O Natal está a chegar e esta é, sem dúvida alguma, a época mais mágica do ano. Muito para além do significado religioso, de tudo o que nos foi ensinado como a sua origem, o Natal representa um tempo singular, o nascimento do Messias, a vitória do Rei Sol sobre as trevas, Deus tornado Homem, nascido criança para trazer Luz ao Mundo. O Solstício de Inverno traz-nos o tempo frio, a dureza da última estação do ano, relembrando-nos que, para nos reencontrarmos com a vida é preciso passar pelo estágio da vivência da morte, que a Luz só se pode manifestar através das Trevas, que só nelas crescemos para nos mostrarmos na nossa plenitude.
A história do Natal assim nos mostra o divino tornado carne, que nasce humano, criança, vulnerável, símbolo de esperança e de salvação. Em cada criança existe, por isso, essa esperança de um tempo melhor, de novo ciclo, de uma nova vida, de um novo futuro. No entanto, sempre projectamos tal esperança sobre as crianças que nascem, sobre aquelas que serão o futuro, esquecendo-nos que cada um de nós nasceu e foi também criança, esquecendo-nos que, em cada um de nós, continua a existir essa criança que é a esperança constante, em cada instante sempre presente, da salvação do mundo.
O Natal é o tempo de recordar que em cada um de nós existe um chama divina que urge em ser elevada, um pedaço de Deus que pede para ser reconhecido. O Natal é, por isso, o tempo da celebração da vida, da magia que é esta passagem aqui na Terra, o tempo em que necessitamos de aprender a estar presentes, aqui e agora, nas nossas vidas, abrindo os nossos corações em profundo Amor, mas levando esse sentimento em cada dia do nosso ano, tornando verdadeira a máxima que deseja que cada dia seja Natal.
Nesta quadra, além das festividades, das partilhas familiares e com amigos, além da azáfama normal, dos presentes oferecidos e recebidos, saibamos tirar um pouco, alguns minutos, alguns segundos, para olharmos para dentro de nós e encontrarmos essa Luz que nos habita, o verdadeiro e profundo Espírito de Natal. Que saibamos, nesses instantes, olhar a vida com profunda gratidão por tudo o que ela nos dá, olhando da mesma forma a Terra que nos acolhe, na sua humilde dádiva para connosco.
Que saibamos receber em nós o Amor que se partilha nessa noite mágica e que envolve todo o planeta e que possamos, na mesma medida, enviar um pouco desse mesmo Amor para todos aqueles que sofrem, para todos aqueles que têm um Natal menos feliz, com menos comida na mesa, com menos presentes debaixo da árvore, para todos aqueles que vivem nas ruas, para todos aqueles que estão sozinhos, abandonados, isolados, afastados das suas famílias. Assim, celebramos a vida e honramos, também, o mandamento que nos foi deixado por aquele que, de alguma forma, é o símbolo desta quadra, o sermos capazes de nos amarmos uns aos outros, e tal não necessita de dinheiro, nem sequer de muito tempo despendido, apenas vontade, atitude e o nosso coração aberto!
Um muito Feliz Natal!
Leonardo Mansinhos