Os últimos anos trouxeram-nos, de forma global, mas também a cada um de nós, processos e desafios que nunca poderíamos imaginar algum dia viver e experienciar. Essas vivências criaram uma instabilidade e uma incerteza para a qual não estamos, como seres e como sociedade, preparados para viver por muito tempo. Contudo, este tempo tem passado e a incerteza tornou-se cada vez mais a única certeza que temos, e navegar através dela é o único caminho possível, mas muitas vezes difícil.
O ano de 2022, que, poderíamos pensar, seria o início duma transição entre os desafios de 2020 e 2021 para um tempo melhor, trouxe-nos, nas suas primeiras semanas, um impacto muito forte, uma guerra anunciada, mas que não esperávamos ser possível. Num curto espaço de tempo, e mais uma vez, modificações nas nossas estruturas e condições económicas e financeiras, desafios que pensávamos estarem já longe duma realidade que tínhamos andado a construir, surgem, e a incerteza que já vivíamos tornou-se ainda mais intensa, activando os modos de alerta, os medos, os padrões e as feridas que necessitam de ser trabalhados conscientemente. Por isso, estes são tempos de crise, sim, de divisão e separação, onde tudo o que está podre e enfermo continua a vir ao de cima para que possa ser mexido, trabalhado e, idealmente, curado, mas são também tempos muito especiais, tempos de profundas mudanças e transição, como uma ponte entre um mundo que já não nos serve nem está ajustado e um outro que está a nascer.
2023 chega-nos com uma energia intensa e profunda, marcando uma mudança de vibração nos nossos processos e caminhos. Depois deste tempo tão intenso, tão desafiador e acutilante, e ainda que os seus desafios continuem presentes e sem propriamente um final anunciado, agora é tempo de integrar todos estes processos e resgatarmos a nossa verdadeira essência. Quando nos permitimos observar o que nos envolve e tudo o que se passa à nossa volta, percebemos que este é um tempo de transformação, do ruir de algo. No entanto, se pararmos um pouco e nos centrarmos, percebemos que, mais do que isso, este é um tempo de renascimento e tal implica sairmos da sombra de quem somos para abraçar a luz que nos habita. 2023 não será um ano suave, nem tenhamos ilusões sobre resoluções de problemas e conflitos, pois eles não têm tempo marcado, eles estão conectados a nós enquanto humanidade e depende do que escolhermos para o que temos em frente.
Assim, somos como a criança que se prepara para nascer, que vai sair dum mundo que conhece para outro do qual pouco ou nada sabe. Este ainda não é o momento do nascimento, mas sim o romper das águas, o momento que nos retira do conforto e nos activa a consciência de que algo está para chegar. Este é, por isso, um tempo confuso, e 2023 ainda nos traz essa dimensão, onde a ruptura e o sofrimento se misturam com a esperança, em que a dor e a felicidade se conectam e, principalmente, onde cada um de nós precisa de resgatar a sua humanidade, o respeito e o amor pelo próximo e trabalhar para tornar os próximos tempos melhores. No fundo, tudo começa aqui, e nada poderia ser possível sem a quebra e o largar dos tempos que temos vivido.
Foi neste sentido que, no passado dia 27 de Dezembro de 20222, trouxe a Palestra 2023: O Romper das Águas, onde olhei para 2023 através das lentes da linguagem Astrológica e da sabedoria arquetípica do Tarot, numa perspectiva espiritual e evolutiva, e que agora partilho com todos.
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