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A Dimensão do Amor

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Digo muitas vezes que o Amor é a energia primordial, que tudo gera e tudo forma. É ele a Fonte de toda a vida e tem, na verdade, muitos nomes. O Amor está em tudo e em todas as coisas, guardado nas nossas células, em cada molécula de tudo o que existe no Universo e em tudo o que está para lá do que vemos e compreendemos. Não é por um acaso (como se os acasos existissem) que o Amor é a grande mensagem de todos os Mestres desta Era, de Jesus a Buda, o grande mandamento que nos foi deixado para conseguirmos resgatar a nossa verdadeira humanidade. Por isso, o Amor persiste, apesar de tudo o que possamos fazer.

Mesmo quando, à nossa volta, tanta coisa horrível acontece, tanta atrocidade se vê a ser cometida, como as guerras que pelo mundo inteiro acontecem, as desigualdades profundas, a fome que tantos passam ou a ganância e o poder que tantos rege, ainda assim e mesmo com tudo isso, o Amor não deixou de existir, não se perdeu nem se extinguiu. Mesmo quando, nas nossas vidas, as dificuldades aparecem, os desafios duros e dolorosos surgem, os obstáculos se erguem, ainda assim, o Amor não deixou de estar presente. Contudo, em todas estas situações podemos perceber que o medo e o sofrimento, associados às coisas da matéria, tomaram o Amor como refém, aprisionando-o e fechando-o, fazendo-nos sentir desajustados, abandonados, descrentes.

Viemos à Terra com o propósito de compreender o Amor em todas as suas dimensões, mas, principalmente, naquilo que é a sua vibração terrena. Dado que, nesta dimensão, tudo é dual e transposto para a matéria, também o Amor, neste plano, se manifesta em múltiplas coisas, como o valor do que somos, do que temos e do que está a nós ligado, como a segurança e a posse ou o prazer, mas também no seu oposto, como o medo, a dor ou o sofrimento. O Amor é, na sua essência, um alimento, e em nós estão todas as sementes, todas as possibilidades, que irão, sem dúvida, germinar. A grande questão tem a ver com a forma como cuidamos deste terreno que é a humanidade, a sociedade, a vida e o coração, pois se não tivermos atenção (e é fácil perceber que não a tivemos) as ervas daninhas vão-se alimentar, crescer, invadir e retirar todos os nutrientes à planta que deveria, verdadeiramente, desenvolver e dar as suas folhas, flores e frutos em plenitude.

Se não experimentarmos as várias dimensões do Amor, nomeadamente as mais densas e desafiadoras, como os medos, as angústias e as ânsias, a revolta ou a zanga, como poderemos elevar a esperança e a fé para lá de simples palavras, para lá duma simples demagogia?

Ao longo do nosso percurso, muitas vivências e experiências vão-nos moldando. Umas são mais fáceis, mais fluídas, mais harmoniosas, mas o estágio que percorremos neste planeta tem uma peculiar característica, que muitas vezes vemos de forma negativa, e que se manifesta na compreensão que o nosso crescimento dá-se através de processos que são de dor, que implicam quebrar barreiras e deitar abaixo armaduras, rasgar véus e abrir caminhos. Somos como sementes que, para germinarem, necessitam de quebrar a casca, como diamantes que estão encerrados dentro duma pedra escura e densa que necessitam de ser polidos e burilados, e são as experiências da vida que nos permitem resgatar a essência que reside em cada um de nós, aquilo que podemos chamar de Centelha Divina.

O que é a Centelha Divina senão puro Amor, manifestado através da Alma que em nós habita, desenhada, no seu plano original, para espelhar Deus através deste veículo que é o Corpo? Se isto não nos torna especiais e únicos, nada mais o fará! Contudo, ao descermos a este plano, ao encarnarmos e nos tornarmos matéria, precisamos de esquecer essa origem, para que, logo com o nosso primeiro respirar, nos recordemos dessa sensação de Casa e nos dediquemos a aperfeiçoarmo-nos para que a ela possamos voltar. Nesse esquecimento, face ao tanto que já está construído neste mundo e nos desafios que, a priori, trazemos para esta vida, contactamos com a densidade da matéria, com os vícios e as feridas, com as necessidades básicas de estrutura, segurança e poder, o que, invariavelmente, nos irá construir enquanto pessoas.

Podemos pensar que seria mais fácil não estar, então, neste plano, e fazer um caminho de evolução mais simples, mais fluído, noutro sítio qualquer. Contudo, são estas características e todas estas condicionantes que nos permitem aceder ao mais profundo do nosso ser e, assim, aperfeiçoarmo-nos, resgatando esse tal diamante na sua mais plena e extraordinária beleza. Parece um pouco absurdo ou até contraditório, mas se sentirmos, bem no centro do nosso ser, vamos compreender que existe uma beleza neste percurso, uma lógica magnificente. Se não experimentarmos as várias dimensões do Amor, nomeadamente as mais densas e desafiadoras, como os medos, as angústias e as ânsias, a revolta ou a zanga, como poderemos elevar a esperança e a fé para lá de simples palavras, para lá duma simples demagogia?

Como poderemos, quem sabe noutros planos e dimensões, até, abrir novas consciências e amplificar visões? No fundo, não se trata de equilibrar ou corrigir nada, mas sim de harmonizar, de gerar, criar, alimentar e entrar no fluxo da vida, a prosperidade que tanto procuramos. Para tal, precisamos de experienciar tudo o que a Terra tem para nos oferecer, pois sem as trevas não compreenderemos a Luz. Ou, como ouvia há pouco tempo num episódio dum Podcast que acompanho, como poderíamos admirar a beleza e a perfeição do diamante se ele não fosse exposto sobre um pano de veludo negro?

O propósito deste plano não é a perfeição ou a vivência do Amor Incondicional, mas sim a experiência de tudo o que nos é oferecido. É nessa experiência que reside o maior poder que nos é colocado nas mãos, a escolha, o livre-arbítrio, que se projecta sempre sobre o plano que cada um de nós escolheu para a sua própria evolução, e a respectiva responsabilidade. É escolhendo um caminho e assumindo o que dele advém que poderemos crescer e evoluir, que co-construímos o nosso caminho em cada passo, entrando no fluxo da vida e com ele aprendendo.

É quando travamos esse fluxo que nos perdemos no medo, pois amplificamos a nossa mente e ela passa a governar e controlar, é nele que toda a densidade se desenvolve, que buscamos a segurança e o poder de forma desmesurada, que perdemos a capacidade de olhar o outro em compaixão, em empatia, em amor, que passamos a viver no individualismo, no isolamento, na ilusão, mesmo que as nossas intenções pareçam as mais belas ou correctas. É curioso perceber, por exemplo, que é quem menos tem que mais se predispõe a ajudar, enquanto que quem mais tem, muitas vezes, arranja desculpas para não o fazer, por medo de perder ou de não ficar com o suficiente. Hoje, também, e infelizmente, vemos muito esta realidade na política no mundo inteiro, onde, supostamente, se expressa o que as pessoas verdadeiramente dizem, mas que, na verdade, apenas se aproveitam do medo e bloqueiam todo o fluxo de vida, alimentando-se dele.

São as várias dimensões do Amor que experimentamos e temos a possibilidade de vivenciar e integrar aqui na Terra que nos constroem, que nos elevam para lá de nós mesmos e, no fundo, nos tornam melhores seres humanos. É nelas que nos reencontramos e nos resgatamos. No entanto, é preciso recordar que este plano e toda a criação é mental, que é a mente que mais nos liga ao que podemos compreender como Deus e que, por isso, as várias dimensões do Amor e as suas experiências precisam de estar ligadas a todo o potencial criador que a nossa mente contém, criando uma profunda consciência. No fundo, é essa consciência a verdadeira harmonia. Como um rio, a mente desenha o curso e o coração, através do amor, gera a nascente e o alimenta. Gota a gota, o rio preenche-se e, fazendo o seu caminho, vai alimentando a terra e gerando a vida que o rodeia, até que a água volte ao mar, até que o Espírito retorne a Casa.

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