
2014 está a ser um ano de fortes movimentos nos céus, trazendo-nos a certeza que vivemos um tempo único e importantíssimo para a Humanidade e para a Terra. Se em Abril vivemos a magnífica e fortíssima Cruz Cardinal, neste mês de Julho, que já vai a meio, estamos a presenciar outros acontecimentos extremamente importantes que nos auxiliam naquilo que é, sem dúvida, um movimento de profunda ascensão em termos energéticos do nosso planeta.
Levantamos o nosso olhar para os céus e apercebemo-nos do conjunto de modificações que estão a acontecer, das sintonizações das grandes massas que são os planetas com o zodíaco, dirigindo as suas energias para o Universo e, nomeadamente, para a Terra, operando grandes transformações que ultrapassam a nossa compreensão humana. Neste mês que agora decorre, alguns fortes movimentos, acompanhados de sincronicidades, pautam um ajustamento energético que nos vai influenciar durante largos meses.
No dia em que sai este artigo, às 11h30 da manhã, Júpiter fez o seu ingresso no signo de Leão, transitando da energia feminina de Caranguejo, para a energia masculina do signo fixo do elemento Fogo. Como em todos os signos, Júpiter estará o período de cerca de um ano, fazendo o seu trabalho sobre a influência do signo e expandindo a sua energia. Para compreender bem o seu trabalho, vamos por partes, explicando cada elemento desta equação.

Júpiter é o Rei dos Deuses, senhor supremo do panteão de deuses romanos, filho de Saturno (o Tempo) e de uma manifestação da Deusa Mãe (a Terra), identificada na mitologia romana como Ops e na grega como Reia, esta, uma Titã, filha de Cronos (Saturno) e de Gaia (a Terra). Diz a mitologia que quando Júpiter nasceu, foi salvo pela sua mãe do ímpeto de Saturno em comer os filhos, dada uma profecia que dizia que este iria ser derrotado e substituído por um dos seus próprios filhos. A salvo, Júpiter cresceu e tornou-se um belo deus que veio derrotar o pai e libertar os seus irmãos. Dessa rebelião, Júpiter assumir o reinado do dia e da luz, assim como dos céus, dividindo o poder com os seus irmãos Neptuno, que se tornou o deus dos mares, e com Plutão, que se tornou o deus do submundo. Júpiter era um deus galante, sempre procurando casos amorosos com mortais e imortais, tendo por isso inúmeros filhos.
Na Astrologia, Júpiter assume o papel de planeta social, que preconiza a expansão e o poder. É um planeta que dignifica a sabedoria, a filosofia, o pensamento abstracto, criando as estruturas para a conquista de novos caminhos e de novos “mundos”, estando por isso muito ligado a tudo o que são energias de grandes conhecimentos, filosofia, universidade, viagens e poder, claro. É também o planeta ligado à Fé, à confiança, ao optimismo, à religião, mas também à política, sendo por isso muito comum encontrá-lo muito dignificado em mapas de personalidades ligadas a poder eclesiástico, como Papas, ou de personalidades políticas de forte poder. Ele é um dos dois planetas sociais (o outro é Saturno), pois a sua influência não se dá sobre questões da nossa personalidade, mas sim através de movimentos sociais globais de crença, fé, acção e crescimento.
Como planeta de expansão, onde ele se localiza vai trazer crescimento e desenvolvimento, vai-nos pedir para alargar o horizonte e conquistar algo. Enquanto esteve a transitar em Caranguejo, durante o último ano, e embora seja um signo onde Júpiter esteja muito confortável, naquilo que se chama de exaltação, ele veio solicitar-nos, enquanto parte da sociedade, que fizéssemos aquilo que o signo da mãe, do útero, faz de melhor, alimentássemos e protegêssemos o que já tinha sido concebido em nós, uma necessidade de criar algo de diferente e de novo, um projecto, uma ideia, nomeadamente sobre nós próprios enquanto parte da sociedade. Nos últimos anos, Júpiter e Saturno têm-nos colocado a questão de, afinal, o que andamos aqui a fazer e o que é que temos para dar. Se Saturno nos tem obrigado, ao transitar em Escorpião, a rever valores e a escavar profundamente dentro de nós, Júpiter tem-nos elevado a questão até outras esferas, mostrando-nos que somos únicos e que, por isso, temos algo para revelar, algo apenas nosso, ao mundo que nos rodeia.
É assim que, ao entrar em Leão, Júpiter pede-nos que passemos da expansão de um movimento interior, para a evidência, para a revelação, para um movimento de exteriorização. Como numa gravidez, agora é o momento de dar à Luz aquilo que foi crescendo dentro de nós durante este último ano, fruto da conceptualização que há dois anos andamos a fazer, precedido da concepção que Júpiter em Carneiro e em Touro esteve a fazer. Trazer à Luz é reconhecer a individualidade, romper as águas e cortar o cordão umbilical, sem medo de dar a primeira respiração e mostrar o que valemos.
Durante o próximo ano, é este o processo que nos irá ser solicitado. É tempo de mostrarmos o nosso Eu, o que queremos para nós e andámos a alimentar durante os últimos meses, os projectos, as ideias, a nossa própria individualidade. Se colocarmos sobre este movimento a energia do Tarot, vamos reconhecer que temos a carta X – A Roda da Fortuna, associada a Júpiter, a ser influenciada pela energia da carta VIII – A Força, demonstrando-nos que é com coragem e determinação que temos de aceitar o desafio do Universo de agarrarmos a nossa vida, aceitando, claro, o desígnio que num momento escolhemos enquanto alma para nos desafiar a crescer aqui na Terra, mas assumindo o nosso livre-arbítrio e reconhecimento que apenas nós, em todos os momentos, nos podemos prender ou libertar.
Num plano mais mundano, em termos do funcionamento e repercussão nas questões da nossa sociedade, Júpiter em Leão traz-nos um ano de maior optimismo e crescimento. Não que as condições estejam substancialmente melhores, mas o hábito e a aceitação, assim como algumas efectivas melhorias, irão trazer tempos de maior felicidade e harmonia, de maior prosperidade nas mais diversas áreas. Para quem, poderão perguntar? A resposta é simples, para quem tiver feito o seu trabalho de casa e tiver trabalhado sobre o seu Eu, para quem tiver procurado o seu próprio caminho e se tiver libertado das suas mochilas, assumindo as suas responsabilidades, sem drama, crítica ou castigo, sobre as suas próprias escolhas. Júpiter é um planeta de expansão e prosperidade, mas é também um planeta de justiça, pelo que ele só irá trazer o que realmente tivermos trabalhado para receber, o que merecermos. Ele não se compactua com a projecção da culpa para os outros nem com a desresponsabilização, mas que não deixa de fazer o seu trabalho de expansão.
Ainda noutro aspecto, e dado que Júpiter é expansão e Leão tem uma forte ligação com crianças, é muito natural que haja um ligeiro crescimento da natalidade e que muitas crianças venham ajudar, marcadas no seu mapa com Júpiter em Leão, a trazer mais esperança, felicidade e amor ao mundo. Curiosamente (mas nada é por acaso), nas últimas semanas, em Portugal, temos assistido ao início de um debate, precisamente, sobre questões de natalidade, apercebendo-nos que o país não só está a envelhecer como também não está a renovar as gerações, demonstrando-se ser urgente uma política de promoção da natalidade.
Isto parece tudo muito bonito e simples, até frutuoso e luminoso, tal como Júpiter constantemente nos mostra que pode ser, mas não é livre de desafios ou armadilhas. Como deus, Júpiter era ardiloso e astuto, criando muitas vezes armadilhas para as suas conquistas, sem malícia, apenas com o intuito de atingir os seus objectivos. A maior armadilha que Júpiter em Leão tem é a do Ego, pois neste signo o Ego consegue, com facilidade, ganhar espaço e sobrepor-se à Alma, aproveitando-se da necessidade da energia de Leão de se evidenciar e mostrar, como também do reconhecimento, da bajulação, da sua não declarada carência e da sua, muitas vezes surpreendente, infantilidade.
Sim, este é o tempo de trazer à Luz os nossos projectos e ideais, de mostrar a nossa individualidade e o nosso Eu, de cumprir o nosso propósito de vida e trazer à Terra aquilo que nos comprometemos enquanto almas a fazer, mas há que fazê-lo pela razão “certa” e com o propósito bem direccionado. É por isso o tempo de trazer tudo isso em sintonia com a Alma, aquela que temos vindo a descobrir e revelar nos últimos anos, a nossa Essência Divina, que nos tem pedido para mudar, criando uma sintonia entre o nosso Eu interior e o nosso Eu exterior. Se o propósito da Alma estiver forte e enraizado em si mesmo, o Ego não precisa de fazer mais do que a sua parte, a de manter uma estrutura saudável da sua personalidade que permitirá o crescimento do seu ser. Contudo, se o Ego for reforçado sem qualquer sentido do propósito da Alma, então a ânsia e a ganância por poder irão destruir tudo aquilo que já se tinha construído de luminoso e bom.

A evidência desta necessidade de fazer prevalecer o propósito da Alma e não dar supremacia ao Ego é muito clara no próprio mapa do ingresso de Júpiter em Leão, onde as únicas ligações mais sustentadas e fortes (através de aspectos maiores) são com o Sol em Caranguejo, com quem faz uma conjunção um pouco alargada e que também é dispositor de Júpiter em Leão, recebendo a sua energia, e com a difícil quadratura com a conjunção entre Marte e o Nodo Norte em Balança, denunciando uma relação difícil entre estas questões do Ego e da Alma. A chave? No nosso caso, e devido à nossa localização e ao fuso horário subjacente, a chave está na posição de Júpiter no mapa, na Casa 11, solicitando a projecção de todas estas questões perante a Humanidade, e também no Ascendente deste mapa de ingresso, em Virgem, pedindo-nos que sejamos humildes e que coloquemos tudo o que somos, a nossa individualidade, o nosso propósito, a favor do Bem Supremo.
Se olharmos mais atentamente, compreendemos que o Ascendente deste mapa tem como regente Mercúrio em Caranguejo, na Casa 10, pedindo um assumir do Eu, uma busca pela realização e pela felicidade, ainda que tenhamos de ultrapassar dificuldades e deitar ilusões abaixo, em prol dum caminho maior da Alma, como demonstram os aspectos que faz com os transpessoais Plutão e Neptuno. Se quisermos olhar ainda mais profundamente, podemos encontrar nesse mesmo Ascendente uma regência esotérica na Lua, em Peixes, na Casa 6, em conjunção com Quíron, pedindo uma profunda cura da alma colectiva para que possamos colocar ao serviço aquilo que temos de melhor, enquanto seres humanos, mesmo que ainda estejamos a passar por um sacrifício. Que papel queremos, afinal, ter, o da vítima ou o daquele que conhece nas suas fragilidades uma força imensa, curando-se e salvando-se? Não será fácil a definição e, principalmente, o cumprimento desse papel, pois o próprio Quíron está em oposição ao Ascendente. Talvez, acredito, tenhamos algumas ajudas, mas o tempo o dirá.
Cada dia mais nos reconhecemos como seres espirituais com um propósito profundo na vivência no plano físico, é também isso que o Quíron nos vem alertar e, por isso, não é surpreendente que o ingresso de Júpiter em Leão, com todas estás características que acabei de enunciar se dê num dia como este, onde vivenciamos também um evento numerológico, o segundo de um conjunto de três que se dão no mês de Julho, um portal de energia muito sublime.
Repare que estamos a viver um ano de energia 7, que nos é dado pela soma dos algarismos de 2014 (2+0+1+4=7), e que estamos também no mês de Julho, o mês 7. Agora atente ao dia, 16, que se somarmos os seus algarismos, voltamos a obter 7. Neste mês, tivemos outra data em 7, o próprio dia 7, e iremos ter outra, o dia 25 (2+5=7). Coincidência não será certamente, apesar de que de nove em nove anos temos também portais de número 7, e todos os anos temos igualmente portais com outros números. Contudo, a questão aqui está em dois pontos. O primeiro, pelo facto de coincidir exactamente com o ingresso de Júpiter em Leão, e o segundo, pelo facto de ser o número 7, um número de grande magia.

O número 7 é o número que nos leva à ligação entre o céu e a terra, entre o mundo divino e o mundo físico, a soma do 3 com o 4. Curiosamente, o glifo (o símbolo) de Júpiter tem uma ligação interessante com este tema, na medida em que ele contém o crescente de expansão sobre a cruz da matéria, o que simboliza a recepção da consciência no mundo físico sobre o que existe para além dele.
Mais importante do que explicar tudo isto, é permitir que cada um viva e sinta, não só estas palavras, mas, principalmente, o que a sua intuição lhe diz e o que o mundo à sua volta lhe transmite. Este mês de Julho tem mais movimentos importantes e alguns impulsos energéticos, como é o caso de Saturno sair do seu movimento retrógrado, de Marte entrar no signo de Escorpião ou, como irei explorar brevemente num outro artigo, Úrano entrar em movimento retrógrado, que funcionam como um todo, num sistema que há muito tempo está a trabalhar com o propósito de evoluirmos enquanto seres de Luz que vêm à Terra cumprir um propósito.
Com Júpiter em Leão, o que está em causa não é a vitória ou o sucesso, mas sim quem estamos a ser e quem queremos ser daqui para a frente. Manter a vitimização, a projecção da culpa no outro e no mundo, ficar à espera que as soluções venham ter ao colo ou que o mundo mude não é, de todo, o caminho a percorrer. Há que mudar a atitude, transformar os factores, manter o optimismo, ir à luta, ser determinado e tornar os problemas em combustível para poder assumir o verdadeiro Eu
Sobre este tema, poderá também aceder a estes links:
- Palestra – O Labirinto do Eu – gravação audio da palestra que dei no passado dia 26 de Junho de 2014
- Emissão 16 do programa de rádio Contrato Cósmico – gravação audio que foi para o ar no dia 13 de Julho de 2014