Um novo mês se iniciou e, de certa forma, também para muitos, há um toque de um novo ciclo. Setembro, o mês ocupado fundamentalmente com o Signo de Virgem, representa um tempo de suprema importância, um tempo sagrado, um tempo de fazer colheita, de tratá-la condignamente, organizando-a, separando-a entre o que é para consumir e o que é para guardar, o que é para guardar como semente para a próxima cultura e o que não serve para nós, mas que é da nossa responsabilidade e, como tal, tem de se usar. A Natureza ensina-nos que tudo tem um propósito e um sentido, uma utilização própria, que mesmo o que parece lixo, que não nos serve como alimento, pode ser adubo para a terra que irá dar novos frutos.
Este período de transição traz-nos sempre um espaço reflexivo, uma oportunidade para olhar para dentro, um espaço sagrado que nos mostra tudo o que precisamos de ver. A vida convida-nos, neste ciclo que chamamos ano, a colher frutos e a preparar-nos para o caminho que ainda há de vir. A vida convida-nos, como nos tempos antigos, a celebrar o percurso feito, a vitória da vida que agora se encaminhará para o tempo essencial da morte, na aceitação perfeita de que tudo está perfeito e no seu devido lugar quando lhe compreendemos o propósito. A cada volta do Sol, a cada degrau que o Espírito conclui, somos levados a mais uma etapa do caminho de consciência que viemos aqui percorrer, e momentos há em que esse pedido, essa solicitação, é mais forte e intensa, como o que vivemos agora.
Há 80 anos o mundo via iniciar um dos seus momentos mais negros e com maior peso, aquele que chamámos de Segunda Guerra Mundial. Há precisamente 80 anos o mundo estalava com toda a pressão que era vivida, não só de anos de inconsequência e de sucessivos erros, mas de séculos e séculos de esquecimento de premissas básicas, como o que é ser humano, o amor pelo próximo, a tolerância, a aceitação e a abertura de coração. O mundo crescera do ponto de vista intelectual, com um desenvolvimento tecnológico considerável, com uma dinâmica completamente diferente, distâncias substancialmente encurtadas, mecanismos inventados e criados para facilitar a vida, avanços na saúde como nunca se vira. Contudo, o mundo esquecera-se de que razão, sem coração, não fomenta consciência, mas sim extremismo e radicalismo. Este era o mundo nos anos de 1930, mas com facilidade poderíamos estar a falar do momento que hoje vivemos.
Na realidade, muitas semelhanças encontramos entre esse tempo e o actual, nomeadamente do ponto de vista astrológico, nos desafios que o enquadramento energético do sistema em que estamos inseridos nos encaminharam a viver naquele tempo face aos actuais. Quando olhamos e confrontamos a energia entre esse tempo e o actual encontramos semelhanças, mas não igualdade, algo que é importante de referir, encontramos um processo que decorre de evolução, de aprendizagem e de enorme tomada de consciência.
Neste tempo de reflexão, somos chamados a colher os frutos do nosso caminho, a ceifar a plantação que fizemos com todo o amor e aceitar o que nos está a ser dado, com a responsabilidade que é devida, com dedicação e profunda dádiva. Mais do que nunca, é necessário que cada um de nós consiga perceber que nada está fora do sítio, nada está desajustado, que tudo é reflexo e resultado de uma sementeira, que é preciso colher, organizar, separar e limpar.
Nos céus dos finais dos anos de 1930, Úrano transitava, tal como hoje, no signo de Touro, e este é um ponto crucial, pelo enorme trabalho de abertura de espíritos e consciências que Úrano faz e do qual é um digno embaixador. Neste caso, naquele tempo, como hoje, da consciência do que é valioso, de como alimentamos o nosso percurso, da forma como estamos ligados aos nossos recursos e de como os dimensionamos. Sobre Úrano em Touro escrevi há alguns meses num artigo que convido a ler (ou reler).
Saturno, um dos planetas mais relevantes do ponto de vista de trabalho social, tinha entrado em Touro nessa altura. Hoje, ele não está em Touro, está em Capricórnio, o último signo de Terra do caminho zodiacal, fechando um percurso e preparando-se para a inauguração, dentro de algum tempo, quando se encontrar com Júpiter em trânsito, de um novo ciclo de consciência mundial, numa passagem de trabalho sobre a matéria, sobre o concreto, recursos e poder, para o campo da consciência, do pensamento, da cultura, algo que trará um novo paradigma aos próximos tempos. Curiosamente, ou não, Júpiter, o outro planeta social, estava em Carneiro, onde Quíron hoje transita, até muito próximo desse mesmo ponto concreto. Hoje, Júpiter transita por Sagitário, também um Signo de Fogo, encaminhando-se para a conjunção com Saturno.
No entanto, é importante considerarmos mais dois pontos essenciais. Hoje, Neptuno está em Peixes, já a dar os primeiros toques num processo de integração, através de oposição, em relação à sua posição em 1939, quando estava em Virgem. Há uma aprendizagem que nos chega, que nos é proposta, um trabalho Crístico, humano, de profundo Amor pelo próximo, como a nós mesmos, aceitando a diferença (Virgem) e compreendendo-a como unicidade, como parte de um Todo (Peixes).
Por outro lado, Plutão já estava em Leão na altura, exacerbando egos e necessidades de poder, num ponto que foi activado pela energia de um dos eclipses deste ano, como um resgate da essência energética dessa singularidade no tempo e no espaço. Hoje, Plutão está em Capricórnio e, nos tempos que correm, activa, por trígono, Úrano e Neptuno de 1939, ou seja, permite-nos a capacidade de entendermos, de libertarmos essa energia e fazê-la fluir para uma nova compreensão. O extraordinário é que, em 1939, Úrano estava muito próximo do grau 22º de Touro e Neptuno estava no 22º grau de Virgem. Plutão, em breve, estará em conjunção com Saturno, um dos enormes e poderosos momentos deste tempo que vivemos, precisamente no grau 22º de Capricórnio.
Outros pontos poderiam ser identificados, como o trânsito dos Nodos actualmente, activando a consciência que Quíron (ainda não descoberto na altura) nos solicitava em 1939, ou mesmo o Neptuno de hoje que activa também, por trígono, esse mesmo Quíron. Do ponto de vista energético, esse é mais um fluir de energia entre esse tempo e o actual, aprendizagens que nos são possibilitadas e facilitadas, tenhamos nós a vontade e o coração aberto para as receber.
Linguagem astrológica à parte, todas as sincronicidades que encontramos entre esse tempo e o de hoje levam-nos a compreender, mais uma vez, a importância do que agora nos é pedido. Ainda que não possamos fazer uma viagem no tempo, podemos dobrá-lo de forma consciente, quase como se aplicássemos a Teoria da Relatividade de Einstein, uma das grandes mentes que viveu, precisamente, nessa altura, e compreender, face ao que temos disponível hoje em termos energéticos, o que foi vivido naquela altura, que aprendizagens podemos com ela fazer e, assim, mudar o que for necessário no momento presente, transformar situações, curar feridas.
Neste tempo de reflexão, somos chamados a colher os frutos do nosso caminho, a ceifar a plantação que fizemos com todo o amor e aceitar o que nos está a ser dado, com a responsabilidade que é devida, com dedicação e profunda dádiva. Mais do que nunca, é necessário que cada um de nós consiga perceber que nada está fora do sítio, nada está desajustado, que tudo é reflexo e resultado de uma sementeira, que é preciso colher, organizar, separar e limpar.
Quando nos revoltamos contra o estado da nossa vida, ou até mesmo do mundo, esquecemo-nos que existe em nós uma responsabilidade sobre ele, e mesmo que não saibamos identificar a responsabilidade da origem, porque não foi consciente, é preciso ver que nas nossas mãos, no momento presente, está a capacidade de mudar algo, de transformar, de curar. Para tal, é preciso aceitar o que nos está a ser dado, com amor, mas também com discernimento e com um olhar atento, para que, ao fazermos o nosso processo, no meio do joio não vá trigo, desperdiçando recursos, ou no meio do trigo não vá joio, que pode estragar o que com esse trigo fizermos.
É neste processo de introspecção profunda, algo que está muito ligado à energia que vivemos agora, que podemos nos reencontrar na nossa essência, na humanidade que somos, na Centelha Divina que nos habita, dando um propósito maior ao nosso percurso, um sentido imenso ao nosso caminho, tornando-nos criadores da nossa própria vida em plena consciência, mas também, e com suprema importância, co-criadores da realidade que vivemos. É certo que uma simples chama de uma vela não é o suficiente para iluminar um espaço grande, mas se ela existir, outras velas nela poderão ser acesas e, assim, juntas, farão da noite, certamente, dia.
Obrigada Leonardo!
Mais um artigo cheio que me preenche.
Um abraço,
Margarida.