensão, que só pode ser feita duma forma, passo a passo, degrau a degrau, experiência após experiência, superação após superação, cair, levantar, avançar e cair de novo para depois levantar novamente e seguir caminho, constantemente.

É dessa forma que conseguimos cumprir o que este Signo nos deu como propósito, o mostrar do melhor que há em nós, o elevarmo-nos para mostrarmos as nossas capacidades, o nosso valor, a nossa dignidade, com respeito, com entrega, com autenticidade, com o enorme sentido de responsabilidade, algo que só pode ser valorizado através dum caminho de provações, de dificuldades e obstáculos, que nos permite crescer e evoluir, que nos mostra que, sem Espírito, somos apenas matéria, limitada e caduca, mas que, com ele, sabemos que cada conquista é um degrau subido em humildade, até ao topo da nossa vida. Contudo, tal só pode ser feito respeitando uma das maiores verdades que Capricórnio constantemente nos recorda.

Saturno por Peter Paul Rubens

A semente que caiu na terra, penetrou-a e nela germinou, que criou raízes e se conectou com a floresta, rasgou a terra e dirigiu-se para a o Sol, crescendo, reforçando o seu tronco, criando ramos e gerando folhas, flores e, por fim, frutos, tudo no seu tempo certo, sem pressa ou precipitação, pois nela está registado o grande princípio da existência na Terra, o grande dimensionador da vida neste plano, o Tempo. O tempo é o nosso grande Mestre na Terra e Capricórnio a energia que o representa, nomeadamente através do seu regente, Saturno.

O Tempo é um Mestre paciente e apaziguador, porém austero e inflexível na sua acção. Ele tudo cura, é verdade, pois ele permite a integração de tudo nas nossas vidas através da compreensão profunda do seu propósito. No entanto, ele pede-nos o sacrifício de transformar essa compreensão em Amor, da mesma forma que a dureza da montanha, grande símbolo de Capricórnio, é pacientemente diminuída pela água, que a vai furando, calma e lentamente, até perfurá-la e, gota a gota, formar um rio que se encaminhará para o oceano, para o retorno à sua origem.

É o Tempo, tão presente na dimensão de Capricórnio, que dá ao peregrino, que em Sagitário toma a forma do Alquimista, o Mestre que lhe ensina tudo o que ele precisa de saber na sua jornada. Assim, o aprendiz que apenas buscava a transformação do chumbo em ouro, que compreende a sabedoria contida na sua buca, integra a Verdade que lhe foi apresentada, que o Ouro e o Chumbo são apenas um, que o Espírito e a Matéria, na Terra, são um só, unidos com um propósito, o da evolução, do crescimento e do desenvolvimento.

Neste percurso compreendemos, tal como quando o Inverno nos parece lento e tortuoso, mas que quando chegamos à Primavera, parece ter tudo passado num instante, que o Tempo não é um inimigo, mas sim o grande auxiliador desta nossa caminhada. Compreendemos também que, na Terra, tudo se define por ele, que ele é o Mestre, mas que também ele nos pede algo. Sem assumir a responsabilidade do nosso percurso, sem aceitar que cada escolha tem uma consequência, que cada semente plantada gera um fruto, que necessitamos de colher e com ele algo fazer, passamos pela vida sem qualquer tipo de aprendizagem, sem evoluir, sem nada conquistar que nos permita crescer. Em Capricórnio, é preciso compreendermos que tudo tem regras e normas, que tudo tem um sentido e um propósito, que não podemos, jamais, desrespeitar a sabedoria que está registada em tudo o que é terreno, em toda a natureza, em todas as moléculas que formam tudo o que existe neste plano. Quando tal conseguimos fazer, integramos em nós uma aprendizagem tão profunda que conseguimos ultrapassar a própria limitação que a matéria nos coloca e elevamo-nos, no esplendor do propósito que escolhemos.

Apenas quando chegamos ao topo da nossa montanha temos a capacidade de ver tudo o que somos, tudo o que conquistámos, tudo o que superámos. Atingir esse topo é uma tarefa árdua e penosa, é verdade, e de certeza que, quando lá chegarmos, vamos perceber que a montanha faz parte duma serra, que nela contém outras montanhas, mais altas e desafiadoras, que vamos querer também escalar e superar, não pelos outros, mas por nós, não para provar algo, mas sim porque é preciso, porque esse foi o grande compromisso que assumimos ao vir à Terra, e isso ensina-nos outra verdade. Sem compromisso e responsabilidade, acima de tudo connosco próprios, não manifestamos a magnitude do nosso Espírito, tornamo-nos apenas escravos do poder e da matéria.

O compromisso e a responsabilidade, integradas no sentido de propósito, dão-nos a grande consciência de que vimos à Terra para subir a nossa montanha, é um facto, para deixar no seu topo uma bandeira que simboliza a nossa vitória e que todos poderão ver, mas que é preciso continuar o caminho, pois se ali ficarmos parados, a ambição que nos levou até lá, alimentada pelo força do coração, como um vulcão que reside dentro da nossa montanha, que nos alimenta e nos impulsiona, que, com a sua temperatura, forma os diamantes e dá vida às mais belas plantas que rasgam a terra, vai-nos cristalizar, vai-nos densificar, vai-nos fazer ficar agarrados à matéria. Mais cedo ou mais tarde, tal vai significar o quebrar de nós mesmos, a nossa autodestruição, como uma explosão destruidora do vulcão que, aprisionado, se manifesta na sua dimensão mais temerosa. Num plano terreno, isso significa o lado mais pesado de Capricórnio, a ambição pelo poder, a manipulação, os mecanismos controlo, a posse, o feitiço que se vira contra o feiticeiro, pois ao pensarmos que estamos em controlo de algo, na verdade, estamos a ser controlados por isso.

É preciso sermos capazes de subir a montanha do nosso ser com a consciência de todo o percurso percorrido, olhando para cima e impulsionando-nos para o desconhecido com a Fé que aprendemos em Sagitário, o Signo que integrou o Elemento Fogo no Zodíaco, mas olhando também para baixo, para todo o percurso percorrido, com a humildade do signo Mutável de Terra, Virgem, com o sentido da experiência e da dedicação, integrada por todas as lições anteriores e posteriores a ele, transformadas no bastão que nos sustenta na caminhada. Desta forma, compreendemos que a subida da nossa montanha tem de ser feita de forma paciente e persistente, como o signo Fixo de Terra, Touro, nos ensinou e integramos então o Elemento Terra em nós, dimensionando-o para a construção da nossa individualidade, o trabalho que encontraremos em Aquário, o próximo Signo do Zodíaco.

Com esta enorme e profunda consciência, cumprimos o grande propósito de Capricórnio, o de sermos capazes de deixar um Legado como forma de manifestação da nossa existência na Terra. No entanto, é preciso percebermos que o maior legado que podemos deixar não são bens, poder ou matéria, mas sim o ecoar da nossa Voz, o cumprir da Vocação que trouxemos inscrita no nosso código de Alma, a activação do Espírito integrado nesta dimensão. Quando tal o fazemos, quando compreendemos que somos mais do que a dimensão material, quando nos propomos a desapegar dela, perpetuamo-nos, tornando-nos, nós mesmos, em Mestres, ou seja, no próprio Tempo.

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