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Manifestação da Vida

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Cada ano oferece-nos quatro ou cinco momentos muitos especiais, os pontos de eclipse, onde Terra, Sol e Lua alinham-se num movimento que é tão fascinante do ponto de vista visual, como profundo em termos energéticos e espirituais. Podemos pensar que um eclipse é apenas um movimento astronómico, mas, na verdade, em cada um que vivemos encontramos portais de transformação das nossas vidas e do mundo em que vivemos, encontramos chaves para os tempos que nos estão a ser apresentados e caminhos para serem percorridos.

Com o Eclipse Solar Parcial do dia 30 de Abril e o Eclipse Lunar Total do dia 16 de Maio, vivemos os primeiros portais de transformação e que este ciclo zodiacal tem para nos oferecer. Creio que para poucos haverá dúvidas da importância dos tempos que vivemos e do quão transformadores eles são. Vivemos tempos de transição, de crise, que rompem com um paradigma e com uma estrutura e nos abrem portas para novos caminhos, que dependerão apenas das nossas escolhas e do que alimentarmos. Esta é, sem dúvida, a chave destes dois eclipses que viveremos nas próximas semanas. Num tempo que já se mostra tão desafiador, o ciclo de eclipses que 2022 nos traz, integrado num enorme momento que se despoletou em 2020, é extremamente poderoso importante, nomeadamente porque se dá exclusivamente no eixo mais profundo e desafiador do Zodíaco, o eixo Touro-Escorpião.

Embora compreendamos a energia dos signos individualmente, também é preciso termos em consideração que o Zodíaco é um sistema simbólico totalmente integrado, onde todas as suas parcelas se conectam de alguma forma. É nesta visão que conseguimos compreender a força e o propósito do trabalho que fazemos através da Eclíptica, a linha imaginária que a Terra descreve no seu movimento à volta do Sol e que nos dirige através do círculo de constelações que forma o sistema que traduzimos para a Astrologia. Com esta premissa, compreendemos que cada signo não é definido por um conjunto de estrelas, mas sim pelo significado, pelo símbolo, que lhe foi atribuído, cada um ligado a um pedaço do ciclo solar, o ciclo de consciência que a vida na Terra nos oferece.

Touro é Vida, é a Matéria, não no sentido da apenas existência, mas sim na grande manifestação da Alma que a vida, em todas as suas formas, representa. Escorpião é a Morte, a Anti-Matéria, não no sentido do desaparecimento, mas sim no processo de iniciação que o Espírito vem fazer à Terra, que passa pela abnegação, pela entrega profunda, pela descida aos infernos, pelo libertar de tudo em que a matéria nos pode aprisionar para, assim, podermos ser verdadeiramente eternos.

Um dos pontos que podemos e devemos ter em atenção é que o Zodíaco também se integra através dos seus eixos, onde cada par de signos configura uma aprendizagem que nos é oferecida. Uns são mais simples, outros mais complexos, mas aquele que considero, sem dúvida, o mais forte, profundo e desafiador é o que integra os signos de Touro e Escorpião. Costumo chamar a este o eixo Vida-Morte. É nele que aprendemos o valor da vida na Terra, o seu poder, mas também a sua efemeridade. É através dele que podemos entender que, duma forma mal integrada, as riquezas que a Terra nos dá, traduzidas por Touro, se não tiverem um propósito, se ficarem apenas associadas a nós por ego, poder, apego, tornam-se pontos de densificação, de prisão, que nos projectam para a destruição, Escorpião. Contudo, quando trabalhamos bem esta energia, algo que realmente é muito desafiador, vivemos o que a matéria nos oferece com a consciência de que ela serve para o nosso desenvolvimento, para o nosso crescimento e para a nossa transformação.

Touro é Vida, é a Matéria, não no sentido da apenas existência, mas sim na grande manifestação da Alma que a vida, em todas as suas formas, representa. Escorpião é a Morte, a Anti-Matéria, não no sentido do desaparecimento, mas sim no processo de iniciação que o Espírito vem fazer à Terra, que passa pela abnegação, pela entrega profunda, pela descida aos infernos, pelo libertar de tudo em que a matéria nos pode aprisionar para, assim, podermos ser verdadeiramente eternos. É neste eixo que conecta Touro e Escorpião que complementamos o simples Existir com a verdadeira Vida, que transformamos através do simbolismo da Morte, da Transformação, do resgate do que é único e especial em nós, a verdadeira manifestação do Espírito que somos. Por isso, quando algo acontece neste eixo, nomeadamente processos tão fortes como Eclipses, vivemos momentos que são verdadeiramente intensos.

Como referi acima, um Eclipse é um alinhamento especial entre a Terra, o Sol e a Lua. Simbolicamente, o Sol é o brilho, a luz, o Consciente, enquanto a Lua é o reflexo, a sombra, o Inconsciente, e são eles que, num processo de eclipse, se alinham de forma peculiar perante a Terra. Do nosso ponto de vista, num Eclipse Solar, a Lua “tapa” o Sol, fazendo com o que o que é visível, consciente, seja filtrado pelo que está reservado, inconsciente. Do ponto de vista do nosso sistema, é a Lua quem, realmente, se coloca “em frente” ao Sol, trazendo o simbolismo da necessidade de mergulharmos na sombra para alcançarmos a verdadeira luz do que nos está a ser oferecido. É esse o impulso de transformação consciente que ele nos traz, a semente que quebra a casca para manifestar o seu potencial.

Num Eclipse Lunar, do ponto de vista da Terra, é o Sol quem “tapa” a Lua, levando-nos à percepção que precisamos de iluminar o que está guardado e inconsciente, revelando os processos profundos, trabalhando, por assim dizer, de dentro para fora. Do ponto de vista do nosso sistema, o processo é diferente, pois, na verdade, é a Terra quem está entre o Sol e a Lua, o que nos leva a uma percepção simbólica muito importante de nos colocarmos no centro, de compreendemos o nosso lugar e tocarmos os dois lados. É isso que faz com que o que está recôndito se comece a manifestar e que a transformação se dê internamente, como uma semente que rasgou a casca, criou raízes e agora prepara-se para crescer e romper a terra.

Olhando desta forma, podemos compreender então a importância dos eclipses deste ano, nomeadamente dos que agora estaremos a viver, até porque estes dois, do ponto de vista astrológico, trazem-nos algumas particularidades verdadeiramente interessantes.

O Eclipse Solar de dia 30 de Abril dá-se com Sol e Lua no signo de Touro, conjuntos a Úrano, o que nos mostra a força de mudança que este eclipse traz consigo. De alguma forma, e veremos o que isso significará para os tempos que estamos a viver, este eclipse representa um ponto de viragem de algo, um impulso de mudança consciente e reveladora, até porque os pontos de eclipse fazem um sextil com Marte, em Peixes, sendo este mais um impulsionador de processos de mudança, ainda que com uma tónica especial.

Mapa do Eclipse Solar de 30 de Abril de 2022

Touro é regido por Vénus e, neste eclipse, Vénus estará no signo de Peixes, a dinamizar a conjunção entre Júpiter e Neptuno, localizando-se ainda entre eles, mas numa muito apurada ligação com Júpiter. Isto é especial, pois Júpiter e Neptuno encontram em Peixes o seu domicílio, enquanto Vénus encontra neste signo a sua exaltação, o que significa que os três planetas estão dignificados, poderosos e a receber a energia do próprio Eclipse, dado que Sol e Lua estão, como referi, em Touro. Por isso, esta força magistral de elevação é amplificada por uma energia de Amor, colocando nas nossas mãos um adubo importante para a sementeira que temos pela frente. Um Eclipse Solar é sempre uma Lua Nova, lua de sementeira, muito especial e importante, e esta pede-nos que plantemos sementes de amor e com amor, em todas as coisas da nossa vida. A beleza do céu neste eclipse é algo de extraordinário e único, embora integrado num tempo de extremos.

A Vida, simbolizada em Touro, precisa de ser alimentada em Amor, em Compaixão, em Entrega. É esse amor que move montanhas, que abre as águas do mar e transforma o deserto num campo de cultivo. É nesse amor que encontramos um bálsamo para as dores e para as feridas dos tempos que vivemos. No entanto, em Touro, o que nos é pedido não é passividade nem sacrifício, mas sim força, resistência, resiliência, foco, determinação. Não podemos acreditar na paz sem a alimentar e sem a defender, e também não podemos, perante a agressão e a violência, baixar os braços e permitirmo-nos ser subjugados, na esperança que o mal acabe. Por vezes, a paz tem de ser afirmada e conquistada, para que a solução da guerra não seja apenas um tratado, mas sim um encerrar dum ciclo e o abrir duma nova jornada. Poderia estar a falar do que se passa no mundo, mas refiro-me também ao que se passa dentro de cada um de nós. Em Vénus, Touro manifesta a riqueza da matéria, sendo por isso o seu regente, mas num plano da Alma cabe a Vulcano, o deus do fogo original, o ferreiro que constrói as armas dos deuses, e que na Astrologia é um planeta esotérico, a elevação dessa matéria, forjando-a para a sua divindade.

Um Eclipse Solar é sempre acompanhado por um Lunar no mesmo ciclo e, neste, vamos ter um Eclipse Lunar Total no dia 16 de Maio, com a Lua, o principal astro do eclipse, em Escorpião e, obviamente, o Sol em Touro. Um Eclipse Lunar é sempre uma Lua Cheia muito especial, uma colheita que não tem necessariamente a ver com o eclipse anterior, mas que, de alguma forma, o acompanha. Se a sementeira do Eclipse Solar foi de amor, então é neste eclipse que encontramos o arado que rasga a terra e a prepara para os novos ciclos e para os novos caminhos.

Mapa do Eclipse Lunar de 16 de Abril de 2022

É aqui que, de forma muito profunda, mergulhamos num caminho dentro de cada um de nós, onde viajamos até às catacumbas do nosso ser, mas também às estruturas mais profundas da nossa sociedade e do mundo, mais podres e mais estragadas, aquelas que estão a ruir desde há alguns anos e que encontram, nos tempos que vivemos, alguns golpes que podemos chamar de finais. Somos, assim, convidados, como no Salmo do Rei David, a atravessar o Vale da Sombra da Morte, a percorrer um caminho profundo de assumirmos o que precisa de morrer em nós e no mundo em que vivemos, se quisermos ir mais longe, se quisermos ser mais do que nós mesmos, se quisermos ser verdadeiramente humanos.

Se no Eclipse Solar de dia 30 temos particularidades, neste também as encontramos, e a ele profundamente ligadas. Este Eclipse Lunar dá-se com a Lua em Escorpião e, por isso, é regido por Marte e por Plutão. Marte, no momento deste eclipse, está em Peixes, mas a activar Neptuno e, de certa forma, Júpiter, que ao estar em Carneiro, cria com ele uma recepção mútua, ou seja, ambos se alimentam, pois encontram um no outro as suas regências. Júpiter e Neptuno eram também actores, ainda que secundários, no Eclipse Solar, e aqui continuam a ter esse papel. Se Neptuno continua a ter a força do amor incondicional e da compaixão, agora activados por Marte, o guerreiro, Júpiter está no próprio signo do arranque que é Carneiro, regido pelo planeta vermelho, mostrando-nos que é preciso agir, é preciso ganhar consciência do que é preciso mudar, sim, mas começando a dar passos de verdadeira transformação.

Arado Egípcio. c. 1200 a.C – pintura na Câmara Funerária de Sennedjem

O arado foi uma das mais importantes invenções que o ser-humano fez e desenvolveu, uma que mudou por completo o curso da nossa história, levando-nos a deixar de ser nómadas e a passarmos a ser sedentários. Foi com esse passo, trazido pelo domesticar dos animais e a invenção desta ferramenta, que o ser-humano desenvolveu a agricultura e o cultivo e, assim, a necessidade de criar um sistema de funcionamento comunitário, iniciando a era das sociedades organizadas, baseadas num centro de poder. Touro, no seu maior simbolismo, representa esse momento, que só é possível quando integramos Escorpião, quando criamos uma ferramenta que rasga a terra, que a prepara para o cultivo, que permite uma maior recepção da água, que a abre e liberta para as raízes crescerem, que lhe dá maior exposição ao sol que a alimenta e activa.

O tempo que vivemos pede que consigamos fazer este trabalho, de arar o nosso terreno, de limpá-lo e prepará-lo, e de seguida semear as sementes que pretendemos cuidar, alimentar e fazer crescer daqui para a frente. O mundo em que vivemos, assim como a nossa própria vida, precisa que sejamos mais guerreiros, não de guerras sangrentas e destruidoras, como as que vemos e assistimos agora, todos os dias, na televisão e na internet, mas sim verdadeiros guerreiros de amor e de luz, que agem, que actuam, que se afirmam e se manifestam. Assim como vemos as guerras que acontecem no mundo, também precisamos de ver em nós o reflexo desses processos. Líderes movidos por ganância, necessidade de poder, de riqueza, desconectados da sua humanidade, que enviam soldados para matar, destruir e violar, são desrespeitadores da sacralidade da vida, que usam o seu lugar, não para transformar, elevar e melhor, para sanar problemas e criar melhores condições, mas sim para alimentar o seu ego.

Da mesma forma, precisamos de perceber onde em nós, nas nossas vidas, nos nossos caminhos, precisamos de ser criadores de vida, onde precisamos de limpar feridas, purificar e transformar, onde e como precisamos de alimentar as sementes plantadas. Como nada é ou está isolado neste nosso caminho aqui na Terra, este ciclo de eclipses traz-nos conexões com outros tempos e com outros percursos, onde creio ser importante destacar o período entre 2012 e 2013, também eles com eclipses neste eixo, mas com o trabalho oposto. Nesse tempo, com os nodos na posição inversa, foi-nos oferecido um caminho de transformação, de quebra, de mudança. Recordemo-nos que era o final dos tempos pelo calendário Maia, o início do fim de um ciclo, tempo de crises e de desconstrução.

O que foi aí mudado tem agora de ganhar nova forma e dimensão, e o que foi também plantado nessa altura, tem agora de ser colhido. É preciso termos consciência que, neste momento, Plutão está nos últimos graus de Capricórnio, a preparar-se para concluir um trabalho iniciado em 2008, o de reestruturar o poder instituído, de quebrar as estruturas podres e corruptas, para que quando, entre 2023 e 2025, entrar em Aquário, novas estruturas possam ser criadas, na sociedade, no mundo, mas, primeiro, em cada um de nós.

Foto: https://unsplash.com/photos/bx4WS8mhz3w

Este é um tempo muito importante, transformador e revelador, um dos tempos mais importantes que a humanidade já teve a oportunidade de viver nos últimos séculos, trazido por vários pontos de ciclos que se alinham e que libertam a sua energia. Este é um tempo em que é preciso termos algum cuidado para não confundirmos o ramo com a árvore e aprender a não tomar processos globais como individuais, ainda que não os possamos desprezar e diminuir a sua ligação, até porque não nos podemos esquecer que a humanidade é composta por cada um de nós e é a mudança de cada parcela que permite a transformação do todo.

Neste período de eclipses, tão forte, poderoso, desafiador, mas ao mesmo tempo duma beleza ímpar, o grande foco é que olhemos o trabalho a fazer como provindo do terreno mais fértil que poderemos algum dia semear, o do nosso coração. Aquilo que hoje plantamos dará fruto muito rapidamente, até mais do que podemos imaginar, e tudo depende da forma como alimentamos essas sementes. Desde há algum tempo que é colocado nas nossas mãos esta chave, a responsabilidade sobre os nossos caminhos e propósitos, sobre as nossas escolhas e sobre o que pretendemos criar. Esse é o propósito deste tempo, o de nos mostrar que a vida que temos e que somos é fruto da nossa criação, e que o que quisermos mudar e transformar encontrará agora um caminho, um mecanismo, uma direcção, desde que consigamos assumir a responsabilidade das nossas escolhas e acções, sem culpas nem castigos, mas em profundo amor, compaixão e entrega, não só connosco, mas também com os outros, colocando-nos no nosso lugar certo, definindo os nossos limites, largando capas, armaduras e máscaras, deitando barreiras abaixo.

É o amor que cura, que salva e que nos eleva, sem ele somos apenas espectros, fantasmas, iludidos pelo poder, pela matéria, apegados ao que é efémero, ao que é apenas, no final de tudo, pó. É no amor que nos reconhecemos humanos, e isso não pode ser apenas uma vivência de dádiva e incondicionalidade, tão romantizada que se torna uma fuga e um escape. Na verdade, esse amor que cura, salva e eleva é feito de actos, é construído por posturas e atitudes, que se revelam através do que alimentamos, do que é valioso para nós, e também através do que sabemos largar, do que permitimos que em nós morra para que possa um novo caminho em nós nascer, e esse é o grande propósito, acredito, destes tempos.

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Comments (1)

Margarida Marmelo

Grata pela Manifestação da Vida!
Um abraço MESTRE.
Margarida Marmelo.

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