«Quem quer a guerra está em guerra consigo.»
Alain
Imaginemos o cenário duma história época escrita por um dos autores clássicos. Marte, o deus, decide passear-se pela Terra. Monta a sua quadriga, de armadura vestida e elmo na cabeça, segurando a sua lança numa das mãos e na outra o seu escudo, e segue pelos caminhos da Terra. Por onde passa, ele alimenta desejo e paixão, vontade e determinação, mas também violência e ímpeto, levando essa força aos comuns mortais que, com ela, fazem o que melhor sabem. Uns destroem. Outros criam. Há um caos que se instala. Marte apenas se passeia, fazendo o seu percurso, mas ao ver o que acontece à sua volta, ele detém-se um pouco e observa, absorve o tanto que o rodeia, olha para o caminho que deixou para trás e tudo o que foi remexido, activado e alimentado. Poderíamos pensar que, sendo o deus da guerra, ele estaria feliz, retumbante e a gargalhar, orgulhoso de si mesmo, mas, na verdade, ele apenas observa, curioso, e um novo caminho se projecta à sua frente, uma nova estratégia se desenha e um novo fogo se acende, pois há mais estrada para percorrer e o tempo, que na verdade é o seu avô, não espera para o tanto que há para cumprir.
Este poderia ser o início duma história, mas é apenas uma representação fictícia e imaginada sob a pespectiva duma mitologia sobre o que estes últimos meses nos trouxeram e onde Marte, não o deus, mas a energia astrológica manifestada através do planeta vermelho, tem sido um dos principais actores, senão mesmo o mais determinante. É esta, sem dúvida, a energia que mais significativa tem sido para tudo o que estamos a assistir e a viver, não pode ser um construtor da realidade, até porque não é essa a função dele, mas por ser a faísca que gera a ignição dum enorme motor que esteve a ser preparado por algum tempo, condensando uma força bruta, e que agora encontra as condições essenciais para dar o impulso necessário a um processo que é muito maior do que se consegue ver.
No final de 2021, na habitual palestra em que falo sobre o ano que está pela frente, nos minutos finais, referi que Marte seria um dos grandes protagonistas do ano, pois ele teria um papel muito importante, mesmo crucial para o desenvolvimento do desafio deste ciclo. Como veremos mais à frente, durante o seu percurso neste ano, Marte activou por via de conjunção, todos os planetas sociais e transpessoais, aqueles que são os grandes agentes responsáveis pelas mudanças e transformações que acontecem no mundo. Isto poderia parecer, à primeira vista, algo até pacífico, até porque essas activações são muito frequentes. No entanto, num tão curto espaço de tempo, e com o tanto que estamos a vivenciar, este processo teria, obrigatoriamente, de ser importante e intenso. Contudo, sou sincero, estava muito longe de imaginar teríamos pela frente nos meses seguintes.
Nesse sentido, este é o momento ideal para olharmos um pouco para Marte e para o seu trabalho em nós e no sistema astrológico, na sua essência e integrado em tudo o que estamos a viver. Esta visão ainda se torna mais importante, pois Marte, pela altura em que este artigo estará a ser publicado, está pelo Signo de Gémeos, no seu movimento retrógrado, num percurso extraordinariamente longo e simbólico. Contudo, para integrarmos e compreendermos, é preciso conhecermos, receber essa informação e processá-la. Essa é, no fundo, uma parte importante da essência do signo de Gémeos, e é por aí que precisamos de começar, compreendendo Marte, vendo o que está além do estereótipo e abrindo a nossa consciência para a sua enorme e fundamental função, que é muito maior do que imaginamos.
Numa linguagem, como é o caso da Astrologia, todas as representações são símbolos, e todo os símbolos são, de facto, criados pelos seres humanos em algum momento, com base em arquétipos e fundamentos primordiais do que nos formam enquanto seres. O que chamamos de Marte é um símbolo, uma concepção que provém da nossa essência e que está espalhada em diversas dimensões da nossa realidade. Uma delas, essencial para compreendermos a linguagem astrológica, por razões que são óbvias, é a mitologia, em especial a grega e romana, que oferece a sua beleza à dimensão da astrologia.
Marte é um planeta extremamente importante na mitologia, nomeadamente na romana, e transporta essa relevância para a própria astrologia, ainda que, muitas vezes, não tenhamos disso percepção. No panteão dos deus romanos, Marte tem um profundo destaque, pois representa algo que, para a estrutura desse que é um dos principais impérios da nossa história, ele representa um conceito muito amado, o da Guerra, que viam, não apenas pelo seu lado sangrento e destruidor, mas como um dos grandes desígnios da humanidade. Mesmo na Grécia clássica, a guerra, representada por Ares, tem a sua virtude, tem o seu propósito, embora vista com uma ligeira diferença.
Se pensarmos um pouco, a guerra está presente na nossa construção enquanto sociedade e, de norte a sul do globo, de este a oeste, não houve um povo que não tivesse estado e vivido guerras no seu percurso. Na verdade, se pensarmos bem, não houve um tempo em que, num qualquer lugar deste planeta, não houvesse uma guerra. Contudo, Marte não está apenas ligado a essas guerras sangrentas e destruidoras, ainda que elas sejam a representação mais simples e directa da sua energia, imagem do que ele nos activa. Marte é a isso muito superior, pois ele traz-nos uma essência, o reconhecimento da nossa força interior e o seu uso, a sua projecção, a sua manifestação.
Na mitologia romana, Marte é filho de Júpiter e de Juno, sendo, por isso, um príncipe do panteão romano. Tem, entre outros, uma irmã, Minerva, deusa da sabedoria e das artes, também ela ligada à guerra, mas num sentido estratégico, oposto ao do irmão, que é a do terreno, a batalha, a força bruta, que determina a vida e a morte. No entanto, Marte não é, originalmente, para os romanos, um deus da guerra, mas até, podemos dizê-lo, um deus da Vida, pois está associado à agricultura, ao cultivo, às colheitas e à fertilidade, conceito que tem origem na influência etrusca. O crescimento de Roma e o seu desenvolvimento através da conquista levaram a que o tema da guerra fosse a ele associado, até se sobrepondo ao seu conceito mais original (que fica partilhado com outros deuses), fazendo com que Marte ganhasse maior força e protagonismo, maior destaque e devoção. Por isso também, é-lhe associada a própria criação de Roma, por lhe ser atribuída a paternidade de Rómulo e Remo, os gémeos fundadores da cidade.
Como é sabido, a mitologia romana e grega são paralelas e muito similares, embora com algumas diferenças que, na verdade, são muito importantes. Marte é o equivalente romano de Ares, deus grego da guerra, mas existe uma diferença que é muito substancial e que nos traz duas facetas importantes deste deus que alimentam o conceito astrológico do planeta. Ares é violento, sangrento e destruidor, e por isso estava sempre acompanhado dos seus companheiros Deimos (o terror) e Fobos (o medo), mostrando assim a sua face neste conceito que é a guerra. Ao contrário, Marte, que também é um deus guerreiro, tem como companheiros Virtus (a virtude da bravura e da força) e Honor (a honra). Isto demonstra que o foco de Marte é diferente, mas estas duas representações mostram-nos, na linguagem, duas faces da mesma energia, às quais devemos ter atenção.
Também de Marte conhecemos as suas façanhas e as suas paixões, nomeadamente a que o associa a Vénus, com quem tem um romance proibido e do qual nascem dois filhos. O primeiro, Cupido, sobejamente conhecido entre nós pelas suas setas que arrebatam e nos trazem o amor, e a segunda, Concórdia, que nos traz a paz e a harmonia, não só perante a guerra, mas também no lar. A sua prole é também representativa do que Marte nos traz e duma ligação que é muito profusa e importante com Vénus, também presente na Astrologia. Não é por um acaso, chamemos-lhe assim, que o planeta Terra se encontra, do ponto de vista do sistema solar, “entre” Vénus e Marte, e até tenha diversas semelhanças com ambos, quase como se, na verdade, fosse uma espécie de filho dos dois.
Na Astrologia, os Planetas são uma espécie de actores, pois é a eles que lhes cabe representar os arquétipos e as energias primordiais que os Signos representam, como se fossem guiões, nos cenários que as Casas do nosso mapa nos oferecem. No fundo, como os actores duma peça de teatro, arte clássica extraordinária e belíssima que continua a fazer parte de nós até hoje, cada Planeta “oferece” a sua essência para formar a trama que cada um de nós é e que o mundo representa à nossa volta. Ainda que todos os actores sejam importantes, alguns se destacam e Marte é, sem dúvida nenhuma, um deles.
Como acima referi, Marte é um planeta extremamente importante dentro da linguagem astrológica, ainda que nem sempre o consigamos perceber dessa forma, relevando-o para alguns conceitos um pouco, até redutores. Marte, no nosso sistema, é o primeiro planeta após a Terra e isso faz dele o primeiro representante do que chamamos, astronomicamente falando, de planetas exteriores. No entanto, essa sua condição mostra-nos também a sua função dentro da Astrologia.
Marte é o manifestador, o impulsionador, do que existe dentro de nós, da nossa essência, da nossa força. A nossa identidade, formada pelo Sol e pela Lua, alimenta o que mais interno temos, a nossa razão e a nossa emoção, Mercúrio e Vénus, características essenciais do nosso ser. A relação entre o Sol e a Lua é sempre íntima e muito poderosa na formação de quem somos e, entre aqueles que chamamos de planetas pessoais, onde Marte se inclui, é verdade, Mercúrio e Vénus são os únicos que nunca se afastam muito do Sol. É isso que faz deste conjunto a nossa essência, a nossa estrutura de base, corpo e consciência, alma encarnada. Contudo, sem algo que alimente esta alma, que a inflame, somos apenas uma espécie de balões que povoam a Terra. Cabe a Marte, e por isso ele se inclui dentro dos planetas pessoais, acender a Alma, animá-la, dar-lhe propósito, movimento e impulso.
A guerra, conceito tão forte na mitologia, é trazido aqui não pelo acto em si, mas sim pela representação. Marte representa o Guerreiro, que pode ser, sem dúvida, o sangrento e destrutivo, mas também o que cria, o que gera. O mesmo metal que forja uma espada ou uma lança, também cria um arado para trabalhar a terra e a cultivar. Marte, em cada um de nós, é precisamente isso, essa força que rasga as nossas sedimentações, as nossas estruturas primordiais, a densidade em que este plano nos coloca, materializada directamente pelo nosso corpo físico, e coloca-as em movimento, gerando energia, força e impulso. Marte é o responsável por levar o corpo estático através da energia que nele gera até à superação de obstáculos, à elevação de nós para lá de nós mesmos. Sem Marte, sem a sua força em nós, sem a sua energia, não poderemos superar a limitação da matéria, Saturno, não poderemos transmutá-la e levá-la a outros patamares.
É por isso que precisamos de compreender que, sem Marte, não cumprimos o nosso propósito. Sem dúvida que tal é válido para ele e para todos os outros planetas, mas é ele quem liga a ignição, que oferece a fagulha que acende o nosso fogo interno e que, dependendo do alimento, do combustível que lhe estejamos a dar, poderá ser sagrado, criador, ou profanador, destruidor, e essa outra parcela vamos encontrar no grande amor de Marte, Vénus. No entanto, é preciso compreender que Marte é essa força interna, essa combustão que se autoalimenta e que nos faz ir além de todos os limites, como aquelas situações em que conseguimos fazer coisas que nem imaginávamos, simplesmente porque somos alimentados por adrenalina ou por uma profunda crença interior.
Na visão mais tradicional da Astrologia, Marte é considerado um planeta maléfico. Isto não quer dizer que ele nos traga uma natureza que é de maldade, longe disso, mas sim algo que, mesmo na visão mais moderna e humanista da astrologia temos de considerar, a de que, em excesso e sem um contrabalanço, Marte é o movimento que esgota, que destrói, que leva à morte. A violência, gratuita e descontrolada, é exasperante e esgotante, assim como o movimento constante, sem foco ou direcção, é desgaste puro de energia, e esse impulso pode, simplesmente, levar à extinção, pois é incompatível com o desenvolvimento da vida, como um tempo quente, seco e árido se torna incomportável para o desenvolvimento de muitas plantas e árvores de fruto.
Marte é tão poderoso que está presente no início e no fim da vida, através das suas regências. Com a regência de Carneiro, Marte é a força do impulso que rasga a terra e faz da semente uma planta ou do parto que, através da dor, traz à luz a vida que no ventre se formou. Com a regência de Escorpião, Marte é a energia da Morte, essencial, na verdade, à vida, pois ela representa a transformação e a iniciação que leva a alma para os planos superiores, a sua elevação, o corte do fio da vida, o rasgar do último véu.
Contudo, quando bem direccionado e trabalhado, Marte é sagrado, divino, duma beleza extrema e extraordinária, criadora e reveladora. Ele é o arado que quebra a terra e a prepara para a vinda da semente, ele é a adaga que rasga os véus, o bisturi do cirurgião que rasga a pele para retirar do corpo a massa que está doente. Marte é a força que nos orienta e que cria a vida, e por isso ele é o impulso, a energia de movimento, mas também a nossa energia sexual. Na Terra, é através desta energia que a vida é criada e gerada e ela é, na verdade, uma vibração sagrada, mas para se manifestar desta forma, ela precisa da conexão com Vénus, algo que explorarei um pouco mais à frente.
Marte é tão poderoso que está presente no início e no fim da vida, através das suas regências. Com a regência de Carneiro, Marte é a força do impulso que rasga a terra e faz da semente uma planta ou do parto que, através da dor, traz à luz a vida que no ventre se formou. Com a regência de Escorpião, Marte é a energia da Morte, essencial, na verdade, à vida, pois ela representa a transformação e a iniciação que leva a alma para os planos superiores, a sua elevação, o corte do fio da vida, o rasgar do último véu. Se pensarmos, é esta força profunda de Marte através dos seus regentes que encontramos nos mitos formadores do nosso ser. Em Jesus, por exemplo, através da crucificação, dos pregos, dos chicotes, da coroa de espinhos, da lança de Longinus, mas no Velho Testamento também, assim como nas várias civilizações que, antes de nós, nos formaram, através dos sacrifícios pelo sangue, vermelho de Marte, acedidos através das espadas, das adagas, dos punhais, dos Athames, as lâminas forjadas pela sua força.
Por isso, Marte traz-nos uma profundidade de sacralidade e de sacrifício, e ele representa, em cada um de nós, essa ferramenta, esse ponto que precisamos de honrar para manifestar o divino que existe em nós. Em Marte encontramos, assim, a nossa acção, o nosso impulso, a nossa força, a nossa ousadia, a luta, a direcção, a espada e o elmo, instrumentos do Guerreiro que em nós habita. A forma como usamos esta energia, como ela se manifesta, depende em muito do que é o nosso nível de consciência, o trabalho que fazemos em nós mesmos, e do honrar também da energia que em nós habita, trazida pelo Signo onde Marte se encontra.
Por vezes, uma das questões que temos dificuldade em entender é o foco e a orientação de Marte, seja num mapa natal, seja do ponto de vista global, e isso implica a relação de Marte com os signos e com as casas, e embora não seja esse o foco deste artigo, há alguns pontos que precisamos de ter em consideração. O Signo em que Marte se encontra mostra-nos o seu foco de vibração e a Casa, por consequência, a área onde ele se manifesta. Assim, é necessário compreender que, sendo um manifestador, um Guerreiro, o signo é, de certa forma, a sua “arma”, o seu “arsenal”. Muitas vezes, com esta ideia de guerreiro, pensamos que todo o impulso de Marte é acção, é execução, é uma coisa que se parece com a energia elemental do Fogo no Zodíaco. Não está absolutamente errado, mas precisamos de compreender que essa é a sua natureza, mas ela manifesta-se através da energia do signo onde ele se encontra.
Um pormenor importante da energia de Marte na linguagem astrológica é a sua relação com Vénus. Marte é impulso, paixão, o ímpeto da energia sexual, a manifestação da energia masculina. Vénus, por outro lado, é emoção, é amor, é sensualidade, é a receptividade que a energia sexual contém, a manifestação da energia feminina. Marte e Vénus são dois complementos, duas energias que se interligam e interagem para criar. Elas unem-se pontualmente, fundem-se até, mas não podem permanecer nesse estado, sob pena de se tornarem destruidoras. Isso é visível na mitologia, onde os dois deuses têm uma relação proibida, apaixonada e geradora de vida. Vénus é casada com Vulcano, um deus muito feio, também irmão de Marte, mas a deusa da beleza tem no seu coração o deus das paixões, belo, viril, magnético, e é com ele que ela se conhece na sua faceta de deusa do amor.
Na Astrologia, Vénus e Marte são também uma dupla, mas este amor proibido é também aqui trazido, pois no domicílio de Vénus, Marte encontra o seu exílio, e vice-versa. É esta complementaridade que faz destas duas energias o nosso principal “motor” aqui na Terra. Como referi atrás, o nosso planeta azul, no sistema solar, está “entre” estes dois corpos celestes, e do ponto de vista astrológico, simbolicamente, isso faz com que estes dois planetas formem uma esfera energética que nos rodeia e envolve. Emoção e impulso, receptividade e acção, gerar e criar, são alguns dos binómios que, juntos, eles nos trazem. Por isso, a sua interacção representa, no fundo, a forma como alimentamos a nossa energia e os nossos movimentos, e é isso que determina, dado que Marte representa o impulso para fora, a direcção da nossa vontade.
Se nos alimentamos de amor, se nos nutrimos de coisas que realmente nos dão o que necessitamos para ter em nós vida, então é vida que geramos. Marte é o arado que rasga a terra para a preparar para receber as sementes, mas é Vénus a água que a alimenta e a amolece. Marte é o catalisador do fogo que o Sol dá à terra e que nela cria o impulso para as sementes quebrarem a casca e germinarem, mas Vénus é a essência dessa mesma semente e a humidade que a preserva para que possa manifestar o seu gérmen. Um desequilíbrio entre estas energias faz com que a semente não germine, seque ou apodreça, levando então à morte.
Antes referi que os signos que Marte rege representam, em si, o início e o fim da vida, ou a energia da morte, simbolizadas por Carneiro e Escorpião. Contudo, é interessante percebermos que os signos que Vénus rege, Touro e Balança, estão com eles interligados. A Carneiro segue-se Touro, marcando a vibração do início da vida, e Escorpião é precedido de Balança, trazendo-nos a manifestação desse processo de transformação que o signo fixo de água nos traz. Assim, esta conexão é profunda, forte, decisiva, que funciona como o tal motor do nosso ser. Vénus dá-nos o combustível, mas é Marte quem lhe dá a ignição, que o faz movimentar, quem lhe dá o impulso e dele se alimenta.
Estamos a viver tempos extraordinários, que mais do que importantes, são transformadores e dinamizadores dum novo caminho, duma nova estrutura, duma nova, no fundo, realidade. Os tempos de transição, como os que estamos a viver, são sempre muito desafiadores. Com a mudança de vibração que começámos a viver no decorrer de 2020, marcada por dois momentos importantes, entrámos num processo de transição, e estas pontes são sempre muito desafiadoras. Nesse ano, em Janeiro de 2020, que parece longínquo, mas que foi, na realidade, ontem, atravessámos, primeiro, a conjunção entre Saturno e Plutão, à qual voltarei um pouco mais à frente, em Capricórnio, o grande abalo que, num instante, trouxe a enorme mudança da qual ainda estamos a vivenciar muitas réplicas, e um outro processo, mais suave, do qual falei na palestra que dei sobre o ano de 2021, a conjunção entre Júpiter e Saturno, em Aquário, a 21 de Dezembro de 2021.
Esta conjunção não é assim algo tão estranho, até porque ela acontece a cada, sensivelmente, 20 anos, abrindo um novo ciclo. A questão é que ciclos estão inseridos num outro maior, que trabalha sobre uma base elemental, e este de 2020 trouxe a abertura concreta dum novo grande ciclo. Repare-se que, desde 1802, estas conjunções formavam-se em signos de Terra, com excepção de 1821, que se deu em Carneiro, fechando o ciclo de fogo em definitivo, e de 1981, em que se deu em Balança, fazendo a primeira ponte para a verdadeira abertura que vivemos em 2021. O elemento Terra é o elemento da matéria, ligado ao concreto, ao desenvolvimento dos sistemas financeiros, das posses, da economia, e foi esse crescimento que vimos nos dois últimos séculos. Quando, em 1981, a conjunção entre Júpiter e Saturno se dá em Balança, temos o primeiro sinal do que o novo ciclo no elemento Ar nos traz, bastando perceber o desenvolvimento tecnológico que a partir daí ocorreu, nomeadamente no que nos liga, no que nos conecta, nas comunicações, nas viagens e tanto mais que pertence a este elemento. No entanto, é apenas em 2020 que o ciclo de Ar verdadeiramente se institui e coloca as suas bases e, por isso, muito do que estamos a viver também faz parte deste enorme processo de transição energética.
Nestes processos, efectivamente, Marte tem pouca responsabilidade e um papel nulo, na prática, até porque não é o foco de um planeta da sua natureza, ser protagonista neste tipo de ciclos. Marte não tem essa função estrutural, ele é um activador, um potenciador, um catalisador, e é essa a sua grande função. Por isso, no ramo da astrologia que rege as nações e os grandes movimentos, a que chamamos de Astrologia Mundana, Marte representa os grandes movimentadores e actuadores da sociedade, como as forças armadas, os agitadores, rebeldes e impulsionadores revolucionários. Por isso, Marte traz-nos as guerras, os exércitos, as movimentações bélicas, de defesa e de ataque, o crime e a violência, estando também ligado à indústria que envolve metal, e ainda a questões de saúde pública, onde os médicos e os cirurgiões se destacam, mas principalmente aos grandes problemas, como epidemias e infecções.
No início deste artigo referi que Marte seria, sem dúvida alguma, um dos grandes protagonistas do ano de 2022, e isso tem como fundamento o trabalho que ele tem feito ao longo destes tão profundos e conturbados meses. No entanto, é importante perceber que, na realidade, o seu papel é muito maior e começa um pouco mais atrás, como referi no ponto anterior, não em nome próprio, mas sim através destas outras energias que, nos últimos anos têm sido fundamentais, cruciais e estruturais do nosso percurso.
No entanto, em 2022, efectivamente, o papel de Marte é muito mais fulcral, pois de Março a Agosto deste ano ele fez conjunção a todos os planetas sociais e transpessoais, esses sim, os grandes responsáveis pelos processos de mudança e transformação que vamos vivendo. Ao fazer estas conjunções, e uma conjunção é sempre, de certa forma, uma activação, Marte, sendo ele próprio um impulsionador, vai levar a sua faísca a cada um destes planetas, gerando movimento, abrindo caminhos, potenciando o seu trabalho, o que nem sempre é pacífico e muito menos sereno.
O passeio de Marte ao longo destes meses foi como um simples jogo de snooker, onde cada movimento é uma tacada numa bola que irá tocar outra, transmitindo-lhe a sua energia e direccionando-a para o que ela precisa de desenvolver. É preciso também compreender que nenhum destes movimentos acontece apenas no dia em que a conjunção se dá. Em Astrologia, o evento concreto é apenas uma parcela dum arquétipo que se colocou em marcha e se activou. Então, estes vários movimentos ao longo destes meses trazem-nos activações, forças motrizes que se irão complementar ao longo dos próximos tempos com outros movimentos.
Marte começa o ano, mais ou menos a meio do signo de Sagitário, e, durante o resto do ano vai percorrer metade do Zodíaco. Nesse caminho, Marte encontra, primeiro, a 3 de Março, Plutão, com quem faz conjunção aos 27º50’ de Capricórnio. Este é extremamente importante, até porque se dá próximo dum conflito que está a dimensionar muito das nossas vidas no momento presente, a invasão da Ucrânia pela Rússia, a guerra que se gerou a partir daí e as consequências humanas e económicas que estamos a vivenciar. Contudo, sobre este evento voltarei um pouco mais à frente. De seguida, Marte faz conjunção com Saturno, a 5 de Abril, aos 22º24’ de Aquário, para depois seguir para Peixes, onde fez conjunção com Neptuno, no dia 18 de Maio, aos 24º59’. Depois, segue para Carneiro, onde faz duas conjunções, a primeira com Júpiter, no dia 29 de Maio, aos 3º19’, e a segunda com Quíron, aos 15º56’, dirigindo-se para a última conjunção, com Úrano, no signo de Touro, aos 18º42’, a 1 de Agosto.
Marte e Plutão têm afinidade, partilham duma energia que, embora substancialmente diferente, têm focos que se tocam e se projectam. São ambos profundos impulsionadores, catalisadores de energia, mas se Marte o faz para o exterior, Plutão leva-nos ao submundo e, por isso, esta conjunção, sendo uma activação do primeiro sobre o segundo, vai fazer com que coisas que estavam nos nossos infernos, muito bem guardadas, sejam trazidas ao de cima para podermos lidar com os nossos monstros.
Após este último movimento, no dia 20 de Agosto, Marte fez o seu ingresso no signo de Gémeos, onde estará até ao dia 25 de Março de 2023, numa jornada extraordinariamente longa para este planeta, mas que se deve ao seu movimento retrógrado. É este caminho por Gémeos, tão importante para os tempos que estamos a viver, do ponto de vista de activação energética, em que me irei focar num ponto mais adiante, mas primeiro é preciso perceber duas questões.
A primeira tem a ver com todo o trajecto que Marte fez durante este ano, este passeio de activação, onde nada está fora do sítio. De forma muito simples, em primeiro lugar, Marte conjunto a Plutão, em Capricórnio, traz ao de cima o que estava escondido e guardado, as estruturas velhas e caducas que já não servem e que precisam de dar espaço para as novas, mais fortes e ajustadas para depois lhe dar forma e estrutura com a conjunção com Saturno em Aquário, para que ele possa ser visto e trabalhado, para que possa ser entendido, conceptualizado, para, de alguma forma, centrifugar essa energia e separá-la, obrigando-nos a lidar com a dimensão da nossa mente e com a nossa própria humanidade. É nesse sentido que a conjunção com Neptuno, em Peixes, se enquadra, no mergulhar profundo das emoções, do medo, da dúvida, necessário para fazer desabar o que ainda se mantém em pé e limpar o que é preciso ser limpo. Este movimento é muito perigoso, pois ele projecta a sua energia para os tempos seguintes, levando essa névoa para os meses e anos que temos pela frente, pois qualquer bocadinho de estrutura antiga será motivo para tentarmos voltar ao que já não nos serve e, por isso, não podemos, de forma alguma, ter essa hipótese.
É aqui que começamos a ver maiores radicalizações, derivadas do medo, da dúvida, do inesperado, do imprevisível e do incontrolável. Taxas de juro a subir, inflação descontrolada, vidas em risco com as consequências dum conflito que, embora se localize num ponto do globo, tem verdadeiras consequências universais. É nesse sentido que as duas conjunções seguintes, em Carneiro, se inserem, primeiro com Júpiter e depois com Quíron, o chamado para que se use o conhecimento adquirido, a vontade e a determinação já desenvolvidas, a aprendizagem feita nos últimos anos, para se poder dar início a uma cura tão necessária, mas também para ganhar impulso para o quebrar de estruturas de valor que Úrano em Touro está, e continuará, a fazer.
A segunda questão que referia atrás tem a ver com algumas das sincronicidades que podemos observar com estes movimentos do planeta vermelho e as suas activações fortes e determinantes. O universo é feito destas pequeninas coisas, destes momentos de sintonia absoluta e extraordinária que funcionam como fios que cosem a teia da vida e onde encontramos o sentido de tudo.
Marte e Plutão têm afinidade, partilham duma energia que, embora substancialmente diferente, têm focos que se tocam e se projectam. São ambos profundos impulsionadores, catalisadores de energia, mas se Marte o faz para o exterior, Plutão leva-nos ao submundo e, por isso, esta conjunção, sendo uma activação do primeiro sobre o segundo, vai fazer com que coisas que estavam nos nossos infernos, muito bem guardadas, sejam trazidas ao de cima para podermos lidar com os nossos monstros. Este trabalho é muito importante, pois eu não posso retirar o que está podre sem fazer algum tipo de incisão, sem fazer sangue e sem lidar com toda essa massa directamente.
O propósito da conjunção entre Marte e Plutão encontra-se um pouco antes no tempo, mais concretamente na conjunção de Saturno com Plutão, no início de 2020, a impulsionadora de tudo o que estamos a viver. É certo que a conjunção de Marte com Plutão se dá aos 27º50’ de Capricórnio, que pouco tem a ver com esse momento em 2020. Contudo, se olharmos para uma data próxima da que se dá a conjunção, mais propriamente o dia 24 de Fevereiro de 2022, talvez consigamos entender esta sincronicidade.
Para os mais desatentos, a 24 de Fevereiro de 2022, por volta das 5h da madrugada (hora local, UT-2), Putin dá a ordem de início do que chamou de “Operação Especial”, um nome pomposo para o que realmente é, a invasão da Ucrânia. Neste dia, Marte já estava a aplicar-se à conjunção com Plutão, mas, mais importante que isso, ele está aos 22º27’ de Capricórnio, enquanto Vénus está um pouco mais atrás, aos 21º, a aproximar-se de Marte. Se nos recordarmos do que escrevi atrás, sobre a ligação entre Vénus e Marte, podemos perceber o mecanismo que aqui foi accionado. Marte encontra em Capricórnio a sua exaltação, sendo por isso forte, e Vénus, neste signo, pode quase equiparar-se à sua irmã, Minerva, aliando a força à estratégia. Contudo, é preciso recordar que aquilo que alimentamos em Vénus (que por acaso é um planeta de forte afinidade com Putin, pois é regente do seu signo solar), vai ser o foco do impulso de Marte e sobre essa energia, para o bem ou para o mal, somos sempre responsáveis. Ao estarem tão próximos de Plutão, esta energia torna-se força bruta, mas por vezes impaciente e pouco eficiente, e isso talvez possa fazer ressonância com o facto de as expectativas da invasão terem sido totalmente goradas e a Ucrânia ter mostrado uma capacidade de resistência impensável dias antes.
Se isto poderia ser suficiente para olharmos para este momento em específico, é preciso vermos um outro pormenor, a tal sincronicidade. Como referi acima, Marte estava ao 22º27’ de Capricórnio, um ponto muito especial, que nos relembra dum outro evento, a conjunção entre Saturno e Plutão, a 12 de Janeiro de 2020, que se formou precisamente aos 22º46’ de Capricórnio. Podemos então perceber que, na verdade, este dia e esta energia são novos activadores deste momento tão especial, o início dum ciclo entre Saturno e Plutão, o desconstrutor da realidade baseada nas estruturas como as conhecemos e o direccionador duma nova fundação. Assim, compreendemos que estes dois momentos estão relacionados, como se o segundo fosse um espécie de prolongamento do primeiro.
Na realidade, ao longo dos últimos meses podemos perceber que muito do que a pandemia de COVID-19 nos trouxe, as mudanças iniciais, as consciências que no princípio foram activadas, rapidamente foram esquecidas, nomeadamente com o voltar a uma espécie de normal, muito impulsionada pelo medo da mudança e às resistências que daí advêm. Coisas que foram, naquela altura modificadas e que nos mostraram novas formas de funcionar, muito ligadas ao elemento Ar, rapidamente voltaram a dar espaço aos mecanismos de controlo do elemento Terra, fruto desse medo, dessa dificuldade em mudar, dessa infundada perspectiva de perda de controlo sobre alguma coisa que, na realidade, nunca se controlou. Assim, este novo movimento, mais impulsivo e forte, vem complementar o primeiro, até porque ele dá-se, efectivamente, no grau onde aconteceu a conjunção entre Saturno e Plutão, mas marca o retorno de Marte ao ponto onde estava em Março de 2020, altura em que iniciaram os confinamentos um pouco por todo o mundo, em que o mundo parou sem saber muito bem o que viria a seguir.
Também é interessante perceber que a conjunção entre Marte e Úrano, a última deste passeio, dá-se num momento em que um processo, que se iniciou em 2021, a quadratura entre Saturno e Úrano, sobre a qual escrevi, tem os seus momentos finais, mas que encontra com esta conjunção uma activação forte e muito importante. Note-se que este movimento que marcou astrologicamente 2021 trouxe uma mudança de paradigma e de consciência, a importância de revermos a forma como usamos os nossos recursos energéticos e alimentares, dando-nos o sinal da escassez que pede um rever e um reposicionar, mas também a importância de olharmos para o futuro e respeitarmos o planeta em que vivemos para podermos nele continuar a existir. Quando Marte activa este movimento, ele traz a sua secura e o que dela advém, e estamos a ver isso com a enorme seca global que estamos a viver, contrastada por momento de enorme destruição por tempestades e chuvadas que, na verdade, não alimentam a terra, só a varrem, mas também pela crise dos cereais, potenciada pela guerra na Ucrânia.
Nada disto, nem sequer este momento, tem de ser visto como catastrófico. Ele faz parte dos grandes movimentos que estes tempos e o nosso desafio enquanto humanidade. Vivermos este momento em foco de catástrofe, de extinção ou de fatalismo não nos permite compreender o grande fundamento do que nos está a ser oferecido e solicitado, e, na verdade, só nos leva a mais medo e menos direcção.
A fase final do passeio de Marte por este ano dá-se no Signo de Gémeos, signo do pensamento, da comunicação, da mente como fundadora da nossa identidade e criadora da nossa realidade. Ao passar tanto tempo neste signo, Marte vem activar essa área das nossas vidas, de nós mesmos, mas também no mundo que nos rodeia, levando-nos a impulsionar a nossa mente para o que nos é pedido, a perceber, de uma vez por todas, que as palavras têm poder e podem ser como espadas, lanças ou flechas, se assim as direccionarmos, mas que também podem ser a caneta que assina o tratado de paz ou o machado que se enterra para iniciarmos um novo tempo.
Com isto não quero dizer que a guerra que mais nos influencia nestes tempos encontrará nestes tempos o seu fim, até pode ser o contrário, mas se tudo o que nos rodeia é reflexo do que vivemos dentro de nós mesmos, então é preciso perceber quais são as guerras que alimentamos dentro de nós mesmos, quais são as feridas que existem em nós individualmente que precisam de ser curadas. Essa vivência está muito óbvia no mundo que nos rodeia, com temas que achávamos ultrapassados a voltarem com força, como o nazismo e o fascismo, os autoritarismos no seu global, demonstrando que embora eles tenham sido vencidos em algum momento da nossa história, antes até de maior parte dos que hoje povoam a Terra terem nascido, não foi retirada essa erva daninha da nossa estrutura, não foram plantadas novas sementes, não foi curada essa ferida.
Marte, ao fazer esta parte do caminho no seu movimento retrógrado, direcciona para dentro de nós esse trabalho, essa consciência que é preciso tomar, essa visão interior de nós mesmos que precisamos de trabalhar. É este o tempo de percebermos que somos o que acreditamos e que os medos podem ser impulsionadores, mas também podem ser destruidores de nós mesmos, que ainda que tudo à nossa volta esteja difícil e desafiador, é a nossa mente que nos dá a direcção dos caminhos que precisamos de fazer.
(…) no meio de todo o ruído, é preciso parar, serenar a mente, um pouco como o grande guerreiro que foi ensinado e treinado para, no meio da batalha, estar mais focado e atento que nunca, apesar do barulho ensurdecedor, do tanto que acontece à sua volta.
Quando Marte, no final do seu passeio, como referi no início do artigo, nessa história idealizada, reduz a velocidade, ele até para um pouco, para observar, pois o mundo que ele deixou para trás está em alvoroço e é preciso compreender o que o trouxe até aqui para poder fazer diferente. É preciso voltar à essência da mente, perdida entre os avanços tecnológicos, à intensidade superficial das redes sociais e criar novamente, embora com uma nova dimensão e uma nova consciência, o verdadeiro pensamento e aquilo que é o foco questionador e pensador sobre a realidade e sobre o mundo que vivemos.
Estes tempos são extraordinários, mas também perigosos, são desafiadores e isso leva-nos a momentos de grande complexidade, onde o que faz a diferença é a forma como nos temos nutrido, não de forma física (ainda que também), mas na nossa mente, nessa parcela essencial da nossa consciência, que tudo forma e tudo constrói. Quanto mais conhecemos, quanto mais aceleramos a nossa mente, maior o risco de nos destruirmos, um pouco como o processo que podemos ver no magnífico filme Inception (A Origem), de 2010. Por isso, no meio de todo o ruído, é preciso parar, serenar a mente, um pouco como o grande guerreiro que foi ensinado e treinado para, no meio da batalha, estar mais focado e atento que nunca, apesar do barulho ensurdecedor, do tanto que acontece à sua volta.
É fácil dispersar, sem dúvida – é muito fácil, na verdade –, mas o que nos leva à vitória é a capacidade de ultrapassar todas essas distrações, todo esse excesso, todo esse ruído, e ganhar foco, precisão, direcção e impulso. Este é, na verdade, o grande propósito destes tempos, pois no final deste percurso, quando Marte terminar de observar, de interiorizar e registar tudo o que se passa, quando terminar, no fundo, o movimento retrógrado, ele vai acelerar, vai ganhar impulso com tudo o que aprendeu, com a estratégia que definiu, e nada o vai parar. Esse vai ser, também, o nosso caminho, que dependerá, apenas, do que agora alimentarmos e entendermos, do que integrarmos e compreendermos, pois o mundo que se coloca à nossa frente vai ser traçado pelo que hoje nos propusermos a ser.